"A data-limite é... antes dos Jogos Olímpicos. É difícil dizer quando. Queremos fazer todas as diligências e, para isso, é preciso perceber o que se passa com as qualificações. Até agora, está tudo bem. As regras estão a ser respeitadas por todos os participantes, mas é cedo para tirar conclusões finais. Vamos demorar algum tempo. Queremos ser diligentes e o mais confiantes possível numa boa decisão", disse Thomas Bach.
Devido à invasão da Ucrânia, os atletas com passaporte russo e bielorrusso foram afastados de competições internacionais em muitos desportos, contudo, mediante recomendação do COI já este ano, estão a regressar em várias modalidades, sendo que em diversas já integram os processos de apuramento olímpicos.
"A Rússia é a responsável por esta guerra, mas defendemos também os direitos dos homens. A ONU e a carta olímpica são muito claras ao não permitir qualquer tipo de discriminação em função do passaporte. Há outras guerras, crises armadas, confrontos no mundo e a nossa posição é sempre a mesma", insistiu Bach, numa conferência online com jornalistas.
A este propósito, o alemão ilustrou com os exemplos dos conflitos entre Azerbaijão e Arménia, Palestina e Israel, Etiópia e Eritreia, mencionou a guerra no Iraque e a intervenção internacional no Afeganistão.
"Para nós, trata-se de respeitar os atletas e não os punir pelos atos irresponsáveis e reprováveis dos seus governos", destacou.
Apesar disso, reconheceu, indiretamente, que o COI não tem o poder absoluto nesta matéria, recordando que há várias federações internacionais, entre as quais a de atletismo, a par da natação, a modalidade que mais medalhas atribui na competição, a boicotar a presença de russos e bielorrussos.
"Temos de ser pragmáticos. Por exemplo, a federação internacional de atletismo não permite que esses atletas participem no apuramento. Se não há qualificação, não pode haver participação. Vai depender da federação", admitiu.
Thomas Bach elogiou o apoio que a posição do COI tem recebido para a sua opção de reintegração, destacando as declarações do G7 - reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido - e do Movimento dos Não-Alinhados, com o voto de 120 países dos 193 que integram a ONU.
"A nossa posição é muito clara. Temos a missão de unir todos os atletas do mundo numa competição pacífica. Temos a responsabilidade de não os punir pelos atos dos seus governos. Os atletas de todo o mundo apoiam a nossa posição. Queremos construir mais pontes e não mais muros", reforçou.
A invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro de 2022 -- justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia --, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
Os Jogos Olímpicos vão decorrer em Paris entre 26 de julho e 11 de agosto de 2024.