Rui Vitória abordou em entrevista o projeto do Egito, entre outro assuntos. O técnico luso é o atual selecionador, tendo elencado os motivos que o levaram a aceitar o convite, om um contrato de quatro temporadas.
"No futebol nunca há certezas se vamos cumprir o contrato, os resultados é que mandam. Cativou-me quererem um contrato de quatro anos. Depois temos as metas do apuramento para a CAN, para o Mundial. O Egito é uma seleção ambiciosa e são esses os fois grandes objetivos", começou por dizer em entrevista ao jornal O Jogo.
A experiência enquanto selecionador começou com uma larga análise à realidade que abraçou, numa função na qual é estreante.
"A primeira coisa eu fiz foi começar a visitar os clubes que estão na primeira divisão para entender os aspetos positivos e os problemas que cada clube sente. Depois de ter esta imagem, de acordo com as minhas ideias, vamos tentar criar projetos para esse desenvolvimento. Não basta o selecionador ou a federação querer mudar as coisas, tem de ser um trabalho conjunto", disse ainda.
Pela primeira vez no futebol egípcio, Rui Vitória contou com a ajuda de outros treinadores portugueses.
"O professor Jesualdo tem uma experiência enorme. Tem muito crédito no Egito, foi campeão no ano passado, e é alguém com quem troco impressões com alguma frequência. Deu-me um conhecimento da realidade do clube, do futebol egípcio. Quando cheguei foi uma ajuda e também estava cá o Ricardo Soares, no Al Ahly, com quem conversei", revelou.
Com experiência crescente no futebol do Médio Oriente, Rui Vitória analisou a eliminação de Portugal do Mundial'2022, causada por Marrocos.
"O futebol hoje está muito mais equilibrado. A eliminação de Portugal não surpreende pelo que disse. Mas temos um conjunto de grandes jogadores que está talhado para o sucesso. Foi uma pena não termos conseguido ir mais longe. Perdemos com Marrocos, uma equipa altamente motivada", disse.
Questionado sobre a relação entre as polémicas extracampo e as prestações da equipa no Qatar, Rui Vitória acredita que houve demasiados motivos de distração.
"Não podemos fazer uma relação direta. O que posso dizer, pela minha experiência, é que, quando estamos em alta competição, não podemos ir jogar com a mochila muito carregada. Se levarmos muita coisa na mochila, estamos a perder energias. Não podemos estar a desgastar-nos com coisas acessórias. Houve demasiados motivos de distração que, se calhar, podem ter contribuído para o desempenho. Não sei se foi assim, mas era fundamental haver uma limpeza de tudo o que podia ser ruído na disputa da competição, era uma responsabilidade de todos", acredita.
A saída de Fernando Santos não mereceu um comentário extenso de Rui Vitória, que limitou-se a elogiar o trabalho do agora ex-selecionador nacional.
"O que tem de se dizer é que Fernando Santos fez um trabalho de enorme qualidade nestes anos, com dois títulos, um Europeu e uma Liga das Nações, que ninguém tinha conseguido. E do trabalho dele é isso que tem de ser muito enaltecido", afirmou.
Na sequência da conversa sobre a seleção, Rui Vitória comentou igualmente a chegada de Cristiano Ronaldo ao Al Nassr. O técnico luso passou pelo clube árabe e, com conhecimento de causa, cometou a surpreendente transferência do craque português.
"Parece-me que hoje é um clube diferente daquele que encontrei quando lá cheguei. Um clube melhor estruturado, mas claro que nunca irá ser um clube à dimensão de um Cristiano Ronaldo. Ou, melhor dizendo, nunca irá ser um clube da dimensão daqueles onde o Cristiano jogou durante toda a carreira. A contratação dele pode ser muito importante para o futebol da Arábia Saudita, vai centrar atenções naquele país e no futebol, mesmo sem ter a mesma qualidade. É talvez uma boa jogada de marketing, mas não sei se, entre o deve e o haver, isso vai ser algo de sucesso. Estou curioso para ver", concluiu.
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