A polémica em torno do primeiro 'major' do ano tem sido a tónica dominante nos Antípodas e um pouco por todo o mundo, após o número um mundial ter recebido uma isenção médica para entrar na Austrália, que lhe permitiria jogar o torneio sem estar vacinado contra a covid-19, e que foi posteriormente cancelada pelas autoridades fronteiriças.
Tendo em conta os avanços e recuos no processo, com uma primeira decisão judicial a ser-lhe favorável e uma segunda decretada pelo Governo australiano a cancelar o visto, "por razões de saúde e ordem pública", disse em comunicado o ministro da Imigração, Alex Hawke, a participação do nove vezes campeão do 'Happy Slam' continua a ser uma incógnita.
Certo é que enquanto o Tribunal Federal não se pronunciar, e em tempo útil, Novak Djokovic continua no 'draw' como primeiro cabeça de série e a ser apontado como o mais forte candidato à vitória final em Melbourne, onde decorre o torneio entre 17 e 30 de janeiro.
Caso seja autorizado a competir, o tenista de Belgrado vai iniciar logo na segunda-feira, frente ao compatriota Miomir Kecmanovic, número 78 do mundo, a sua campanha rumo àquele que poderá ser o 10.º troféu australiano e 21.º título do Grand Slam, descolando assim dos 20 'majors' do suíço Roger Federer e do espanhol Rafael Nadal.
Sem Djokovic na corrida, o russo Daniil Medvedev, vice-campeão do Open da Austrália em 2021, é o principal favorito num torneio que será disputado igualmente pelo vimaranense João Sousa, que entrou como 'lucky loser'.
O número dois mundial, de 25 anos, ganhou o seu primeiro título do Grand Slam no Open dos Estados Unidos, precisamente ao bater Novak Djokovic, por triplo 6-4, e chega aos Antípodas com a confiança em alta.
Apesar de ter perdido a final do Masters 1.000 de Paris para o sérvio e o último embate das Finais do ATP para o alemão Alexander Zverev, Medvedev, que conquistou quatro títulos na época passada, ajudou ainda a Rússia a conquistar as Finais da Taça Davis e, já este ano, a atingir as meias-finais da ATP Cup.
Assim como o moscovita, Zverev, que figura no terceiro lugar na hierarquia mundial, aspira a grandes feitos na Austrália, onde há dois anos foi semifinalista e, em 2021, alcançou os quartos de final, sendo então travado por aquele que viria a ser campeão, Djokovic.
Depois de conquistar seis torneios na última temporada (ATP 500 de Acapulco, Masters 1.000 de Madrid, Jogos Olímpicos de Tóquio, Masters 1.000 de Cincinnati, ATP 500 de Viena e Finais do ATP), Alexander Zverev, de 24 anos, ascendeu ao seu melhor 'ranking' de sempre e mais do que nunca tem boas condições de se estrear a vencer no Grand Slam.
Menos hipóteses terá o esquerdino Rafael Nadal, campeão no estado de Victoria em 2009, uma vez que está a regressar à competição, após ter encerrado precocemente em agosto a última época, devido a uma lesão no pé direito.
Embora tenha voltado com uma vitória no domingo no ATP 250 de Melbourne, o antigo número um mundial e único campeão do Open da Austrália em prova, para além de Djokovic, estará em igualdade de circunstâncias, em termos de favoritismo, com o grego Stefanos Tsitsipas, operado ao cotovelo direito em novembro, e o russo Andrey Rublev (5.º ATP)
Na competição feminina, a número um do mundo, Ashleigh Barty, volta a assumir especial protagonismo a jogar em casa, já depois de ganhar o primeiro título da temporada em Adelaide.
Duas vezes campeã do Grand Slam, em Roland Garros (2020) e Wimbledon (2021), a jovem australiana, de 25 anos, encabeça o estatuto de primeira pré-designada num torneio em que vai tentar superar o seu melhor resultado de sempre, as meias-finais de 2020.
Como principal rival, Ashleigh Barty poderá ter a japonesa Naomi Osaka, 13.ª cabeça de série, mas a defender o título, após um primeiro triunfo em 2019, e que ganhou quatro 'majors' em piso rápido nos últimos quatro anos.
As duas ficaram na metade superior do quadro, assim como a grega Maria Sakkari (5.ª WTA) e a tunisina Ons Jabeur (9.ª WTA), e poderão ter que medir forças nos quartos de final.
A bielorrussa Aryna Sabalenka, segunda colocada na hierarquia WTA, a bicampeã espanhola do Grand Slam, Garbiñe Muguruza, que ganhou as Finais WTA em 2021, e a romena Simona Halep, com o seu triunfo em Melbourne, podem ter também uma palavra a dizer na discussão pelo primeiro 'major' de 2022.