A primeira batalha rumo a Londres foi vencida com distinção. Portugal venceu, sem contestação, na tarde de terça-feira a Hungria por esclarecedores 3-0, na primeira jornada do grupo F do Euro'2020.
Raphael Guerreiro e Cristiano Ronaldo foram os obreiros de uma vitória que teimava em aparecer, sobretudo por culpa da bem montada defensiva magiar.
Mas, Fernando Santos teve o condão de acertar nas substituições que mexeram com o encontro, ainda que as tenha feito tardiamente, face ao que tinha acontecido até então.
Foram as entradas de Rafa Silva e Renato Sanches que deram um novo colorido ao ataque português, e que permitiram ao campeão europeu somar a primeira vitória num jogo de abertura desde 2008, altura em que venceram a Turquia.
Para além disso, a seleção portuguesa passou a somar uns impressionantes 12 jogos consecutivos sem perder em fases finais do Campeonato da Europa, algo que dura desde o Euro'2012. De lá para cá, os comandados de Fernando Santos somaram sete vitórias e cinco empates.
A vitória invulgar de Portugal em jogos de abertura fez com que a equipa das quinas se torne apenas a sexta campeã em título a arrancar a defesa do cetro europeu com uma vitória, repetindo o que a União Soviética tinha conseguido em 1964, a RFA em 1976, os Países Baixos em 1992, a França em 2004 e a Espanha em 2016.
E se a vitória a abrir não é comum, o mesmo se pode dizer da vitória com números expressivos. Os três golos marcados diante da Hungria permitiram que Portugal ultrapassasse a fasquia dos 100 golos em fases finais de Europeus e Mundiais, contando agora com 52 em Campeonatos da Europa.
Mas vamos às notas deste encontro:
Figura:
O melhor em campo não podia ser outro que Cristiano Ronaldo, num jogo também recheado de recordes para o capitão português. Assim que Cuneyt Cakir apitou para o início do encontro, o avançado luso tornou-se o jogador com mais presenças em fases finais de campeonatos da Europa (cinco). Os dois golos que marcou no encontro permitiram também ultrapassar o francês Platini como o jogador com mais golos em Europeus, e ficar a apenas três do recordista de golos pelas seleções, o iraniano Ali Daei.
Supresa:
Aposta certeira de Fernando Santos em Rafa Silva. O extremo foi lançado para o lugar de Bernardo Silva, mexeu com o jogo e esteve na origem dos três golos com que Portugal saiu vitorioso da Puskás Arena. Assistiu Guerreiro para o primeiro do encontro, ganhou a grande penalidade convertida por Ronaldo, e, já nos descontos, voltou às assistências desta feita para o capitão.
Desilusão:
Depois de uma grande época ao serviço do Liverpool, esperava-se um Diogo Jota de alto nível neste Europeu. O avançado teve duas oportunidades em que podia ter marcado no primeiro tempo, mas a verdade é que lhe faltou algum do fulgor característico. Muito errante também na hora dos passes, Jota acabou por ser dos primeiros a sair do encontro, numa altura em que já estava um pouco escondido no encontro.
Treinadores:
Marco Rossi: Cedo se percebeu que os húngaros entraram na partida à procura de um erro luso para explorarem o contra-ataque em velocidade e tentar o golo. Com duas linhas muito próximas, os magiares foram uma dor de cabeça para os portugueses que nunca conseguiram construir jogo pelo meio. No segundo tempo, o conjunto húngaro entrou mais espevitado e a pressionar o portador da bola, mas rapidamente recuou as linhas novamente. O primeiro golo português fez cair o muro defensivo da equipa da casa, que não mais conseguiu sair da zona recuada do campo.
Fernando Santos: Apostou na dupla Danilo Pereira e William Carvalho para o início do encontro, o que retirou criatividade ao meio-campo português contra um adversário que se fechou muito bem, e pouco saída da zona mais recuada. A equipa tentou, na maioria das vezes, levar o jogo para os flancos, mas quer Jota, quer Bernardo Silva mostraram poucas opções para quebrar a defensiva húngara. As entradas de Rafa Silva e Renato Sanches tiveram o efeito positivo que Fernando Santos pretendia, mas as mexidas foram feitas muito tarde na partida, depois dos magiares terem começado a explorar os espaços nas costas da defesa portuguesa que jogou sempre numa posição mais elevada no terreno de jogo.
Arbitragem:
Critério largo do velho conhecido Cuneyt Cakir. Existiram situações em que deveria ter mostrado amarelo e não o fez, assim como outras em que o amarelo poderia ter ficado guardado no bolso. Esteve bem ao anular o golo húngaro, mas demorou a tomar a decisão.
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