O Benfica falhou na missão de alcançar o bicampeonato, esta temporada, ao perder o título para o rival Sporting, já depois de alguns meses de intensa contestação do público da Luz à equipa, sendo que a fatia maior das críticas foi dirigida, sobretudo, a Roger Schmidt.
Ainda assim, a continuidade do treinador alemão para a próxima temporada parece ser um cenário do agrado da direção encabeçada por Rui Costa, pelo que, a concretizar-se, será a sua terceira época consecutiva ao serviço das águias - uma marca máxima na sua carreira de treinador já atingida noutras paragens, embora sem o sucesso desejado.
Já depois de ter encerrado a carreira no discreto Delbrucker, em 2005, Roger Schmidt abraçou o cargo de treinador dessa mesma equipa durante três temporadas, seguindo-se o Preussen Munster e o Paderbon, até sair para a Áusria, com duas temporadas no RB Salzburgo (com a conquista de um campeonato e de uma Taça), entre 2012 e 2014, naquele que seria o início de uma caminhada digna de registo no futebol europeu... e não só.
No seu regresso à Alemanha, o treinador de 56 anos abraçou o projeto do Bayer Lervekusen e, após uma taxa de vitórias a rondar os 50% nas primeiras duas épocas, seguiu-se uma terceira temporada que culminou no seu despedimento, em março de 2017, logo após uma goleada diante do Borussia Dortmund. O mesmo cenário acabaria por acontecer no Beijing Guoan, uma vez que rumou à China em julho desse ano, abandonado também a equipa à terceira temporada, com a época sensivelmente a meio, em julho de 2019, já depois de ter arrecadado uma Taça. O terceiro capítulo em nenhum dos lados correu bem.
Roger Schmidt venceu o campeonato português na sua época de estreia no Benfica.© Getty Images
Após praticamente um ano sem qualquer desafio, Roger Schmidt rumou aos Países Baixos para treinar o PSV e, em duas temporadas, a conquista de uma Supertaça e de uma Taça (ambos os feitos em 2021/22) 'catapultou' o técnico para a sua atual aventura no Benfica, onde venceu o campeonato da época passada e a Supertaça disputada no passado mês de agosto.
À terceira é de vez?
Apesar de não ser oficial a permanência do técnico germânico para lá do próximo verão, o que é certo é que tem contrato válido até 2026, rubricado em março de 2023, ainda antes do fecho da temporada passada, sendo que, curiosamente, foi a partir daí que a taxa de sucesso dos encarnados baixou de forma algo considerável. Após uma temporada praticamente irrepreensível, coroada com a conquista da I Liga e com o alcance dos 'quartos' da Liga dos Campeões, seguiu-se uma época algo 'turbulenta' na Luz, apesar do bom arranque, com a Supertaça arrecadada no Clássico frente ao FC Porto (2-0), em Aveiro.
Clubes | Épocas | Jogos | Vitórias | Taxa de sucesso | Troféus |
RB Salzburgo | 2 | 92 | 63 | 68,5% | 2 |
Bayer Leverkusen | 3 | 130 | 62 | 47,7% | 0 |
Beijing Guoan | 3 | 78 | 41 | 52,6% | 1 |
PSV | 2 | 104 | 69 | 66,3% | 2 |
Benfica | 2 | 110 | 78 | 70,9% | 2 |
Por comparação à passada edição da I Liga, a verdade é que as águias apenas somaram mais um empate (4) e mais uma derrota (4), algo que revelou ser suficiente para permitirem a festa do Sporting na antepenúltima jornada da I Liga. Já na Liga dos Campeões, aquela frase de grupos que deixou para trás os poderosos Paris SG e Juventus deu lugar a uma etapa em que o conjunto da Luz se viu 'aflito' para, imagine-se, confirmar a queda para a Liga Europa, tendo corrido o risco de acabar o grupo em último. Em sentido inverso, o Benfica 'trilhou' um caminho ligeiramente mais extenso na Taça de Portugal e também na Taça da Liga, mas caiu nas 'meias' de ambas.
O investimento foi alto e as expectativas dos adeptos estavam bem lá em cima, pelo que uma parte do público da Luz não poupou nos assobios e até nas tarjas contra Roger Schmidt, sobretudo, quando o técnico perdeu a paciência com a contestação ao ponto de chegar a pedir para que os adeptos ficassem em casa em vez de assobiarem. A simbiose deu, rapidamente, lugar à turbulência e, mesmo depois de triunfos, o treinador alemão não se livrou dos protestos, sendo os exemplos mais recentes as vitórias diante de Olympique Marseille (2-1) e Farense (1-3).
Importa, agora, perceber se, caso permaneça na Luz, Roger Schmidt - que até alcançou mais pontos do que Rúben Amorim e Sérgio Conceição no Sporting e no FC Porto, respetivamente, nestas duas temporadas - aproveitará o seu terceiro ano no mesmo clube para ser altamente bem-sucedido, avistando até voos maiores, ou se cumprirá a 'tradição' de ser demitido no terceiro capítulo de uma obra que certamente se idealiza como sendo a melhor possível. À terceira é de vez? A seu tempo saberemos...
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