O duelo entre Benfica e Arouca a contar para a penúltima jornada da I Liga, agendado para este domingo, ditará, possivelmente, o adeus de Rafa Silva ao Estádio da Luz, após oito temporadas ininterruptas de ligação às águias. Sem acordo para a continuidade no plantel da próxima época, o avançado prepara-se para a despedida de um ciclo em que a globalidade dos benfiquistas estará amplamente grata.

Desde 2016/17, altura em que deixou o Sporting de Braga, Rafa Silva destacou-se em todas as temporadas de águia ao peito, pese embora nem sempre com a regularidade que desejaria. É caso para dizer que, após as '7 Maravilhas' ao longo das sete temporadas que estão para trás, o tom da despedida na oitava época acaba por ser assinalável, fruto dos melhores números alcançados em toda a carreira.

Na presente temporada, apesar da contestação em torno dos resultados do Benfica, o atacante de 30 anos ultrapassou o recorde de jogos numa temporada (51 até ao momento) e ainda está a tempo de bater a sua marca máxima de golos e de assistências. Perante um recorde de 21 tentos certeiros numa época (2018/19), Rafa Silva segue com 20 a faltar dois jogos para o término do contrato, sendo que, no que toca a passes para golo, os atuais 14 estão ainda distantes dos 17 registados em 2021/22.

Somando golos e assistências, a conclusão é óbvia: a segunda temporada de Roger Schmidt no Benfica - marcada apenas pela conquista da Supertaça - coincidiu com aquela que foi a melhor época de Rafa Silva nas águias (e na carreira), com 34 participações em golos, apesar do mais recente 'apagão' das últimas semanas. E os melhores momentos com impacto no sucesso da equipa? Onde ficaram?

Não faltaram momentos dignos de registo

O avançado português, que renunciou à seleção nacional em setembro de 2022, não esteve em destaque apenas em jogos contra os rivais FC Porto e Sporting, mas também em duelos da Liga dos Campeões. Curiosamente, tanto nos Clássicos, como nos dérbis, Rafa Silva deu sempre mais nas vistas no Dragão e em Alvalade, respetivamente, do que na Luz.

Contra o FC Porto, o mais recente destaque aconteceu na temporada passada, quando marcou o único golo do Clássico no Dragão (0-1), na primeira volta, cimentando a liderança das águias por essa altura, culminando mais tarde no título de campeão. Já antes disso, em 2018/19, na sequência da entrada de Bruno Lage para o lugar de Rui Vitória, o atacante tratou de se juntar a João Félix na remontada frente aos azuis e brancos (1-2), numa época em que o Benfica acabaria por recuperar de uma desvantagem de sete pontos para fazer a festa de campeão.

Rafa Silva sabe o que é ser decisivo nos Clássicos disputados no Estádio do Dragão.© Getty Images  

Já diante do rival Sporting, o exemplo de maior destaque teve lugar na época 2019/20, quando Rafa entrou apenas aos 74 minutos e tratou de rubricar os dois golos que conduziram ao triunfo no dérbi (0-2), aos 80 e aos 90+9', numa temporada em que, ao contrário do que acontecera na época transata, seria o Benfica a perder uma vantagem de sete pontos para o rival FC Porto.

Ainda em território nacional, houve dois duelos específicos frente ao Sporting de Braga, a sua antiga equipa, em que o seu nome voltou a dar que falar. Em abril de 2019, na caminhada até à reconquista, Rafa Silva enganou três adversários aos ziguezagues e rubricou um dos seus melhores golos da carreira ao assinar o 1-4 na Pedreira, sendo que, mais recentemente, em maio do ano passado, a sua arrancada desde meio-campo na Luz valeu o 1-0 na receção aos bracarenses, naquele que foi mais um golo crucial na conquista de outro campeonato.

Já fora de portas, dado que as '7 Maravilhas' não ficaram por por aqui, também na época passada, os benfiquistas dificilmente esquecerão o calcanhar diante da Juventus (4-3), naquela que foi uma fase de grupos da Liga dos Campeões irrepreensível por parte dos pupilos de Roger Schmidt, entre outros momentos de clarividência nas provas europeias, desde a Liga Europa aos grandes jogos da prova milionária.

Em oito temporadas, Rafa Silva não teve grandes dificuldades para entrar no top50 dos futebolistas com mais jogos de águia ao peito, e, apesar das comparações com Alejandro Grimaldo (que saiu a custo zero sem renovar), sairá do Benfica com o selo de que foi um dos melhores jogadores a passar pela Luz, tornando-se mesmo no 22.º jogador de sempre com mais jogos pelos encarnados (325), ultrapassando recentemente nomes como Carlos Manuel (314), Pietra (314), Chalana (311), Diamantino (309) e André Almeida (308). Resta saber qual o voo que se segue para o avançado de 30 anos.

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