Foi um Benfica extremamente perdulário, mas com muitas oportunidades criadas, aquele que, ao final da tarde de sexta-feira, voltou a perder pontos na I Liga. Pela segunda semana consecutiva, a equipa de Roger Schmidt somou um empate, não saindo da igualdade na receção ao Farense (1-1), em jogo da 13.ª jornada do campeonato.
Depois da 'milagrosa', e tardia, vitória no dérbi sobre o Sporting, o clube da Luz entrou numa espiral muito negativa, ao ponto de Roger Schmidt até já abrir as portas à saída, e de, num momento de maior tensão, Arthur Cabral ter desafiado adeptos encarnados com um gesto obsceno depois da partida.
O ambiente é de tensão na Luz e isso sentiu-se nas bancadas durante toda a partida. Líder até há duas jornadas, o Benfica iniciou esta fase cinzenta com um empate diante de uma versão 'B' do Inter, que ditou a eliminação da Liga dos Campeões. O buraco negro foi aumentando, as exibições desinspiradas também e quem fugiu foi o rival Sporting. E até pode fugir mais.
Depois do empate em Moreira de Cónegos, que gerou muitas críticas junto dos adeptos, era de esperar que, na própria casa, o Benfica apresentasse uma exibição mais positiva. A bem da verdade, criação de oportunidades de golo não faltou. Foram 37 (sim, leu bem!), 37 as ocasiões que a equipa de Roger Schmidt teve ao longo da partida. Contudo, a noite não era mesmo de golos.
Os encarnados só se podem queixar deles próprios já que desperdiçaram incontáveis oportunidades para se colocarem a vencer, muitas delas claras. Tanto desperdício que pode sair caro na corrida pela revalidação do título de campeão nacional.
A pressão de não marcar um golo foi enervando a equipa e quem aproveitou foi o Farense. Cláudio Falcão colocou os algarvios na frente, à passagem dos 51 minutos, e desencadeou ainda mais contestação vinda das bancadas. Os adeptos encarnados, que já começam a 'perder' a paciência com as inovações de Roger Schmidt no que toca à escolha dos titulares, não perdoaram nova invenção, desta feita no momento de substituição.
Corria o minuto 64 quando o germânico tirou João Neves e Tengstedt para colocar Gonçalo Guedes e Musa. Na resposta, o alemão levou com uma monumental assobiadela e até com objetos atirados na sua direção, ao que o Benfica ripostou com a igualdade. Depois de muito desperdiçar, Rafa foi finalmente capaz de finalizar com sucesso e empatar a partida, aos 71', assistido por Aursnes. O português acalmou os ânimos numa partida que fervilhava.
Mas a reação do Benfica foi sol de pouca dura já que a equipa da casa não foi mais longe e o campeão nacional acabaria por ceder dois pontos de forma surpreendente. Segue-se agora uma semana não se afigura fácil para as águias. Na terça-feira, há duelo na Áustria contra o Salzburgo e que é decisivo para a continuidade na Europa e depois, a 17 de dezembro, há jogo em casa do Sporting de Braga. Terá Roger Schmidt a capacidade necessária para passar por cima deste ciclo negativo e deixar o Benfica novamente a respirar de alívio? A resposta será dada dentro de pouco mais de uma semana.
Mas vamos às notas desta partida
Figura
A escolha não podia recair sobre outro jogador que não Ricardo Velho. O guarda-redes do Farense encheu a baliza e é graças à sua exibição que os algarvios regressam a casa com um ponto na bagagem. Aliás, a equipa de José Mota não averbou uma goleada muito por culpa do muro que o guardião construiu.
Surpresa
Aursnes tem andado um pouco apagado nos últimos jogos do Benfica. O 'bombeiro' nórdico tem atuado em muitas posições e, por isso, pode estar a acusar essa falta de fixação num local específico do onze. Neste duelo contra o Farense atuou do lado direito da defesa e contribuiu para a criação de várias jogadas de perigo. O norueguês deu a profundidade que tem faltado à ala direita dos encarnados. Assistiu para o golo de Rafa Silva.
Desilusão
Kokçu regressou ao onze dos encarnados, mas foi uma peça a menos durante o tempo em que esteve em campo. Cometeu demasiados erros e somou muitas perdas de bola. Um remate perigoso de meia-distância aos 55 minutos é pouco para quem custou tanto dinheiro no verão passado.
Treinadores
Roger Schmidt
O Benfica apresentou um elevado caudal ofensivo durante toda a partida, ao contrário do que tinha acontecido em jogos anteriores. Mas se se criam muitas ocasiões, também é preciso concretizar algumas e não foi isso que aconteceu na Luz. A falta de eficácia extrema penalizou os campeões nacionais. A equipa ficou algo intranquila com o golo de Cláudio Falcão e depois, já com a igualdade alcançada, faltou discernimento para ir buscar o triunfo na partida. Vida difícil para o alemão nos próximos jogos.
José Mota
O técnico dos algarvios tinha prometido não trazer o autocarro para a Luz e a verdade é que a promessa se cumpriu. Os leões de Faro foram audazes e conseguiram superar a pressão do adversário, muito com a ajuda de uma exibição de mão cheia de Ricardo Velho. O golo de Falcão teve o condão de enervar o Benfica e intranquilizar a equipa da casa rumo àquela que seria a missão de tentar vencer o jogo.
Arbitragem
Trabalho positivo da equipa liderada por Miguel Nogueira. Todas as decisões que tomou ao longo da partida foram corretas e não influenciaram o resultado final.
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