O dramaturgo alemão Bertolt Brecht e o poeta português Herberto Helder são os autores escolhidos pela companhia sediada nas Caldas da Rainha para a sessão que assinalará, no próximo dia 27, o Dia Mundial do Teatro.
Mas como o Teatro da Rainha entende que "os dias mundiais são convenções que, dependendo das circunstâncias, são manifestações mais festivas, ou puras formas de resistência", a companhia defendeu hoje, em comunicado, que, na data, "não se pode ignorar" "uma regressão do espaço de exercício da sua [do teatro] força institucional", "estando por assim dizer acantonado".
Por um lado, o teatro voltou a "exercer-se em circuitos alternativos e marginais" e, por outro, "com a austeridade, novas formas de censura das liberdades do teatro surgiram", considera a companhia, aludindo aos "cortes", à "censura económica" e aos "muros" que limitam esta arte.
O Estado "nunca assumiu uma política cultural como componente da democracia, tal como em outras áreas, da educação à saúde", lamentou o Teatro da Rainha lembrando que "os meios de produção e financeiros são limitados", e que o modelo organizativo das companhias é muito antigo, "é de quinhentos e, por muito que se tenha adaptado aos tempos atuais, vive ainda muito de uma impossibilidade de dialogar com o teatro como um todo".
Para a companhia, num país onde ainda não se cumpriu "o enraizar o teatro na nossa democracia, na nossa cultura nacional, com a sua diversidade e pluralidade identitárias e constitutivas", falta fazer "o combate pelo teatro adulto de uma democracia adulta", percorrendo o caminho "de uma democracia mais funda e aberta, plural, mais livre e mais culta, de uma democracia verdadeiramente cultural e laica".
A sessão de poesia com que o Teatro da Rainha assinala o Dia do Teatro, 27 de março, na próxima semana, terá início às 21:30, na Sala Estúdio onde será também interpretada música para teatro.