O futebol português não poderia ter desejado melhor maneira de se despedir do ano civil de 2020. O Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, recebeu, esta terça-feira, um dos mais 'eletrizantes' encontros da temporada, que culminou com o triunfo do FC Porto sobre o Vitória SC, por 3-2.
Os vimaranenses entraram 'a todo o gás' na partida, e quebraram o nulo logo aos sete minutos. Após um passe errado de Matheus Uribe, Rochinha 'disparou' de longe, e a bola embateu em Diogo Leite antes de 'trair' Agustín Marchesín e encontrar o caminho para o fundo das redes.
À imagem de João Henriques, os homens da casa mostraram-se organizados e competentes na pressão, complicando a saída dos campeões nacionais (como demonstrou o lance do golo inaugural), ainda que algo conservadores na hora de partir para o ataque.
As dificuldades dos dragões podiam ter sido ainda maiores, não fosse Hélder Malheiro ter 'perdoado' o segundo cartão amarelo e respetivo vermelho a Romário Baró aos 30 minutos, quando este travou um contra-ataque conduzido por Rochinha.
Este acabaria, de resto, por revelar-se um lance central para o desenrolar da partida. Sérgio Conceição não quis arriscar e retirou o médio para lançar Luis Díaz, que mudaria por completo a dinâmica ofensiva do conjunto azul e branco para melhor.
As oportunidades foram-se sucedendo, e foi com naturalidade que, num dos últimos lances da primeira parte, Mehdi Taremi, assistido por Moussa Marega, fez o gosto ao pé, repondo o empate e abrindo caminho para um segundo tempo igualmente frenético.
Aos 63 minutos, os minhotos voltaram a colocar-se na dianteira do marcador, graças a um cruzamento milimétrico de Ricardo Quaresma para Oscar Estupiñan. A resposta demoraria... dois minutos, o tempo necessário para Luis Díaz ir ao meio-campo contrário assistir para o bis de Mehdi Taremi.
O golo que sentenciou o resultado final teve lugar aos 80 minutos. Luis Díaz, o 'cafetero' que deu uma autêntica 'injeção de cafeína' aos azuis e brancos, aproveitou uma desatenção da defesa adversária para bater Bruno Varela e colocar a 'cereja no topo do bolo'.
O FC Porto termina, assim, o ano civil de 2020 na terceira posição do campeonato nacional, com 25 pontos, menos dois do que o segundo classificado, o Benfica, e menos dois do que o líder, o Sporting. Já o Vitória SC, é quinto, com 19 pontos.
Figura
Mais um jogo, mais uma oportunidade aproveitada da melhor maneira possível por Mehdi Taremi para se cimentar como titular nas contas de Sérgio Conceição. O avançado iraniano foi um dos mais inconformados nos momentos de maior dificuldade do FC Porto, e voltou a demonstrar dotes de 'matador' ao assinar dois golos que valeram três pontos preciosos.
Surpresa
A qualidade de Luis Díaz já não será desconhecida para nenhum adepto do futebol português, mas a forma como este mudou por completo o jogo assim que entrou, aos 31 minutos, para o lugar de Romário Baró, é digna de destaque. Com o colombiano em campo, o FC Porto conseguiu, por fim, aproximar-se com perigo da baliza adversária, e, não só marcou o último golo da noite, como ainda assistiu para o segundo dos dragões.
Desilusão
Romário Baró foi a mais inesperada aposta de Sérgio Conceição em Guimarães, face à ausência de Otávio, mas pouco fez para retribuir a confiança. Viu o cartão amarelo logo aos 12 minutos, por falta sobre André André, e podia (e devia…) ter visto o segundo pouco depois, quando travou um contra-ataque de Rochinha. O treinador do FC Porto recusou arriscar mais e retirou-o de imediato, para lançar Luis Díaz.
Treinadores
João Henriques: Mais uma bela exibição de um Vitória SC que entrou em falso na temporada, sob as ordens de Tiago Mendes, mas que, aos poucos, se tem vindo a reencontrar. A organização dos minhotos colocou o FC Porto em maus lençóis, especialmente, no primeiro tempo. A atacar, 'critério' foi a palavra de ordem, à boleia do pulmão de Rochinha e da irreverência de Ricardo Quaresma.
Sérgio Conceição: O treinador do FC Porto voltou a demonstrar que não tem qualquer pudor em recuar quando o plano não funciona como o pretendido, desta feita ao retirar Romário Baró ainda antes do final da primeira parte, para lançar Luis Díaz. Uma alteração fundamental, que libertaria uma equipa até então excessivamente dependente do jogo longo e aproximando-a da baliza adversária.
Árbitro
A atuação de Hélder Malheiro ficará, indelevelmente, ligada à decisão de não mostrar o segundo cartão amarelo e respetivo vermelho a Romário Baró, quando este travou a saída para o contra-ataque de Rochinha, que promete fazer correr muita tinta. Também na primeira parte, o FC Porto pediu grande penalidade por duas vezes, mas o juiz optou (e bem) por ignorar.