No terceiro particular do estágio que antecede a participação no Euro'2024, esta terça-feira, Portugal ganhou por 3-0 frente à Irlanda e encontrou finalmente o que tanto procurava: uma vitória sem golos sofridos. Cristiano Ronaldo regressou à equipa das quinas e mostrou que com ele em campo há mais magia, num jogo em que o pé esquerdo foi o dominante.
Roberto Martínez procurou corrigir os problemas defensivos apresentados nas partidas frente a Islândia e Croácia, tendo, talvez por isso, adotado o esquema de três defesas-centrais. Com Pepe já recuperado - e a liderar o setor - Portugal manteve a baliza inviolada, ainda que algumas hesitações de Diogo Costa e uma desatenção de Gonçalo Inácio tenham provado que ainda há detalhes a afinar na Alemanha.
João Félix foi o destaque da primeira parte e só descansou quando desfez o nulo. Aos 18 minutos, na sequência de um canto curto, a bola chegou ao avançado que, de pé esquerdo, marcou o primeiro golo. Estava inaugurado o marcador.
Cristiano Ronaldo cansou-se de ver o espetáculo de Félix e quis, também ele, receber palmas dos 30 mil adeptos que encheram o Estádio Municipal de Aveiro. Aos 22 minutos, o craque bateu um livre direto e só a barreira salvou a Irlanda de sofrer o segundo.
Se Félix e Ronaldo brilhavam no ataque, no meio-campo estava Bruno Fernandes a querer fazer a diferença. Uma verdadeira 'bomba' (28') passou perto da baliza e deixou o grupo de John O'Shea com a certeza de que o jogo seria tudo menos fácil.
Pepe, que realizou, à semelhança de Cristiano Ronaldo e Rúben Neves, o seu primeiro jogo neste estágio, levou os portugueses a levarem as mãos à cabeça quando aos 30 minutos de jogo se atirou para o chão com queixas. O central foi pisado e ainda chegou a equacionar-se uma substituição forçada (que acabou por não se verificar). Durante a curta ausência de Pepe, a Irlanda esteve perto de marcar o primeiro, em mais um erro defensivo de Portugal.
Já em cima do intervalo, pediu-se grande penalidade. Cristiano Ronaldo foi 'atropelado' na área, mas Chris Kavanagh mandou seguir. O avançado, como já nos habituou, reagiu mal à decisão.
Portugal regressou para a segunda parte com cinco mexidas. Nélson Semedo, Danilo Pereira, Rúben Neves, Nuno Mendes e Diogo Jota queriam acrescentar qualidade à partida, mas acabou por ser o sujeito do costume a dar novo fôlego à equipa. Aos cinquenta minutos, Ronaldo protagonizou o momento do jogo. Recebeu a bola de pé direito, puxou para o outro lado e deixou Kelleher a apreciar mais um momento de pura magia. Estava feito o segundo.
Aos 54 minutos, novo lance duvidoso na área da Irlanda. Diogo Jota caiu em cima da linha e o árbitro, depois de consultar o VAR, voltou a não querer dar penálti.
O terceiro - e último golo - foi novamente apontado por Cristiano Ronaldo. Diogo Jota encontrou o avançado do Al Nassr e o pé esquerdo, que ontem esteve afinado, voltou a causar estragos.
Matheus Nunes ainda entrou em campo, aos 77 minutos, substituição que permitiu um aplauso a João Neves, que é sem dúvida uma das figuras mais acarinhadas dos 26 convocados para o campeonato da Europa.
Figura
Cristiano Ronaldo conseguiu 'roubar' o protagonismo que, durante alguns minutos, pertenceu a João Félix. Fez dois golos bonitos e mostrou que a sua liderança ajuda a ter maior concentração. A titularidade na estreia de Portugal no Euro'2024 parece garantida.
Surpresa
João Félix esteve perto de ser o homem do jogo. Um golo inspirado ajudou Portugal a entrar bem na partida, mas a segunda parte, menos conseguida, entregou a Ronaldo o prémio da noite.
Desilusão
Rafael Leão teve um início de partida promissor, mas logo se percebeu que dele não se poderia esperar muito. Foi substituído ao intervalo e deu pouco contributo nesta vitória, exibição que contrasta com a que fez frente à Croácia.
Treinadores
Roberto Martínez: Arriscou com um novo esquema tático neste estágio e conseguiu corrigir grande parte dos erros até aqui apresentados.
John O'Shea: Foi incapaz de anular Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes, João Félix e Cancelo, os jogadores que mais dificuldades criaram.
Árbitro
Chris Kavanagh tem duas decisões duvidosas que marcam o jogo. Na primeira, parecem não restar dúvidas de que Ronaldo foi derrubado em falta; na segunda, foi ao VAR e manteve-se novamente firme na decisão de não marcar grande penalidade
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