Em entrevista à Lusa, o diretor artístico e de produção do Festival Músicas do Mundo (FMM) reafirma a urgência de celebrar a diversidade.
Na 25.ª edição, que vai acontecer de 18 a 20 de julho na aldeia de Porto Covo e de 21 a 26 na cidade de Sines, Carlos Seixas não quer olhar para trás: "Olha-se sempre para a frente, para o futuro."
A programação do festival, hoje divulgada, continua "a percorrer o mundo, a mostrar outras músicas, aquelas que às vezes são completamente esquecidas ou pelo menos não são celebradas em palcos como Sines".
Os nove dias de festival vão oferecer 48 concertos, que levarão a Porto Covo e Sines músicos de 35 países e territórios.
Sobre o apelo à criação de novos públicos - deixado, na sessão de apresentação da programação deste ano pelo atual presidente da Câmara Municipal de Sines, que organiza o festival -, Carlos Seixas entende-o como "no sentido de que não se perca a identidade do festival".
Até porque tem visto "renovação" no público que se junta ao FMM anualmente. "As pessoas que vêm já não são os pais, já são os filhos", nota, classificando o festival como "intergeracional", mas que atrai "gente relativamente jovem".
Carlos Seixas considera que "há uma juventude cada vez mais sedenta de ver, com curiosidade, com espírito crítico também", disposta a receber o que não conhece e a aceitar outras culturas.
O FMM é organizado pela Câmara Municipal, que, à altura da primeira edição, em 1999, estava nas mãos do PCP. Agora, o socialista Nuno Mascarenhas está no seu último mandato e há eleições em setembro.
"A câmara é que vai decidir, os autarcas que vêm, os eleitos que vêm decidirão se querem continuar com o festival ou não e, naturalmente, se querem continuar com a mesma equipa", relativiza Carlos Seixas.
"O tempo o dirá. Neste momento estamos focados na 25.ª [edição], há que celebrar e continuar a lutar", centra.
No sábado, serão conhecidos os Iberian Festival Awards. "Já ganhámos muitos, naturalmente estamos sempre com vontade de ganhar mais", admite Carlos Seixas.
"Os prémios são importantes, mas não é por causa dos prémios que não deixamos de continuar", ressalva.
Julieta Venegas (México), Max Romeo (Jamaica), Orchestra Baobab (Senegal), Rokia Traoré (Mali), The Mistery of the Bulgarian Voices (Bulgária), Youssou N'Dour (Senegal) e 47Soul (Palestina) são os nomes destacados pela organização, na nota de imprensa, que assinala também a estreia de músicos de Bolívia, Gabão, Guatemala, Jordânia, Indonésia (Java) e Somalilândia.
Seguindo o lema 'Música com espírito de aventura', o espaço de língua oficial portuguesa volta a ter uma presença relevante, com Bia Ferreira, Gabriela Leite, Luca Argel e Nação Zumbi (Brasil), Bonga (Angola), Fidju Kitxhora, Fidjus Codé di Dona e Fábio Ramos (Cabo Verde), Roberto Chitsonzo (Moçambique) e Umafricana (Guiné-Bissau).
Portugal estará representado por Ana Lua Caiano, Bateu Matou, Capicua, Lena d'Água e Miss Universo.
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