Depois de uma fase de grupos sofrida, que começou com um primeiro desaire com os helénicos e acabou com uma vitória no 'mata mata' com a Espanha, Portugal bateu a Inglaterra nuns 'quartos' para a lenda e conquistou a sua primeira final com um triunfo claro sobre os Países Baixo nas 'meias'.
Quando tudo apontava para o primeiro título, e Portugal parecia a "força que ninguém pode parar" de que 'falava' Nelly Furtado no hino do Euro2004, o 'onze' de Luiz Felipe Scolari caiu de novo face à surpreendente Grécia, como na abertura.
Um golo de Angelos Charisteas, de cabeça, após um canto, aos 57 minutos, transformou o sonho em pesadelo, depois de um mês de grande festa em volta da seleção, com bandeiras em cada janela e milhares a escoltar cada viagem do autocarro luso, em imagens que ficarão para sempre na memória coletiva.
Tudo acabou como começou, com uma enorme frustração, mas, pelo meio, a seleção lusa mostrou grande alma e fez sonhar o país, sobretudo pelo que fez face à Espanha (1-0), a fechar a primeira fase, e à Inglaterra (6-5 nos penáltis, após 2-2 nos 120 minutos), nos quartos de final.
Qualificado na qualidade de anfitrião, Portugal não convenceu na longa fase preparação, sob o comando do técnico que tinha levado o Brasil ao 'penta' em 2002, ao sofrer algumas derrotas preocupantes, incluindo um 0-3 com a Espanha.
A desconfiança era generalizada e o cenário piorou muito com a estreia, a primeira derrota face à Grécia, por 2-1, num embate em que Portugal só marcou nos descontos (90+3 minutos), pelo emergente Cristiano Ronaldo.
Os alarmes dispararam e Scolari foi 'obrigado' deixar-se de 'teimosias' e a promover ao 'onze' jogadores como Deco, Ricardo Carvalho e Nuno Valente, todos campeões europeus pelo FC Porto, e ainda o benfiquista Miguel.
A equipa respondeu com um indispensável triunfo sobre a Rússia, por 2-0, selado por Maniche e o suplente Rui Costa, num jogo em que o ex-guarda-redes de Benfica e FC Porto Ovchinnikov ajudou, ao ver o vermelho direto aos 45 minutos.
Apesar do triunfo, Portugal estava obrigado a vencer a Espanha - que, por seu lado, não podia perder -- e, com Cristiano Ronaldo no 'onze', em vez de Simão, consegui-o, com um golo aos 57 minutos, altura em que Nuno Gomes, mais um jogador que começara no banco, bateu Casillas (1-0).
Nos 'quartos', viveu-se na Luz o que teria sido uma final de sonho, com Portugal a superar a Inglaterra, de Sven-Goran Eriksson, no desempate por pontapés da marca da grande penalidade, após duas horas de enorme intensidade.
A 'lotaria' foi decidida de forma dramática pelo guarda-redes Ricardo, que defendeu, sem luvas, o remate de Darius Vassell e apontou o 6-5 final, isto depois de, pelo meio, Hélder Postiga ter convertido um penálti à 'Panenka', que, se tivesse falhado, teria custado o adeus de Portugal.
Nos 120 minutos, os ingleses adiantaram-se muito cedo, com um tento de Michael Owen (três minutos), mas o 'banco' luso deu a volta ao jogo - Postiga (83) e, novamente, Rui Costa (110) -, para, aos 115, Frank Lampard forçar o prolongamento.
Já sem França, Itália e Alemanha, a equipa lusa passou a ser a principal favorita e confirmou-o nas 'meias', face aos Países Baixos, vencendo de forma mais convincente do que o 2-1, selado por Ronaldo e um 'golão' de Maniche, aparenta.
A primeira final estava conquistada, mas, então, o talento da equipa lusa voltou a esbarrar no pragmatismo dos surpreendentes gregos, vencedores com um tento de Charisteas, que deixou Portugal em lágrimas.
Leia Também: Pré-Euro'2024: Alemanha sofre para vencer, Inglaterra derrotada em casa