Foi um jogo molhado do início ao fim em Guimarães. O Vitória SC esteve perto de derrotar novo grande em casa esta temporada. Depois de vencer o Sporting, a turma orientada por Álvaro Pacheco falhou por pouco o triunfo na receção ao Benfica. Foi ao cair do pano que os campeões nacionais salvaram o empate no Minho graças a Arthur Cabral (2-2).
Num relvado muito difícil no Estádio D. Afonso Henriques devido à forte chuva que se fez sentir, os vimaranenses, que somaram o quinto duelo seguido sem perder no seu reduto, foram, certamente, algo surpreendidos pela abordagem inicial de Schmidt.
Depois do nulo averbado na temporada transata no Castelo, o alemão surpreendeu ao entrar sem uma referência ofensiva, apesar do bom momento de forma Arthur Cabral. O Vitória manteve o onze base, entrando apenas Charles para o lugar do lesionado Varela, e mostrou-se muito aguerrido desde o apito inicial.
Os encarnados sentiram dificuldades em impor o seu jogo frente à formação da casa e foi sem surpresas que, aos 33 minutos, se viram a perder no Minho. Kokçu fez falta sobre Tomás Ribeiro dentro da área e Tiago Silva abriu a contagem de grande penalidade. Di Maria, que já havia aberto o livro antes, respondeu ao penálti com um cruzamento de trivela para o remate certeiro de outro Silva, no caso Rafa.
Álvaro Pacheco tinha avisado na antevisão e a 'Sociedade dos Silvas' voltou a provocar estragos na segunda parte. Aos 61 minutos, num lance pela direita, Jota Silva, um dos principais municiadores dos ataques da equipa da casa, fez o cruzamento para o outro dos Silvas da equipa, o André, desviar para dentro da baliza encarnada.
A emoção teimava em não desaparecer e, apenas quatro minutos depois do Vitória se voltar a adiantar, Borevkovic foi mais cedo para o balneário por conta de um falta sobre o médio Florentino Luís. Se se esperava que o Vitória encurtasse linhas com esta expulsão, isso foi algo que não aconteceu.
Os vimaranenses alteraram a estratégia e, mesmo com menos um homem no ataque. não deixaram de causar calafrios ao adversário. Apesar do Benfica, a espaços, ir criando novas ocasiões, foi o pé esquerdo de Trubin que impediu o golo que parecia certo de Jota Silva.
Nos últimos minutos, Di María voltou a acionar a batuta para, mais uma vez, desbravar as 'Silvas' minhotas rumo ao resultado final. Um cruzamento teleguiado do argentino acabou na cabeça de Arthur Cabral, que havia entrado ao intervalo, que sentenciou a igualdade em cima do minuto 90. Pela segunda época consecutiva os encarnados deixam pontos em Guimarães, depois do nulo registado na temporada transata.
Mas vamos às notas da partida:
Figura
Jota Silva não marcou no encontro, mas foi o elemento em maior destaque na partida. Saiu desgastado nos últimos minutos do encontro, depois de ter sido uma verdadeira dor de cabeça para a defesa encarnada.
Surpresa
Di María provou que está em grande forma. Mesmo a jogar num terreno de jogo que não é propício a um jogador tão virtuoso como é o argentino, a verdade é que o camisola 11 das águias foi quem salvou a pele à equipa. Assinou as duas assistências que permitiram que o Benfica recuperasse duas desvantagens
Desilusão
Falta desnecessária de Borevkovic. Até estava a fazer uma exibição conseguida, mas a entrada displicente sobre Florentino Luís deitou tudo a perder.
Treinadores
Álvaro Pacheco
O treinador dos vimaranenses deve sair do encontro orgulhoso com a exibição dos seus jogadores. Foi por minutos que o conjunto minhoto não arrancou uma vitória diante dos campeões em título. O trio formado por Tiago Silva, Jota Silva e André Silva deu água pela barba ao Benfica. Foram mais inteligentes do que o rival no aproveitamento do mau estado em que o relvado estava.
Roger Schmidt
Surpreendeu ao deixar Arthur Cabral no banco de suplentes, algo que descaracterizou a equipa. Depois de algum equilíbrio no início do encontro, as águias foram incapazes de controlar a imprevisibilidade dos homens mais avançados do Vitória SC. É certo que o mau estado do relvado não ajudou a equipa a colocar em prática o seu estilo de jogo habitual, mas os encarnados demoraram a perceber isso mesmo. Procuram sempre a bola no pé e, por vezes, foram traídos pelas poças de água. A magia de Di María salvou a noite.
Arbitragem
Trabalho competente da equipa liderada por Luís Godinho. O árbitro de Évora teve alguns erros, mas sem influência no resultado final. Decidiu bem na marcação do penálti que seria convertido por Tiago Silva e na expulsão de Borevkovic, lances capitais do jogo, ambos sem a ajuda do VAR Hugo Miguel. As condições do terreno de jogo não ajudaram, mas, ainda assim, o trabalho do juiz da partida foi positivo.
Leia Também: Arthur Cabral salva Benfica no dilúvio minhoto e águias seguram liderança