Brasil em destaque nas exposições dos Encontros de Fotografia de Arles

Trabalhos de artistas brasileiros estão em destaque na 56.ª edição Encontros de Fotografia de Arles, no sudeste de França, que decorre entre 7 de julho e 5 de outubro com o tema "Imagens Indecisas".

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Lusa
20/03/2025 17:10 ‧ ontem por Lusa

Cultura

Fotografia

Num total de 46 exposições no âmbito da Temporada Brasil-França 2025, que celebram a riqueza artística da América Latina, são abordados temas desde as favelas do Brasil à máfia siciliana e aos povos indígenas da Austrália, a edição deste ano tem como objetivo "dar voz a todos" através de imagens com "diferentes perspetivas", de acordo com o diretor dos Encontros, Christoph Wiesner.

 

"Da Austrália ao Brasil, passando pela América do Norte e pelas Caraíbas, numa altura em que o mundo é abalado pela ascensão do nacionalismo, do niilismo e das crises ambientais, as fotografias expostas oferecem um contraponto essencial ao discurso dominante, celebrando a diversidade de culturas, géneros e origens", disse Christoph Wiesner, defendendo a fotografia enquanto instrumento de resistência.

Com curadoria de Thyago Nogueira, do departamento de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles, em São Paulo, e editor-chefe da revista ZUM, a exposição "Futuros Ancestrais", que se foca na memória e identidade, são apresentados trabalhos de artistas brasileiros contemporâneos que "denunciam a violência histórica contra a comunidade afro-brasileira, indígena e LGBTQIA+", segundo o comunicado de imprensa.

Esta exposição conta com trabalhos de Igi Lola Ayedun, Denilson Baniwa, Castiel Vitorino Brasileiro, Rafa Bqueer, Yhuri Curz, Mayara Ferrão, Coletivo Lakapoy, Paulo Nazareth, Melissa Oliveira, Lincoln Péricles, Ventura Profana e Glicéria Tupinamba.

"Artistas que, por meio da fotografia, do vídeo e da colagem, lidam com o Brasil contemporâneo reinterpretando os seus arquivos e tradições visuais", segundo Thyago Nogueira, que acrescentou que estes questionam e desafiam "a construção de estereótipos e a história oficial do país".

Já na exposição de Helouise Costa e Marcella Legrand Marer "Construção, reconstrução, desconstrução", é abordada a fotografia moderna brasileira 1939-1964, que conta com trabalhos  de 33 fotógrafos de diversas origens como Julio Agostinelli, Geraldo de Barros, Chico Albuquerque, Marcel Giró e Gertrudes Altschul.

"Apresenta a fotografia modernista brasileira sob o prisma da produção do Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB, fundado em 1939), um clube de fotografia amador de São Paulo que se firmou como berço de práticas e pesquisas inovadoras, revolucionando a fotografia brasileira e promovendo sua globalização e institucionalização", segundo as curadoras.

Em Arles estará também uma exposição do projeto "Retratistas do Morro", resultante do trabalho de curadoria e investigação do artista visual Guilherme Cunha, iniciado em 2015 sobre o acervo dos fotógrafos João Mendes e Afonso Pimenta, os "Retratistas do Morro", construído nos anos de 1960 a 1990.

Este acervo reúne mais de 250 mil imagens do quotidiano das favelas da comunidade da Serra, em Belo Horizonte, Minas Gerais, captadas ao longo de quase 30 anos. Segundo o curador, responsável pela "preservação da historicidade" desta coleção, cada exposição do projeto reflete "as transformações no modo" como é possível olhar "para este património cultural".

"As imagens produzidas por Afonso e João revelam outras versões da história das cidades e das populações de favela no Brasil, contadas a partir das experiências, da realidade familiar, de acontecimentos, como casamentos, nascimentos, batizados, jogos de futebol, velórios, formaturas, bailes, construções de barracos", disse o curador, citado na apresentação publicada no 'site' da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

"São momentos intimistas e, ao mesmo tempo, tão comuns que representam parte importante da narrativa brasileira: a forma de existir e resistir perante à invisibilidade social presente nas comunidades das grandes metrópoles". Assim, segundo Guilherme Cunha, a evidência da exposição atravessa "as fronteiras de Minas Gerais expandindo-se à realidade de todas as favelas do país".

Após um recorde de 160.000 visitantes em 2024, os Encontros de Fotografia de Arles, este ano, para "explorar a imagem sob uma forma polifónica", mostram igualmente trabalhos mais intimistas dos fotógrafos norte-americanos Nan Goldin e Louis Stettner, assim como trabalhos da fotojornalista italiana Letizia Battaglia, que morreu em 2022, conhecida pela documentação dos crimes da máfia siciliana.

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