"Como todos os franceses, ficámos abalados e chocados com a morte brutal do jovem Nahel. [...] Evidentemente, não podemos ser alheios às circunstâncias em que esta morte inaceitável teve lugar", lê-se num comunicado publicado, nomeadamente, na conta do jogador do Paris Saint-Germain na rede social Twitter.
O texto nota que, "após o trágico acontecimento", está a assistir-se "a uma manifestação de ira popular".
"Partilhamos igualmente esses sentimentos de dor e tristeza. Mas a esse sofrimento junta-se o de assistirmos impotentes a um verdadeiro processo de autodestruição. A violência não resolve nada [...]. São os vossos bens que vocês estão a destruir, os vossos bairros, as vossas cidades, os vossos locais de desenvolvimento e proximidade", alertam.
Liderados por Kylian Mbappé, que foi o primeiro a divulgar o comunicado no Twitter, os futebolistas alegam não poder ficar em silêncio: "a nossa consciência cívica incita-nos a apelar à calma, à consciencialização e à responsabilização".
"O tempo da violência deve parar para dar lugar ao do luto, do diálogo e da reconstrução", concluem.
A morte de Nahel, provocada pelo disparo de um polícia na terça-feira, num controlo de trânsito, fez regressar a tensão entre jovens e a polícia em França.
O país viveu hoje uma terceira noite consecutiva de graves distúrbios em muitas partes do território, que se saldaram em pelo menos 250 agentes policiais feridos, 875 detenções -- um terço das quais, de menores -, 492 edifícios públicos atacados e 2.000 veículos incendiados.
Para evitar este tipo de episódios, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, anunciou hoje mesmo o destacamento de blindados da polícia militarizada, sem especificar quantos.
Numa reunião extraordinária, o ministro do Interior decidiu hoje estender a todo o país a restrição de circulação de autocarros e elétricos, que não poderão funcionar a partir das 21:00 locais (20:00 de Lisboa) até à manhã seguinte, até novas ordens.
Também foi temporariamente proibida a venda de foguetes para fogos-de-artifício, bidões de gasolina, ácidos e outros produtos químicos e inflamáveis.
A morte de Nahel, que será sepultado no sábado na cidade de Nanterre -- onde residia e onde foi morto -, chocou boa parte do país e provocou a enérgica condenação da esquerda e de movimentos sociais, por considerarem que se tratou de um ato de racismo.
Os alvos dos manifestantes têm sido carros da polícia e dos bombeiros, mas também edifícios públicos e lojas, muitas das quais pilhadas.
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