Sarina Wiegman, neerlandesa que começou por orientar os Países Baixos rumo ao triunfo de 2017 e hoje somou o segundo título consecutivo, admitiu que já tinha "perdido a voz" e que bebeu "a primeira cerveja em anos".
"Ainda não me dei conta do que acabámos de fazer. Tínhamos toda a Inglaterra connosco. Estamos muito orgulhosas dos adeptos. [...] Quando aceitei este trabalho, sabia que havia potencial e qualidade", salientou.
Esta conquista, admitiu, deixa a fasquia "muito alta" para o Mundial2023, que vai decorrer na Austrália e na Nova Zelândia, um torneio a que muitas "seleções fortes" vão chegar "muito melhores".
Se Wiegman quebrou um 'jejum cervejeiro', a 'capitã' Leah Williamson confessou não conseguir "parar de chorar".
"Falámos tanto disto, e agora conseguimos. O mais importante era ir lá dentro e consegui-lo, e as miúdas fizeram-no. É o momento da minha vida de que estou mais orgulhosa. Espero que este torneio deixe um lastro de mudança na sociedade, pela forma como conseguimos trazer pessoas aos estádios. Deixa um legado de vitórias. Isto é só o começo", atirou, confiante.
A congénere alemã, a avançada Svenja Huth, estava muito menos efusiva: "dói muito".
"Demos tudo durante 120 minutos. Mesmo depois de marcarem o primeiro, não entrámos em pânico, recuperámos. Tentámos tudo pelo segundo golo e foi muito doloroso sofrer o 2-1 e perder", declarou.
Do lado alemão, um assunto que dominou as conversas foi a ausência de Alexandra Popp, devido a uma lesão no aquecimento, tendo chegado à final com seis golos apontados.
"Tinha de haver alguém a perder a final. Ficámos muito perto, especialmente depois de empatarmos. [...] Felicidades à Inglaterra, que jogou um torneio incrível, aguentaram a pressão de jogar em casa e são campeãs europeias. A presença de 'Poppi' podia ter mudado as coisas, estava numa grande forma e tem outra presença física, sobretudo de cabeça", explicou a selecionadora alemã, Martina Voss-Tecklenburg.
A situação "não era ideal", mas em Lea Schüller as alemãs encontraram uma substituta menos apta, tendo jogado em Wembley também sem Klara Bühl, positiva à covid-19, um outro "azar".
"Ao intervalo, pedi-lhes coragem, para chegarmos mais à frente e segurar a bola, pressionarmos mais unidas. Podemos ter orgulho no que conseguimos, isto é um processo. Não chegou para o título, por isso temos de fazer mais", declarou.
Huth viu um grupo que "lutou como equipa" e que pode "estar feliz e orgulhoso" do que conseguiu, e "depois de umas horas" para recuperar psicologicamente, as suas companheiras podem ficar ansiosas com a receção planeada para segunda-feira, em Frankfurt.
A final coroou ainda Beth Mead como melhor marcadora e melhor jogadora do torneio, no qual apontou seis golos e registou cinco assistências.
O Euro2022 feminino registou um total de 574.875 espetadores, quebrando a melhor marca da competição continental feminina, que foi alcançada há cinco anos, nos Países Baixos, com 247.041 espetadores, com 87.192 só na final -- um recorde de Europeus femininos e masculinos.
Hoje, na 'catedral' de Wembley, Ella Toone abriu o ativo para as inglesas, aos 62 minutos, com Lina Magull a empatar ao minuto 79, levando a decisão para o prolongamento, no qual Chloe Kelly, aos 110, marcou o tento que valeu o primeiro título para a seleção da casa.