O treinador do Sporting de Braga, Carlos Carvalhal, disse hoje ser "completamente contra" a criação da Superliga europeia por ser "a negação do futebol".
"Quando queremos estudar a sociedade, basta olhar para o futebol. Este é um sinal que tem sido dado à escala global em diversas áreas, com os grandes grupos a tentar abafar os mais pequenos, como por exemplo as grandes superfícies a tentarem acabar com as mercearias ou pequenos mercados", analisou o treinador, à margem da conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Boavista, quarta-feira, da 28.ª jornada da I Liga.
Carlos Carvalhal deu o exemplo de Portugal, onde "a distribuição financeira está em três equipas", numa referência implícita a Benfica, FC Porto e Sporting.
"Isto acontecer no futebol, se for avante, é um sinal do que se passa na sociedade, que vai juntar-se os mais fortes e ignorar os mais fracos. Se isto acontecer no futebol, daqui a 10 anos vai haver um desequilíbrio na sociedade a vários níveis", previu.
Por isso, para o treinador dos 'arsenalistas', a Superliga Europeia "é a negação do futebol", assumindo: "sou completamente contra".
"No futebol, eu, com menos recursos, posso bater aquele que tem mais. O Sporting de Braga é um exemplo disso, com menos um décimo ou um vigésimo dos recursos, bate-se em campo com quem tem mais recursos. Está nas mãos da sociedade perceber o que queremos ver no futebol", disse.
No domingo, 18 de abril, AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham anunciaram a criação da Superliga europeia, à revelia de UEFA, federações nacionais e vários outros clubes.
A competição vai ser disputada por 20 clubes, 15 dos quais fundadores - apesar de só terem sido revelados 12 - e outros cinco, qualificados anualmente.
A UEFA anunciou que vai excluir todos os clubes que integrem a Superliga, assegurando contar com o apoio das federações de Inglaterra, Espanha e Itália, bem como das ligas de futebol destes três países.
Entretanto, o organismo que rege o futebol europeu anunciou o alargamento da Liga dos Campeões de 32 para 36 clubes, a partir de 2024/25, numa liga única, com cinco jogos em casa e outros tantos fora.