A 29 de setembro de 2009 que os 'tricolores' foram legalmente declarados insolventes e deu-se início a um longo processo de sensivelmente ano e meio.
Com várias fases de negociação, os credores, cerca de 200, acabaram por chumbar a última proposta do plano de recuperação apresentado pelo administrador de insolvência.
As dívidas estavam avaliadas em cerca de 28,5 milhões de euros, enquanto o património do Estrela da Amadora rondava os 5,5.
Perante isto, a única solução foi mesmo de fechar as portas, numa decisão confirmada pela juíza Rute Lopes, que, segundo o acórdão, concluiu que não se mostrava "aprovado o plano de insolvência" por não terem sido reunidos os votos de dois terços do valor total dos créditos reclamados pelos credores.
Nesse ano, o futebol sénior já não existia. A última época de competição tinha sido em 2009/10. A equipa, a militar na então zona sul da II divisão nacional, terminou na 10.ª posição, com 41 pontos e tinha garantida a manutenção.
Nas suas fileiras, contava entre outros com Abel Camará, emprestado pelo Belenenses e hoje ao serviço do Mafra, Filipe Martins, atual treinador do Casa Pia e um nome que se viria a tornar sonante na época seguinte: Bebé.
O então jovem jogador das tranças, que hoje defende as cores dos espanhóis do Rayo Vallecano e foi campeão pelo Benfica (2014/15), viajou até Guimarães e de lá 'saltou' para os ingleses do Manchester United, onde venceu a Premier League, numa transferência, que segundo a imprensa, terá rondado os 10 milhões de euros.
Um valor que seria uma enorme ajuda para os tricolores se o futebol existisse e se Bebé tivesse permanecido por lá. Contudo, a vida não é feita de 'ses' e o Estrela da Amadora passou por uma longa travessia do deserto.
Apostou apenas nos escalões de formação. O Estádio José Gomes foi-se degradando, embora ainda tivesse sido utilizado pelo Atlético Clube de Portugal, em 2011/12, então na II Liga.
Entretanto, renascera o alicerce que se revelou fundamental para que o futebol continuasse na Amadora.
Em 28 de setembro de 2011, foi fundado o Clube Desportivo Estrela, mas a competição 'mais a sério' só viria a acontecer na temporada 2018/19, na Série 2 da 1.ª divisãoda AF Lisboa. Curiosamente, o Belenenses, já separado da sua SAD, defrontou os tricolores. O Estádio José Gomes teve uma enchente das antigas. O jogo terminou com uma igualdade sem golos.
A fazerem pela vida, os 'tricolores', com o desejo de voltar ao patamar mais alto do futebol português, foram procurando soluções até que no último verão as estrelas se alinharam. A fusão com o Sintra Football deu origem a uma SAD com o nome Clube Football Estrela.
As cores e o símbolo são os mesmos do clube que tinha sido fundado em 1932.
Atualmente, o clube lidera a Série G do Campeonato de Portugal, com 36 pontos, em 14 jogos, fruto de 11 vitórias e três empates. Aliás, nesta temporada, só foi mesmo desfeiteado pelo Benfica (4-0), nos oitavos de final da Taça de Portugal.
André Geraldes, que já esteve no Sporting e no Farense, é o presidente desta SAD e garante que "o Estela está vivo e está vivo desde 1932".
"O Estrela nunca morreu. Não é um número de contribuinte fiscal que vai fazer desaparecer a história do Estrela da Amadora", afirmou.
Segundo André Geraldes "o projeto é pujante e excedeu as expetativas", na medida em que procuram criar um equilíbrio entre o bem-estar dos jogadores e o equilíbrio desportivo.
"Chegámos aqui e não vamos voltar para trás. Nas minhas estruturas, só podemos pensar em ganhar. Essa mentalidade tem sido transportada para o plantel e equipa técnica. Os jogadores têm bebido dessa ideia. É verdade que chegámos aqui sem derrotas, mas ainda não ganhámos nada. Mais cedo que tarde, gostaríamos de ver o Estrela da Amadora entre os maiores do futebol português outra vez", afiançou.
Quando forem concluídas as oito jornadas que faltam para o campeonato, seguir-se-á a fase que determina quem ascende à II Liga.
"Vamos fazer tudo para chegar ao final deste campeonato com o melhor resultado possível. Gostaríamos de estar na próxima época na II Liga, mas há um percurso muito complexo, difícil e com adversários muito fortes para que isso aconteça. Temos de ter a certeza de que, aconteça o que acontecer, que deixamos tudo em campo", disse.
Para já, a única certeza é que SAD dos tricolores, está já a preparar a próxima temporada, equacionando todos os cenários possíveis.