Mladen Bartulovic, treinador-adjunto do Inhulets Petrove, relatou, este sábado, ao jornal britânico The Guardian, o drama que tem vivido na Ucrânia desde que as forças militares russas, comandadas por Vladimir Putin, deram início à invasão.
O técnico nasceu na Croácia, mas considera o país a sua "segunda casa": "Vim em 2006, com 19 anos, casei com uma ucraniana, tive um filho aqui e vivi feliz, em Dnipro. Amo muito este país. Aquilo que estamos a viver é algum tipo de sonho terrível".
"Às 2h da manhã da última quinta-feira, o nosso plantel chegou a um hotel, em Kyiv. Tínhamos estado em estágio e voámos para lá porque era suposto jogarmos contra o Dínamo Kyiv. Às 4h, ouvimos os primeiros bombardeamentos e ficámos em choque", afirmou.
"Ninguém acreditava que Putin faria isto à noite, enquanto as pessoas estavam a dormir. Alguns de nós saíram no autocarro do clube e foram para o nosso centro de treinos, perto de Dnipro. Alguns ficaram em Kyiv ou foram para outro sítio, com as família", prosseguiu.
"Eu fui para o nosso centro de treinos e depois regressei para a casa da família. A minha mulher tinha-me enviado detalhes sobre os bombardeamentos no aeroporto de Dnipro e uma base militar perto de onde vivemos. Foi de loucos, indiscritível", completou.
Mladen Bartulovic diz sentir-se "afortunado", isto apesar da já complicada história de vida: "Esta é já a terceira guerra da minha vida, e só tenho 35 anos. Tinha cinco anos quando a guerra da Jugoslávia começou, e ainda sinto o impacto da minha família".
"Eu estava aqui, na Ucrânia, quando começou a guerra no Donbass, em 2014. Agora, estamos a atravessar isto. Quando penso demasiado sobre isso, fico sem saber o que dizer", concluiu.
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