Quentin Beunardeau viveu uma situação para esquecer no Desportivo das Aves. Depois de uma época de total afirmação, o guardião francês rescindiu contrato a meio da segunda temporada por força dos salários em atraso. Quatro meses depois de ter tomado a decisão de interromper a ligação contratual com a formação avense, Beunardeau continua na condição de jogador livre mas preparado para o futuro.
Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o guardião de 26 anos garante ter qualidade para jogar em qualquer equipa na I Liga e revela mesmo ter preferência em prosseguir carreirar em Portugal.
Numa conversa integralmente em português, a troca de camisolas com o ídolo Iker Casillas também foi tema de conversa e nem o atual momento do PSG, que tem lugar marcado na final da Liga dos Campeões do próximo domingo no Estádio da Luz, deixou de ser abordado.
Começaram a aparecer problemas no Aves e tive de tomar uma decisão complicada
O que tem feito desde que rescindiu contrato com o Desportivo das Aves? Teremos novidades em breve sobre o seu futuro?
Neste momento continuo a trabalhar com um treinador de guarda-redes para estar bem fisicamente. Estou assim há dois meses e sinto-me preparado para o futuro. Estou nas mãos do meu empresário e resta-me esperar.
Mas deseja continuar em Portugal ou regressar a França?
Agora não tenho um país referência para jogar. Quero um projeto interessante e em que toda a gente do clube confie nas minhas capacidades. Sei que passei por uma situação complicada, mas vou continuar a dar tudo em campo.
Foi uma decisão difícil rescindir contrato com o Aves a meio da época?
Sim, claro que foi. O Desportivo das Aves é um clube que gostei muito de representar e que me deu uma grande oportunidade. Infelizmente, começaram a aparecer problemas no clube e tive de tomar uma decisão complicada. Mas olho para os problemas que têm agora e acho que a minha decisão foi a mais acertada. Antes de rescindir, falei muito com a minha família e com o meu empresário. Penso que rescindi na melhor altura, mas agora só quero olhar para o futuro.
Depois de rescindir, sucederam-se várias rescisões. Esperava que a situação do Desportivo das Aves piorasse ainda mais?
Sim. O Aves é um clube de I Liga e foi complicado para os meus colegas lidarem com aqueles problemas todos. Agora o campeonato acabou e desejo boa sorte a todos eles. Espero que encontrem bons projetos para o futuro.
Durante a sua passagem pelo Desportivo das Aves foi orientado por quatro treinadores (José Mota, Augusto Inácio, Nuno Manta Santos e Leandro Pires). Algum deles o marcou de forma especial?
Foram os quatro muito bons para mim. Todos eles têm uma visão diferente daquilo que é o futebol, mas todas elas são válidas. Vou levar comigo os quatro. Aprendi com todos.
Também foi orientado por Quim, antigo guarda-redes que agora tem funções de treinador. O que é que aprendeu com ele?
Aprendi muito com ele, tal como com os outros. Mas o Quim tem uma grande experiência no futebol português e ajudou-me muito a melhorar em alguns aspetos. Deu-me conselhos importantes.
A imagem que tinha de Casillas foi exatamente a mesma com que fiquei depois de falar com ele
Também teve a oportunidade de se cruzar em campo com o ídolo de infância: Iker Casillas...
Foi muito especial. Quando era miúdo lembro-me que jogava FIFA e a minha equipa era o Real Madrid com o Casillas na baliza. O primeiro jogo que joguei contra ele foi muito especial. Foi na Supertaça e fiquei orgulhoso... É sempre especial jogares contra o teu grande ídolo.
Mais tarde chegou a trocar de camisola com ele...
Sim, tive a oportunidade de trocar duas vezes a camisola com ele. Percebi que era uma pessoa muito boa. A imagem que tinha dele foi exatamente a mesma com que fiquei depois de falar com ele. Falámos um pouco e foi muito importante para mim.
Além do Casillas, que mais guarda-redes gosta de acompanhar?
Gosto muito do Hugo Lloris e do Ter Stegen. Para mim, o Ter Stegen é o melhor guarda-redes do mundo. Tem um jogo de pés muito forte. O Lloris tem tudo para ser um grande guarda-redes.
O quão importante é para um guarda-redes ter bom jogo de pés?
Claro que é muito importante no futebol atual, mas devemos ter cuidado. Quando vi o jogo do PSG contra o Leipzig, o segundo golo deixa bem claro que apenas devemos jogar de pé para pé quando temos segurança para tal. Mas, sim, jogar bem com os pés é uma característica importante para os guarda-redes.
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Encontrou bons guarda-redes em Portugal?
Não vou dizer nomes, mas há muito bons guarda-redes no campeonato. O nível de guarda-redes no campeonato português é bastante bom.
Passou pelas seleções jovens de França. Ainda tem muitas memórias desses tempos?
Foi uma experiência muito boa. Aprendi mais rápido do que a grande maioria dos jogadores. Quando representas uma seleção jogas sempre contra os melhores dos outros países. Tive a sorte de fazer dois Europeus, sub-17 e sub-19, e um Campeonato de Mundo, de sub-17. Foi uma grande experiência e aprendi muito. Foi aí que comecei a perceber o que era o futebol profissional. Além disso, fiz muitos amigos naquela altura. Dos sub-16 aos sub-20 convivi muito com os mesmos jogadores.
O PSG está na final da Liga dos Campeões. Acredita que a equipa francesa pode ganhar esta competição europeia?
Vai ser uma boa final. O PSG tem uma equipa muito boa e recheada de grandes jogadores. Na minha opinião, o PSG pode ganhar, neste momento, a qualquer equipa.
Gostava que a final fosse contra o Lyon, para ser uma final 100% francesa?
Sim, claro! Assim teria a certeza que a Liga dos Campeões seria conquistada por uma equipa francesa. Mas sendo contra o Bayern Munique, também será um grande jogo e espero que no final ganhe a França!
Para fechar, quais os objetivos que traça para a nova época que se avizinha?
Os meus objetivos passam por encontrar um bom clube para dar o melhor seguimento para a minha carreira. Sei que tenho qualidade para jogar. Agora tenho que esperar e estou muito confiante de que vou encontrar a melhor opção. Estou focado em treinar para estar pronto quando o novo desafio chegar.
Continuando ou não em Portugal, ficará sempre um bocadinho português?
Sim, claro! Eu gostava de ficar aqui porque fiz duas épocas muito boas. Gosto de Portugal, mas tudo vai depender do futuro. Sei que tenho qualidade para jogar num grande clube de Portugal.