Esta quinta-feira foi um dia importante no universo leonino: realizou-se uma reunião de urgência entre os órgãos sociais do Sporting, que terminou com Jaime Marta Soares a anunciar uma assembleia de destituição de Bruno de Carvalho.
Mais tarde, após a informação ter sido divulgada, o presidente do emblema verde e branco falou à comunicação social no auditório Artur Agostinho.
O Desporto ao Minuto esteve a ouvir e juntou as frases mais marcantes do discurso do presidente do Sporting.
"Quero dizer que hoje é um dos dias mais tristes que vivi no Sporting. Cada derrota, não conquista... quem me conhece bem sabe que isso é muito marcante para mim, mas o que ocorreu hoje foi o dia institucional mais triste da minha vida. Nós pedimos várias vezes à mesa da Assembleia Geral do clube, do Conselho Fiscal e Disciplinar para que não fizessem o que fizeram hoje. Nós explicámos aquilo que é do conhecimento público, que isto colocará em causa o empréstimo obrigacionista que seria realizado no final deste mês e no próximo. Com isto não quero dividir os sportinguistas, só quero dizer a verdade do que se passou nestas duas reuniões, eles não foram minimamente sensíveis ao Sporting nem a SAD, nem aquilo que são os interesses dos acionistas e dos obrigacionistas que deram um voto de confiança muito grande a esta direção, quando ainda aprovaram há pouco tempo a dilatação do prazo do empréstimo obrigacionista, passando para novembro".
"A mesa da Assembleia Geral e Fiscal estava decidida e não havia nada que a pudesse [fazer] mudar [de ideias]. Não havia nenhum interesse do Sporting que os pudesse demover. Relembro que isto coloca em causa a preparação da próxima época, a venda de jogadores, em colocar por escrito a nova restruturação financeira... E isto tudo por... nada. Esta direção tentou de tudo. Nós inclusivamente pedimos que nos dessem as razões pelas quais nos devíamos demitir, que saíssemos da sala e falássemos dessas razões para tomarmos as devidas decisões. Foi-nos dito que não queriam entrar em discussões e não queríamos isso. Queríamos falar, mas isso foi-nos negado. Não é assim que se lida com assuntos desta gravidade, da queda de uma direção. Vou voltar a repetir, nós estávamos disponíveis para falar e eles não quiseram. Recebemos uma proposta deles, para que nos mantivéssemos no poder nos próximos 60 dias e aí haveria novas eleições. Depois dávamos a palavra aos sócios. Estava pedido por nós uma Assembleia Geral aos sócios - que são o maior património. Esta direção tinha feito esse pedido antes da primeira reunião. Iamos discutir com os sócios os recentes acontecimentos sem chegarmos a isto. Não conseguimos demovê-los, logo decidimos colocar nova proposta em cima da mesa... que nos próximos dias pudessem falar com toda a estrutura do clube e se houvesse algum indício de algo numa data que quisessem podíamos falar sobre o assunto novamente, a bem do Sporting".
"Para nós, seria melhor irmos embora e deixarmos tudo em causa, mas não foi para isso que fomos eleitos. Há três meses, dissemos que quem não está satisfeito que se demita. É legítimo para eles não estarem na mesma maré que nós, mas não é legítimo coagirem a direção. Se as pessoas já não acreditam que façam eleições para os seus órgãos".
"O que foi dito por Jaime Marta Soares está cheio de irregularidades e acredito que isto não vai acontecer [a destituição da direção], além disso não vimos as ditas assinaturas. O que Jaime Marta Soares fez foi lançar uma autêntica bomba atómica. Esta bomba atómica será desfeita por nós o mais rapidamente possível. Isto serviu apenas para espalhar o pânico. Agora, as pessoas pensam que os jogadores podem rescindir assim do nada, mas não é assim que funciona. Isto é inacreditável. O que aconteceu foi penoso. Nós continuamos aqui em nome do Sporting e tentamos evitar esta situação".
"Quando chegámos ao Sporting tínhamos um balneário inteiro que queria rescindir, ou já não se lembram? Os jogadores tinham salários em atraso. Nós tínhamos o nome do Sporting de rastos aos olhos de toda a gente e conseguimos resolver as coisas, mas agora tentam-nos meter nesta situação? Não merecemos".
"No processo das agressões aos jogadores, nunca apareceu o meu nome. Não há indício de nada nem ninguém e eu e a minha família ouvimos todos os dias que vamos ser presos".
"Um ato criminoso não pode dar nisto [queda da direção], nós temos de deixar a polícia tratar das suas investigações. O quê? Uma pessoa que vai dar uma entrevista por dinheiro? É verdade que há muita poeira no ar, mas é preciso calma".
"Eu apareço em todas as capas do Correio da Manhã, apareço em todas! Nem o Golden Boy apareceu em tantas. Os sportinguistas que percebam que é um ataque ao poder o que tem acontecido nos últimos dias. Isto é um atropelo a tudo e nós rapidamente iremos informar os sportinguistas de todos os atropelos".
"Por que é que foi preciso todo este espetáculo da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal e Disciplinar, quem está por trás disto tudo? Porquê?"
"Prometemos aos sportinguistas que não vamos deixar que tomem o Sporting de assalto e que advogados e outras gentes venham prejudicar o clube outra vez. Num cenário de guerra nunca se abandona os companheiros e se muda para o inimigo".
"Houve muito Sporting, ganhámos em várias modalidades, lutámos por títulos europeus. Estamos bem. No entanto, agora só há um objetivo... derrubar o presidente e a direção. Não venham dizer que somos o porta-voz do Saddam Hussein, escondidos num bunker, a ouvir-se bombas lá fora e a fingir que não se passa nada. Aquilo que nós sabemos é que se estes senhores não tivessem dito estas coisas daqui a duas semanas estávamos muito bem. Não há novidades, é só mentiras atrás de mentiras nos jornais".
"Nós vamos fazer sessões de esclarecimento aos sócios do Sporting e não assembleias. Nós não somos autistas e percebemos as coisas, queremos esclarecer as pessoas. Os sportinguistas estão frustrados essencialmente pelos recentes resultados e não me refiro ao jogo da Taça de Portugal. No entanto, digo que esta situação foi ouro sobre azul para os nossos rivais - a impossibilidade de nos reforçarmos porque estamos fragilizados e a impossibilidade de termos dinheiro para gastar -, mas temos sido uns autênticos leões na proteção do clube, sem dúvida alguma".