O diretor do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), Joaquim Caetano, manifestou interesse na tela, ao semanário Expresso, que avançou a notícia, e afirmou que pretende participar no leilão.
A leiloeira francesa Artèncheres refere que a tela fez parte de uma exposição em 1824, em Paris, contudo "fora do catálogo". Nesta exposição, a tela "A Morte de Camões" valeu a Domingos Sequeira (1768-1837) a Medalha de Ouro.
A Artèncheres afirma que a tela 'Descanso em fuga para o Egito' "é uma redescoberta importante, pois, como atesta a data, é a segunda tela conhecida da época da estadia [do pintor] em Paris" e foi citada num catálogo da exposição "Sequeira Um Português na Mudança dos Tempos" que esteve patente no MNAA, em 1987.
A Artèncheres afirma que "a tela é coberta por uma rede de finas fissuras em toda a sua superfície", acrescentando que "estas provocaram, em certas ocasiões, uma retração da camada pictórica, favorecendo a criação de pequenas ranhuras (nomeadamente na parte superior esquerda) que foram preenchidas de forma bastante desajeitada por um restauro antigo, provocando assim alguns ligeiros retoques".
A leiloeira realça que "esta pintura, nunca antes vista no mercado, é um exemplo notável da ternura de um sentimento religioso apaixonado, tingido de uma emotividade completamente romântica".
Em 1824, Domingos Sequeira, defensor do ideal liberal, instalou-se em Paris, depois da intentona "vilafrancada", liderada pelo infante Miguel, em 1823.
Esta não é a primeira tela de Domingos Sequeira à venda no estrangeiro, em tempos mais recentes. Em 2023-2024, uma outra obra do pintor esteve envolvida em polémica. Trata-se de "Descida da Cruz" (1827) que foi autorizada pela então Direção-Geral do Património Cultural a sair do país, contrariando pareceres de especialistas.
O quadro esteve à venda na Feira de Arte e Antiguidades da European Fine Art Foundation (TEFAF), em Maastricht, nos Países Baixos, tendo sido adquirido, em março do ano passado, pela Fundação Livraria Lello, que decidiu expô-lo no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, onde se encontra.
A Museus e Monumentos de Portugal - Entidade Pública Empresarial, contactada pela agência Lusa sobre o interesse na obra, respondeu que "não tem comentários a fazer até à conclusão do leilão".
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