Amarante tem presépio esculpido em madeira por carpinteiro de urnas

Quem por estes dias visita Amarante encontra um presépio com peças esculpidas em madeira de freixo, em tamanho natural, pelo engenho e arte de um carpinteiro habituado a fazer urnas funerárias.

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© Youtube/José Vinhós

Lusa
21/12/2016 11:18 ‧ 21/12/2016 por Lusa

Cultura

Natal

 

"Eu faço isto por brincadeira", contou Carlos Costa, de 49 anos, para quem a escultura em madeira não vai além de um passatempo.

O dia-a-dia de labuta, contou à Lusa, passa-o a cortar madeira para ser usada no fabrico caixões, num concelho que tem tradição naquela indústria e onde muita gente se dedica ao ofício.

Esculpir madeira é algo mais especial e alegre, contou, rindo, recordando que faz aquele tipo de peças desde a juventude.

"Lembro-me de ter 18 anos e de ir para o monte ajudar o meu pai a tomar conta dos animais. Enquanto pastavam, ia fazendo alguns trabalhos com uma pequena navalha", disse.

Há dez anos, fez a imagem da Senhora das Neves, começando então a burilar figuras religiosas.

Também desde novo, prosseguiu, gostava de apreciar presépios nas redondezas de Amarante e Celorico de Basto, que ia visitando. Há meses, lembrou-se de associar as duas paixões e partir para o trabalho que agora exibe, orgulhoso, no centro da sua cidade.

"Foi um desafio que coloquei a mim próprio. Queria ver se era capaz, e pus mão à obra", contou.

Durante cerca de seis meses, na sua oficina, improvisada na adega da casa, nas serranias da Meia Via, começou a dar forma de figuras de presépio, com extraordinária minúcia, a um troco de freixo que o próprio cortara no seu terreno, usando formões, plainas, machados e outras ferramentas.

"Só faço isso nas horas vagas", reafirmou.

As expressivas imagens de José e Maria, expostas no Largo de Arquinho têm, cada uma, mais de 1,60 metros de altura. O Menino Jesus tem quase 60 centímetros. As três peças, no conjunto, pesam mais de 200 quilogramas. José, o mais volumoso, pesa 124.

"O meu sonho era fazer peças grandes, quase de tamanho natural", rematou.

Há meses, numa feira realizada na sua aldeia de Rebordelo, onde expunha o seu presépio pela primeira vez, o presidente da Câmara de Amarante conheceu, espantado, o trabalho daquele conterrâneo. Foi assim que surgiu o convite para apresentar as peças, por altura do Natal, no centro da cidade.

Meses depois, em plena praça, o sucesso tem sido grande, provocando espanto aos residentes e aos turistas que patenteiam a mestria do carpinteiro que, por estes dias, já trabalha, em madeira de amieiro, numa imagem de S. Gonçalo, padroeiro da cidade, com mais de meio metro de altura.

 

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