"Temos um prejuízo... 500.000 euros não chegam para por o Algés em andamento. É o chão a levantar, os azulejos da piscina a saltar, máquinas e extintores avariados, a parte elétrica e motores destruídos... é uma catástrofe", lamentou António Bessone Basto.
Em declarações à Lusa, o dirigente diz não saber quando voltará a "ter clube", referindo apenas que vai precisar da "ajuda de muita gente" para o conseguir.
"Não pode ser só a câmara de Oeiras a ajudar, com os milhões que já cá investiu nos últimos 30 anos. O Estado tem de perceber que o Algés é o terceiro clube com mais atletas olímpicos e também precisa do seu apoio. O Estado não pode aparecer apenas nos grandes resultados", observou.
Bessone Basto referiu que a instituição centenária tem "cerca de 2.000 miúdos nas mais diversas modalidades", além de uns 70 funcionários cujo bem-estar é uma prioridade para a direção.
"Ainda não vi ninguém do governo aqui na rua. As pessoas também precisam de ser acarinhadas. Estamos aqui por amor, não somos profissionais. Estamos a tentar que o clube não se afunde", desabafou o presidente e filho do fundador da instituição.
Hoje a água "subiu mais de três metros" e danificou igualmente os ginásios, pelo que o Sport Algés e Dafundo precisará também de encontrar alternativas na zona para que os seus atletas possam manter-se em atividade.
"Só a morte não tem remédio. 'Vontade de vencer' é o título do meu livro e vou conseguir. Mas vai dar muito, muito trabalho...", assumiu.
O dirigente de 77 anos teme é que "isto volte a acontecer" após colocar novamente a agremiação nos eixos, recordando que "as intempéries são cada vez mais frequentes".
"Este é um sítio onde já não deveríamos estar. Algés sofre muito com as cheias e o clube também. Mas, sair para onde? É tudo muito caro...", constatou o homem que diz gostar mais do Algés e Dafundo "do que da família".
Também complicada é a situação do Campo de Jogos do Bonjardim, da União Desportiva Ponte Frielas, no concelho de Loures, que ficou completamente submerso, um cenário que o dirigente Alberto Duarte classifica como "dramático".
"Perdemos tudo! Vamos precisar de toda a ajuda...", acrescentou.
A chuva intensa e persistente que caiu de madrugada causou hoje centenas de ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas nos distritos de Lisboa, Setúbal e Portalegre, onde há registo de vários desalojados.
Na zona de Lisboa a intempérie causou condicionamentos de trânsito nos acessos à cidade, que levaram as autoridades a apelar às pessoas para permanecerem em casa quando possível e para restringirem ao máximo as deslocações.