João Noronha Lopes convocou, para a tarde desta quinta-feira, uma conferência de imprensa na qual anunciou que não se irá candidatar às próximas eleições para a presidência do Benfica, que estão agendadas para o dia 9 de outubro.
O ex-candidato, que foi derrotado por Luís Filipe Vieira no último sufrágio, invocou "fortes razões familiares e profissionais" para a tomada desta decisão, que, assume, foi "uma das mais difíceis" que alguma vez teve de tomar.
O empresário lamentou as "circunstâncias gravíssimas que rodearam a saída do anterior presidente", e avisou que "é responsabilidade coletiva de todos os sócios, particularmente daqueles que forem eleitos para os cargos diretivos, garantir que, definitivamente, se vira uma página".
João Noronha Lopes apontou, ainda, o dedo à forma como os encarnados têm vindo a gerir estas eleições, uma vez que "as regras das eleições apenas vão ser conhecidas a três semanas do dia da votação".
O discurso de João Noronha Lopes:
Hoje, quero esclarecer os benfiquistas sobre a minha posição quanto às novas eleições. Na noite da votação, disse que não seria candidato. Falei a verdade. Disse aquilo que pensava e sem calculismos. Sabia e sei que o Benfica merece um presidente a tempo inteiro, e previa que as cirscunstâncias que permitiram a minha primeira candidatura não se voltariam a repetir. Porém, na mesma linha de ser claro e falar a verdade, face às circunstâncias gravíssimas que rodearam a saída do anterior presidente, ponderei seriamente, nas últimas semanas, a possibilidade de me candidatar de novo. Feita esta ponderação, tomei a decisão de não me candidatar às eleições do próximo dia 9 de outubro. Foi uma das decisões mais difíceis da minha vida.
Esta decisão tem que ver com fortes razões familiares e profissionais. As circunstâncias atuais da minha vida não permitem que me recandidate. Na vida, nem sempre podemos fazer o que gostamos, e este é um desses momentos. Mas o facto de não ser candidato não me inibe, enquanto sócio, de criticar este processo eleitoral. Os termos em que foi feita esta convocatória condicionam a possibilidade de fazer um debate sério sobre as razões que nos trouxeram aqui e sobre a melhor maneira de resolver os problemas para o futuro. O ato eleitoral teria todas as condições para ser transparente se, antes da convocatória, tivesse sido aprovado um regulamento eleitoral onde ficasse claro em que condições se faria o voto físico, como seriam feitos os debates na BTV ou como se fariam os acessos aos cadernos eleitorais de forma igualitária para todas as listas.
Deste modo, as regras das eleições apenas vão ser conhecidas a três semanas do dia da votação. Portanto, o problema não é de as eleições serem cedo demais. O problema é de as eleições serem feitas à pressa e sem que se conhecem as regras segundo vão decorrer. Infelizmente, estes sinais não sugerem uma mudança relativamente às práticas que condenámos no passado. O que reforça a minha convicção de que quem fez parte do passado recente do Benfica não tem condições para construir o seu futuro. Há uma responsabilidade de quem devia ter visto, de quem devia ter perguntado, de quem devia ter averiguado ou de quem, no mínimo, devia ter saído. Quero agradecer aos milhares de benfiquistas que, nos últimos meses, me expressaram o seu apoio. Principalmente, àqueles que o fizeram nas últimas semanas.
Sei que muitos vão ficar desiludidos, mas peço a todos que, tal como eu enquanto sócio, continuem a exercer a sua cidadania benfiquista sempre. Termino fazendo dois apelos. O primeiro para a lista que emana da atual direção. Que cada um faça uma profunda reflexão sobre se reúne as condições necessárias para o cargo que vai ocupar sem que esteja envolvido num caso que manche o nome do Benfica. O segundo apelo é para toda a família benfiquista, que se mostre unida no apoio aos nossos jogadores e às nossas equipas, no futebol e nas modalidades, para que, este anos, tenhamos as vitórias que tanto nos faltaram nos últimos anos. Mas que se mostre igualmente unida na exigência para quem for eleito, unida na intransigência sobre a verdade, unida no direito à transparência, unida na defesa dos valores éticos que nos fizeram o maior de todos, e que manifeste o seu benfiquismo comparecendo, por exemplo, na próxima AG extraordinária.
O que se passou nos últimos anos do Benfica não se pode repetir. É responsabilidade coletiva de todos os sócios, particularmente daqueles que forem eleitos para os cargos diretivos, garantir que, definitivamente, se vira uma página.
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