Escritores são "cereja no topo do bolo" da promoção da leitura em escolas
A presença de escritores nas escolas é "a cereja no topo do bolo" da promoção da leitura, mas é preciso uma estratégia, afirmou hoje Lúcia Barros, da Rede de Bibliotecas Escolares, no Encontro de Literatura Infanto-Juvenil da Lusofonia, no Estoril.
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Cultura Lúcia Barros
Os debates deste encontro, promovido pela Fundação O Século, iniciaram-se hoje, com uma mesa sobre o papel das bibliotecas escolares e dos escritores na promoção do livro e da leitura junto dos estudantes, com a participação dos escritores António Mota, Clóvis Levi e da professora bibliotecária Lúcia Barros.
O objetivo é "levar a literatura para a sala de aula", o que implica planeamento e o envolvimento de vários parceiros na promoção da leitura literária, afirmou Lúcia Barros.
Nesta equação entram professores, famílias e escritores, que dedicam parte do tempo a visitas, encontros e sessões de leitura com estudantes.
No debate de hoje, Clóvis Levi, escritor e professor brasileiro, afirmou que, por vezes, os escritores são "pessoas perigosas" no contacto com os alunos: "Propomos coisas que levam o estudante a pensar, a duvidar, a contestar. A leitura faz o menino mais esperto, não necessariamente mais culto, e fortalece o poder de fantasiar".
Já António Mota, com a experiência de 36 anos de visitas regulares a escolas, alertou que um autor "tem dois minutos para conquistar uma plateia", dando a entender que o contacto é quase sempre recompensador, mesmo que haja cansaço na exposição pública.
À agência Lusa, Lúcia Barros afirmou que a Rede de Bibliotecas Escolares - que está a celebrar 20 anos - tem uma boa implantação e "têm sido feitos muito progressos", mas "ainda há falta de sensibilidade geral dos professores para a leitura literária".
De acordo com dados de 2015, disponibilizados na página oficial na Internet, a Rede de Bibliotecas Escolares conta com mais de 2.400 bibliotecas em escolas do ensino básico, secundário e profissional, abrangendo mais de 900.000 alunos.
Em termos geográficos, Lisboa, Porto e Setúbal são os distritos que registam um maior número de bibliotecas implantadas em escolas. Bragança, Guarda, Portalegre e Vila Real são os distritos do continente com a menor presença de bibliotecas em ambiente escolar.
"Não basta às escolas terem a biblioteca, é preciso dinamizá-la", disse aquela professora bibliotecária.
O Encontro de Literatura Infanto-Juvenil da Lusofonia começou na segunda-feira, com a ida de escritores a escolas da região de Lisboa, prosseguindo hoje e sexta-feira com debates.
Entre os convidados estão Marina Colasanti (Brasil), Olinda Beja (São Tomé e Príncipe), Maria Celestina Fernandes (Angola) e autores portugueses como Margarida Fonseca Santos, Luísa Ducla Soares, José António Gomes, António Mota, Mário de Carvalho, Afonso Cruz, André da Loba e Rachel Caiano.
A circulação do livro no espaço lusófono, a relação entre imagem e texto, aprender o gosto pela leitura e o trabalho das bibliotecas escolares estarão em discussão naquele encontro.
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