Não se vivem dias fáceis no FC Porto. Sensivelmente três semanas após a (infeliz) deslocação a Alvalade, frente ao Sporting (2-0), os dragões voltaram a tropeçar a jogar fora do Dragão, com o empate desta sexta-feira no dérbi da Invicta, frente ao Boavista (1-1), a deixar a liderança bem mais longe.
O FC Porto pretendia ser 'mandão' no Bessa, à semelhança do que tinha acontecido nos últimos anos, sendo que, após uma entrada 'morna', até conseguiu abrir o ativo, por intermédio de Toni Martínez (23'). Porém, o Boavista respondeu no imediato e Bruno Lourenço rubricou o empate (28'), num lance de total apatia por parte da defesa dos azuis e brancos.
A equipa de Sérgio Conceição esteve sempre mais perto de saltar para a frente do marcador no segundo tempo, tentando de todas as formas e feitios, sobretudo depois da expulsão de Ibrahima Camara, num dérbi que terminou bem 'quentinho' dentro e fora das quatro linhas, mas sem mais alterações a registar.
No agradecimento ao público, o FC Porto não se livrou das críticas e dos assobios dos adeptos, mas o que fica é o novo deslize dos vice-campeões nacionais, deixando muitos jogadores a levar as mãos à cabeça. Os azuis e brancos passa, a somar 35 pontos na terceira posição da I Liga, a um do Benfica (que jogará este sábado em Arouca) e a cinco do líder Sporting, sendo que o pódio ficará ao alcance do Sporting de Braga, que se prepara para disputar o dérbi minhoto frente ao Vitória SC. Já o Boavista é nono classificado, com 17 pontos.
Vamos então às notas da partida:
Figura
Pepê não marcou, não assistiu, mas assumiu-se como a unidade mais desequilibradora em toda a partida. Na realidade, o seu papel no processo ofensivo da equipa de Sérgio Conceição acabou por ser fundamental na origem do primeiro golo, deixando um 'cheirinho' na jogada. Além disso, o futebolista brasileiro desenhou outros tantos lances, nem sempre acompanhados pelos restantes colegas de equipa, acabando por não esconder a frustração com o resultado final.
Surpresa
Rodrigo Abascal 'deu o corpo às balas' no dérbi da cidade Invicta e terá realizado uma das suas melhores exibições da temporada. Desde os cortes fulcrais no interior da grande área às variadíssimas bolas colocadas nos setores à frente da defesa, o central uruguaio foi um dos jogadores que mais se esforçou para impedir que o FC Porto somasse três pontos no Bessa.
Desilusão
Não se pode dizer que André Franco tenha feito uma má exibição, mas exigia-se mais ao ex-Estoril na ligação entre setores, ao que ainda se acrescenta a falta de lucidez no capítulo ofensivo, com algumas perdas de bola à mistura. Curiosamente, o médio ficou perto do golo por uma única ocasião, na cobrança de um livre em que ameaçou o perigo, em cima da hora de jogo, seguindo-se logo a sua substituição.
Treinadores
Ricardo Paiva promoveu alguns ajustes na equipa em função das ausências no plantel, mas nem por isso deixou de lutar por algo mais que o empate, sobretudo no primeiro tempo. As substituições, mais tarde, ficariam marcadas por ajustes táticos (alguns 'forçados'), numa segunda parte sem grandes aproximações de perigo à baliza de Diogo Costa, mas com um enorme esforço em defender o empate até ao apito final.
Sérgio Conceição lamentou a ineficácia (e os constantes erros) da sua equipa na análise a um encontro em que voltou a contar com Pepe, tendo optado por um onze sem grandes surpresas. Após um primeiro tempo mais equilibrado, seguiu-se uma segunda metade de procura incessante pelo golo, com substituições arriscadas (e até surpreendentes), mas sem o devido seguimento na hora de alcançar o objetivo: o triunfo.
Árbitro
Manuel Oliveira protagonizou uma arbitragem globalmente segura, mas não escapou aos casos polémicos na reta final, tendo recorrido a três cartões vermelhos (um para Ibrahima Camara e outros dois para elementos do staff técnico dos axadrezados) para gerir a confusão que se instalou nos últimos minutos. O motivo que conduziu à expulsão do médio, devido a desentendimento com Wendell, terá deixado, ainda assim, algumas dúvidas.
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