Das goleadas à 'porta giratória'. FC Porto e Portimonense reencontram-se

A última vez que os algarvios ganharam ao FC Porto foi em 1987. Os dois clubes têm sido conotados, nos últimos anos, com alguma proximidade no mercado de transferências, pois foram protagonistas de dezenas de negócios.

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David Silva
06/03/2024 07:24 ‧ 06/03/2024 por David Silva

Desporto

I Liga

A 25.ª jornada da I Liga portuguesa começa com um duelo entre FC Porto e Portimonense, em Portimão, a partir das 18h45 (hora de Portugal Continental). Aparenta ser apenas mais um jogo do calendário mas, consoante as cores 'clubísticas' dos adeptos, este é um desafio que desperta paixões (e suspeições).

O registo histórico entre as duas equipas, muito favorável ao FC Porto, e os negócios protagonizados entre as duas equipas, no passado recente, motivam acusações de proximidade entre as duas equipas, se bem que nunca houve acusações formais de quaisquer ilícitos entre os dois emblemas. Neste artigo, vamos olhar aos factos.

Num total de 44 jogos, houve somente quatro triunfos do Portimonense, quatro empates e 36 vitórias  para o FC Porto. Um duelo desigual também em termos de golos - 116 marcados pelos portistas, enquanto que os algarvios obtiveram apenas 24, quase cinco vezes menos. 

Olhando mais ao detalhe para o histórico entre as duas equipas, é de sublinhar a série invencível do FC Porto sobre o Portimonense - 22 jogos, desde 1987 até à atualidade. A última vez que o emblema algarvio celebrou diante dos dragões foi a 14 de março de 1987, com um único golo de um avançado brasileiro chamado Luciano. Curiosamente, foi a equipa que viria a ser campeão europeia, com nomes como Futre, Rabah Madjer ou João Pinto a soçobrar em Portimão. Nas quatro vitórias obtidas pelo Portimonense, o resultado foi igual: 1-0. 

No passado recente, o resultado tem sido, invariavelmente, uma vitória para o FC Porto. Nos últimos cinco jogos, o Portimonense não marcou, sequer, ao FC Porto, apesar de ter sofrido 14 golos. Um registo que dá confiança aos homens de Sérgio Conceição, na antecâmara de mais um desafio entre os dois emblemas.

'Portas giratórias' entre Porto e Portimão

Nos últimos dez anos, dezenas de transferências foram efetuadas entre os dois clubes, tanto para um lado, como para outro. Uns nomes são mais conhecidos do que outros - Paulinho ou Wilson Manafá são exemplos de jogadores que tiveram chances na equipa principal, mas a grande maioria passa por jogadores menos conhecidos contratados pelo FC Porto ao Portimonense, ou vice-versa.

Em 2015/16, a direção de Pinto da Costa pagou 3,5 milhões de euros por Danilo Pereira, médio que nunca jogou sequer no clube. Teodoro Fonseca, acionista maioritário da SAD do Portimonense, era detentor de parte do passe do médio do Marítimo e recebeu esse valor. Em 2018/19, foram vários os negócios. Ewerton (2M€), Rafa Soares (1,5M€), Paulinho (3M€), Manafá (7M€) e Rui Costa (não declarado) foram comprados pelo FC Porto, num total de 14 milhões de euros. Paulinho foi contratado e vendido na mesma época, com 500 mil euros de lucro para o Portimonense.

Sucedem-se os negócios e os jogadores que protagonizaram mais do que uma transferência entre os dois clubes, como Bruno Costa, Ewerton, Chidera Ezeh, Gleison ou o já referido Paulinho. O caso mais paradigmático, e em que mais milhões estiveram envolvidos, foi mesmo o de Shoya Nakajima.

Considerado um dos grandes jogadores da I Liga fora dos três grandes, na altura, Nakajima foi vendido pelo Portimonense por um valor recorde de 35 milhões ao Al-Duhail, do Qatar, em 2018/19. Fez 16 jogos em cinco meses pelo clube asiático, e foi comprado pelo FC Porto por 12 milhões de euros, por 50% do passe. Theodoro Fonseca intermediou a transferência do japonês para o FC Porto. Mais uma vez, não se afirmou na Invicta e ainda seria emprestado de novo a clube de Portimão, antes de sair para a Turquia, em 2022.

Em 2021, a imprensa nacional noticiou, ainda, que Theodoro Fonseca financiou os dragões em 13,4 milhões de euros através da sociedade offshore For Gool, numa operação que levantou dúvidas ao fisco. Desde aí, não são conhecidos desenvolvimentos do caso. De resto, o empresário foi alvo de um processo da FPF por intermediação ilegal de jogadores (entretanto arquivado) e alvo de buscas pela Polícia Judiciária. 

O mais recente capítulo do mercado de transferências que motiva as suspeições alheias é a transferência de Samuel Portugal, guarda-redes brasileiro que alinhou no Portimonense, entre 2019 e 2022, antes de assinar pelo FC Porto. 

Segundo o mais recente Relatório e Contas consolidado da SAD portista, divulgado no dia 28 de fevereiro pela CMVM, o FC Porto comprou mais 35% do passe do guarda-redes (totalizando 90%), que aguarda ainda a estreia pela equipa, quase dois anos depois de assinar. Apesar disso, o brasileiro custou, no total, quase quatro milhões de euros.

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