"Vamos preparar técnicas de salvaguarda, mediação cultural, projetos com os calceteiros, que são os detentores do saber, para podermos manter esta arte e ofício vivos, para que não se perca", explicou Sara Canavezes, técnica do departamento de Cultura do município responsável pelo projeto.
O processo de preparação do dossiê de candidatura, que vai decorrer durante um ano, foi hoje apresentado publicamente, numa conferência com a presença da equipa de oito calceteiros da Câmara do Funchal, que é a maior da região autónoma.
"São muito poucos para a quantidade de calçadas que temos, mas é uma arte que não queremos deixar perder e que já existe desde o início da vila do Funchal [no século XV] até ter passado para cidade", explicou Sara Canavezes.
A calçada madeirense é elaborada com pedras recolhidas na orla marítima e nas ribeiras locais, incluindo na ilha do Porto Santo, de onde é oriundo o calcário recifal, vulgarmente conhecido por calhau branco.
A autarquia iniciou, em novembro de 2024, o levantamento detalhado da calçada madeirense em espaços públicos e visitáveis nas dez freguesias que compõem o concelho, o mais populoso da Região Autónoma da Madeira, entre arruamentos, jardins, parques, quintas e museus, tendo já sinalizado 72 pavimentos.
A inscrição da calçada madeirense no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial, tutelado pelo instituto Património Cultural, visa "documentar e proteger" as técnicas e os saberes que fazem parte do ofício, bem como "garantir a sua transmissão às gerações futuras".
O projeto é liderado pela Câmara Municipal do Funchal em parceria com a Direção Regional de Cultura da Madeira, a Universidade de Aveiro e a Associação Acordo Heróico.
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