António Miguel Cardoso, presidente do Vitória SC, realizou uma conferência de imprensa esta quarta-feira para anunciar a saída de Álvaro Pacheco do comando técnico, após ter aceitado o seu pedido de demissão, passando de imediato à apresentação de toda a linha das últimas semanas que conduziu à desvinculação entre ambas as partes.
"A um jogo do fim do campeonato, este é o momento oportuno para esclarecer os vitorianos de todos os factos desde há três jornadas envolveram a relação de Álvaro Pacheco com o Vitória. É o tempo preciso para o fazer porque, no passado dia 27 de abril, a partir do jogo em casa com o Boavista (1-0), o Vitória tinha legítimas aspirações de ascender aos lugares cimeiros da classificação, o que exigia de todos os intervenientes total dedicação de todos, com foco exclusivo nos três últimos jogos do campeonato. Para isso mostrou-se necessário que os graves problemas com que nos confrontámos no dia 29 de abril [almoço de Álvaro Pacheco com responsáveis do Cuiabá] fossem tratados de forma sensata a não desestabilizar a equipa, no foco dos seus objetivos. Seguramente que os mais apaixonados pelo Vitória, concordarão que, atendendo aos factos que vão ser relatados, este é o momento para falar", começou por dizer.
"No dia 28 de abril, o presidente do Vitória foi contactado por um representante de Álvaro Pacheco, que queria reunir-se com um clube brasileiro. O presidente não se opôs, mas com a condição de que acontecesse de forma discreta e totalmente sigilosa, condição que deixou bem clara. Imediatamente após essa conversa, o presidente recebeu uma chamada do treinador Álvar Pacheco a agradecer o facto de não se ter oposto à realização da dita reunião, deixando claro que seria uma reunião discreta e sigilosa. Nunca informaram o dia e o local onde se iriam eu reunir, entretanto o Vitória tinha agendado um evento para o dia 29 de abril, com a participação de jogadores, treinador e elementos do departamento técnico, com o objetivo de fortalecer as relações", referiu de seguida.
"Surpreendentemente, o treinador faltou a esse evento sem informar qualquer responsável do Vitória. Ao que se sabe, apenas fez saber da ausência a um dos capitães do Vitória, alegando motivos pessoais. Na manhã de 30 de abril, os jogadores são confrontados com uma imagem nas redes sociais, com um comentário a referir se o treinador iria resistir ao chamamento brasileiro. De imediato, o presidente do Vitória ligou para o representante do treinador, dando conta da gravidade dessa situação e do seu desgrado com o completo desrespeito face às condições referidas. Perante isso, o treinador Álvaro Pacheco tinha de clarificar se estava na disposição de permanecer como treinador do Vitória até ao final da próxima temporada ou se queria desvincular-se de imediato. A resposta foi que a intenção era de abandonar o Vitória no final da presente época. Com o avançar do dia 30 de abril, o presidente foi informado de que o treinador Álvaro Pacheco abordou adjuntos, inclusive da estrutura, antes de se juntar ao clube, para seguir nessa aventura", prosseguiu.
"O Vitória tomou ainda conhecimento de que Álvaro Pacheco havia mantido com o mesmo clube brasileiro diversas reuniões, por videoconferência, sem dar conhecimento disso aos responsáveis do Vitória. Ontem, o presidente do Vitória SC foi contactado pelo representante de Álvaro Pacheco, informando de que treinador apresentava a sua demissão com efeitos imediatos. Face às circunstâncias, foi aceite. O último jogo do campeonato será abraçado por Rui Cunha juntamente com outros treinadores da casa, que de imediato assumiram essas responsabilidades. Estes são os factos. Sobre eles os vitorianos formarão as suas conclusões. Por último, não podemos deixar de relembrar o seguinte. No Vitória todos somos prescindíveis. Todos temos obrigação de defender e salvaguardar o interesse do emblema, que devemos honrar e proteger", completou.
Já depois de ler o comunicado aos jornalistas, António Miguel Cardoso foi confrontado com o alegado interesse em Rui Borges para a sucessão do técnico de 52 anos, bem como se a sua saída aconteceria a custo zero, algo sobre o qual o líder máximo dos vimaranense não tardou em responder.
"Sim, o treinador sai a custo zero porque nós, perante estes factos, a três dias do último jogo da época, não podemos ficar reféns de uma situação destas. O Vitória tem de planear a próxima época. Por isso, foi sempre do nosso cuidado ter essa preocupação, com alguém ao leme que esteja preocupado com o emblema. Percebemos que não seria possível com Álvaro Pacheco. Chegamos a uma situação em que não tínhamos outra hipótese. Rui Borges é o próximo alvo? Óbvio que estamos atentos ao mercado. Será algo falado a partir da próxima semana, dado que esta ainda temos um jogo importante, com muita vontade de fazer um grande jogo em Arouca", atirou.
Álvaro Pacheco viu o processo da sua mudança para o Brasil ser acelerado nas últimas horas e apresentou-se na academia dos vimaranenses apenas para as despedidas, esta quarta-feira, duas semanas depois de ter recusado sair para o Cuiabá antes do fecho da temporada, num almoço em Lisboa que tanta polémica gerou no seio vimaranense,
Recorde-se que o treinador que se destacou no Vizela chegou ao Vitória SC no passado mês de outubro para ocupar o lugar deixado por Paulo Turra, numa época em que Moreno Teixeira e João Aroso tinham orientado a equipa nas primeira e segunda jornadas da I Liga (com uma eliminação europeia pelo meio).
Álvaro Pacheco levou a sua equipa até às 'meias' da Taça de Portugal, onde foi travada pelo FC Porto, tendo ainda mantido a expectativa de lutar pelo pódio, embora a derrota no dérbi do Minho, diante do Sporting de Braga (2-3), no passado sábado, tenha deixado os vimaranense sem hipóteses de ir além do quinto lugar, de acesso à Liga Conferência Europa.
[Notícia atualizada às 12h33]
Leia Também: Oficial: Vitória SC aceita pedido de demissão de Álvaro Pacheco
Leia Também: Álvaro Pacheco de saída do Vitória SC antes de terminar a época