Cristian Ponde chegou às camadas jovens do Sporting em 2006. 'Aterrou' em Lisboa com rótulo de uma jovem promessa e no clube todos lhe auguraram um futuro promissor. O avançado trilhou um trajeto ascendente até 2014, altura em que esteve parado seis meses, devido a uma cirurgia ao ligamento anterior do joelho direito. Uma lesão que acabou por marcar a sua carreira num momento crucial.
Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o avançado, agora com 24 anos, falou sobre a mudança para a Academia Sporting, ainda com 10 anos, do seu trajeto, da lesão e da saída para a Ucrânia, para onde foi com o objetivo de 'relançar' uma carreira que, em breve, pode voltar a passar por Portugal.
Como é que o futebol surgiu na tua vida?
O meu primeiro contacto com a bola foi bastante engraçado. Comecei a jogar futsal, logo desde muito pequeno e, a certa altura, decidi experimentar o futebol no Olhanense. Acabei por ficar.
Começaste na formação do Olhanense, como é que surgiu a mudança para o Sporting?
Passado uma época a jogar no Olhanense surgiu o interesse do Sporting. Eu marcava muitos golos e um olheiro - Edgar Jaques - abordou o meu pai, no final de um jogo.
Tinhas 10 anos quando foste para o Sporting. O que é que isso representou para ti?
Para mim? Bem, para mim, foi um sonho. Era um sonho representar um dos grandes clubes do futebol português.
Foi fácil essa nova realidade?
Nem tudo foi fácil, confesso. Tive de me mudar e começar a viver na Academia do Sporting, longe da minha família e dos amigos, que estavam no Algarve. A mudança é sempre complicada.
Sentiste algum tipo de pressão por estares a integrar a formação de um dos três grandes clubes de Portugal?
Pressão nunca senti, até porque estava num sítio onde gostava de estar e onde as pessoas também gostavam de mim.
Como foi o teu processo de evolução nas camadas jovens do Sporting?
Foi sempre positivo, até porque jogava sempre e era uma aposta na Academia do Sporting para o futuro.
Aos 15 anos ganhaste um prémio de mérito na escola, como é que dividias o foco entre a escola e o futebol?
Era fácil, como vivia na Academia tínhamos uma rotina muito controlada. Quase não tínhamos tempo livre. Quando não estávamos a treinar, estávamos na escola. Algumas tardes livres que tínhamos durante a semana eram ocupadas com treinos específicos e com salas de estudo.
Na temporada 2012/13, estiveste sob o comando de Abel Ferreira. Como é que era ele enquanto treinador e que tipo de evolução tiveste ao trabalhar com ele?
O Abel Ferreira era um treinador que gostava de meter a equipa a jogar um bom futebol e, acima de tudo, percebia as minhas qualidades e como poderia ajudar a equipa da melhor forma. Ele colocava-me sempre perto da baliza, porque o meu forte sempre foi a finalização.
[Ponde mudou-se para o Karpaty, a título definitivo, na última temporada.]© Twitter
Sentias que seria um treinador que ainda ia dar cartas no futebol português?
Sim. Sempre senti isso pela forma como analisava e preparava os jogos. Ele dava-nos muita informação e, para além disso, muitos pormenores. Quando íamos para o campo, cada um de nós sabia o que tinha de fazer.
Chegaste a ser chamado por Leonardo Jardim, em 2013, para integrar um estágio de pré-época com a equipa principal. O que achas que pode ter falhado para não conseguires um lugar na equipa?
A lesão - um problema no ligamento do joelho direito que terminou numa cirurgia - foi o grande entrave nesse sentido. Aconteceu na altura em que estava melhor e também na minha transição para o futebol profissional. Por causa dessa lesão perdi o mundial de sub-20. São pormenores que, se não tivessem acontecido, provavelmente me teriam levado para outro nível.
Depois disso, a tua estreia na equipa principal acontece em janeiro de 2015, para a Taça da Liga, com o Belenenses, com Marco Silva como treinador. O que é que recordas desse dia?
Recordo que estava ansioso para entrar, queria muito jogar e queria mesmo muito ajudar a equipa.
Estiveste ainda com o Gelson Martins, nos escalões de formação, o que é que nos consegues contar sobre ele?
O Gelson sempre foi muito tímido mas tinha muita qualidade. Pelo forma como jogava, notava-se que chegaria longe. Fazia coisas que mais ninguém conseguia fazer.
Na época passada, mudaste-te para o Karpaty e terminaste, em definitivo, a tua ligação ao Sporting. Como surgiu essa possibilidade? Tinhas mais ofertas em cima da mesa?
Foi uma possibilidade que surgiu através de um treinador português - José Morais. Ele ligou-me e convenceu-me a juntar-me ao projeto.
Como foi mudar para um país diferente, para um futebol diferente? Foi uma decisão fácil?
Foi muito difícil para mim, sentia-me muito sozinho. Foi, possivelmente, a decisão mais difícil da minha vida. Não sabia para onde ia e o que devia esperar... Mas, graças a Deus, a nível profissional correu-me muito bem, que era o principal objetivo.
Como foi a tua adaptação?
Foi complicada no início, sou sincero. Não entendia a língua, mal percebiam inglês, num país difícil e complicado de compreender a forma como trabalham. Mas, no final, habituas-te rapidamente porque fazes o que gostas.
Marcaste oito golos em 22 jogos… Sentes que agora ganhaste o teu espaço?
Sinto que sim, depois da época que fiz sou uma mais-valia para o clube.
Como é que podes definir a importância de Paulo Fonseca no campeonato ucraniano?
A forma como Paulo Fonseca formatou o Shakhtar para jogar fazia-nos lembrar o Barcelona quando jogávamos contra eles. Introduziu a ideia de ataque apoiado no campeonato ucraniano.
Ambicionas um regresso ao futebol português?
Claro que sim, espero que aconteça nesta janela de transferências depois de ter estado uma época fora e ter corrido bem.
Mas existe a possibilidade de regressares a Portugal, ainda neste mercado de transferências?
Pode existir, mas nada concreto ainda. Se gostava? Gostava muito, claro.