Em declarações hoje à Lusa, Pedro Reis revelou que a música e o interesse pelo clarinete surgiram na sua vida "por acaso".
"Um dia, uma amiga minha convidou-me para assistir a um ensaio da banda musical para ver se gostava e, de facto, gostei, experimentei e acabei por ficar", afirmou.
Há quatro anos a tocar clarinete, o jovem músico "nunca" imaginou ganhar um prémio nacional, muito menos internacional.
Desde outubro do ano passado, Pedro Reis concilia, aos sábados, os ensaios na Banda Musical de Parafita, em Montalegre, com aulas na Academia Valentim Moreira de Sá, em Guimarães.
O professor e clarinetista, Vítor Matos, descobriu-o num concerto da banda, reconheceu-lhe talento e decidiu trabalhar com ele.
Depois de quatro meses de trabalho em conjunto, Vítor Matos desafiou-o a participar no concurso internacional com grau de dificuldade "elevado".
"Quando o professor me convidou a ir à República Checa, fiquei muito contente e aceitei logo, mas ele disse-me que o importante era ganhar experiência", avançou o jovem músico.
Pedro Reis realçou que uma semana na República Checa não lhe permitiu conhecer o país devido à exigência dos ensaios, mas trouxe na bagagem "muita experiência".
No dia de subir ao placo, o jovem estava "muito nervoso e preocupado", mas quando começou a atuar "o nervoso miudinho desapareceu".
Sem perspetivas de ganhar, Pedro Reis assumiu que, na hora de anunciar os vencedores, até estava "meio distraído", mas quando ouviu o seu nome ficou "admirado, emocionado e muito feliz".
"Liguei logo aos meus pais. A minha mãe ficou surpreendida, mas muito contente", disse. E, acrescentou, "foi uma experiência muito positiva. Nunca imaginei vir de lá com um prémio".
Por vontade própria, Pedro Reis ensaia duas horas por dia em casa, num clarinete recebido em dia de aniversário.
O professor, Vítor Matos, caracterizou o jovem como "inteligente, aplicado e criativo", pelo que "tem todas as possibilidades para ter sucesso".
O concurso, explicou, é exigente, tem jovens muito bem preparados e um júri "super" habilitado.
Apesar de trabalhar com ele há pouco tempo, Vítor Matos "correu o risco" de levar Pedro Reis ao concurso internacional porque "faz coisas fantásticas e tem imensas capacidades".
"Sempre acreditei que o Pedro fosse ganhar algum prémio", afiançou.
Este reconhecimento, entendeu, projeta o Pedro, Montalegre e o país.
Vítor Matos realçou ainda o papel das bandas musicais espalhadas pelo país que revelam "grandes talentos" e fomentam a cultura musical em regiões afastadas dos grandes centros.
O maestro da Banda Musical de Parafita, António Coelho, encarou o prémio como "prestigiante e uma mais-valia para projetar o nome da escola".
E, lamentou o músico, "é pena a população não reconhecer a excelência da banda e a juventude não se envolver mais neste projeto".