O FC Porto terminou a primeira volta do campeonato na liderança isolada do campeonato, com mais três pontos que o mais direto perseguidor, o Sporting, que na noite anterior tombou nos Açores.
Um dragão que viajou até ao Estádio António Coimbra da Mota e transformou o 'Casino' do Estoril num carrossel vertiginoso e, perigosamente, sem direito a cinto de segurança.
Cinco golos, vertigem constante no marcador e uma reviravolta épica. Os azuis e brancos perdiam ao intervalo, por 0-2, com golos sofridos da responsabilidade de Arthur e André Franco (de grande penalidade), para na etapa complementar escreverem um capítulo que já não se via há 46 anos na história dos dragões.
Temos mesmo de recuar até 1976 para recordar a última, e também primeira vez, que o FC Porto, fora de casa, virou uma desvantagem de dois golos ao intervalo. Na altura, o oponente chamava-se... Benfica.
Uma segunda parte em que o FC Porto acelerou processos e que, desde o arranque da etapa complementar, imprimiu um ritmo 'TGV' no retângulo de jogo. Taremi começou por reduzir, cheirou o bis, sendo depois Vitinha e Otávio a espreitarem a igualdade.
Sempre mais forte e heróico o guardião Thiago Silva que, no arranque da partida, começou por vestir a capa de vilão, por culpa de uma sucessão de erros infantis, mas que, na segunda parte, forçou o músculo, adiando o 'camião de força' azul e branca até... não ser mais possível aguentar.
O talento de Luis Díaz (sempre ele!) voltou a emergir e dos pés do 'cafetero' surgiu o golo da igualdade, para depois, ao minuto 90, o internacional colombiano servir Francisco Conceição para a cambalhota 'fabulástica' do vice-campeão nacional.
Vamos então aos destaques desta partida:
Figura
Com Luis Díaz no onze Conceição arrisca-se, quase sempre, a ter 'Díaz' felizes. É sempre ele, e ele, e ainda ele... O internacional colombiano voltou a rubricar mais um golo e uma assistência, variando a cassete do dragão de um filme de terror para um romance sublime. É indesmentível a facilidade com que chega à área contrária e, através da 'varinha mágica', serve companheiros ou então carbura ele próprio momentos de alta tensão para as balizas rivais. A exibição do cafetero roçou a perfeição.
Surpresa
Francisco Conceição entrou em campo aos 87 minutos, para três minutos volvidos rubricar o golo da vitória. Um momento mágico e celebrado de maneira bastante efusiva com o pai. Um golo que vale muito mais do que isso. Vale um triunfo, o selo de uma cambalhota épica e a confirmação de que, às vezes, um pai tem o mérito de empurrar um filho para a glória.
Desilusão
Wendell chegou a Portugal de créditos firmados, afinal na Bundesliga a intensidade está ligada a um 'quadro da eletricidade'. A verdade é que o lateral esquerdo continua sem deslumbrar e no António Coimbra da Mota voltou a somar erros fatais. No golo anulado a Bruno Lourenço, ainda na primeira parte, estava completamente fora do lance, sem esquecer o penálti que provocou aos 42 minutos e que originou o 2-0 para o Estoril.
Treinadores
Bruno Pinheiro surgiu para a partida de lição bem estudada. Começou por entregar declaradamente o jogo aos comandados de Sérgio Conceição, mas sempre na espreita para alvejar o coração do dragão. Dois tiros no 'porta-aviões' azul e branco não foi suficiente para colher frutos, porém os canarinhos deixaram mesmo o FC Porto em sentido. Na etapa complementar, Bruno Pinheiro mexeu, mas nem sempre bem. A saída de Chiquinho custa a entender, visto que era um dos melhores homens em campo no momento em que abandonou as quatro linhas.
Sérgio Conceição foi para o intervalo com cara de poucos amigos, mas ao intervalo a mensagem que transmitiu aos jogadores foi suficiente para transfigurar um dragão que entrou de chama flamejante na etapa complementar. Na fase decisiva do encontro foi responsável por lançar o herói do triunfo. Esta vitória tem efetivamente dedo de treinador.
Árbitro da partida
António Nobre esteve bem na análise de quase todos os lances, mas há uma decisão que suscita fortes dúvidas. O árbitro considerou haver falta no lance que resultou no golo de Rui Fonte. Numa jogada a que assistismos regularmente no futebol português, e na maioria das vezes nada se assinala, o juiz considerou haver falta de Gamboa sobre Evanilson. O benefício da dúvida para António Nobre.
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