"Normalmente, os guarda-redes nunca alcançam os níveis de excelência com esta idade, porque a especificidade da posição leva a que o façam a partir dos 27 anos. Agora, já há muito tempo que o Diogo Costa apresenta qualidade, capacidade e maturidade, jogando com o pé, à mão, fora ou dentro da área e em velocidade. Reúne todas as características essenciais de um guarda-redes e está a mostrar um potencial muito acima da sua idade, sendo, nesta fase, dos melhores do mundo", disse à agência Lusa o técnico, de 64 anos.
Na segunda-feira, Diogo Costa tornou-se o primeiro a defender três grandes penalidades consecutivas num desempate da marca dos 11 metros em Europeus e ajudou Portugal a suplantar a Eslovénia (3-0, após empate 0-0 no final do prolongamento), nos oitavos de final da edição de 2024, para se cruzar com a vice-campeã mundial França nos 'quartos'.
O guarda-redes já tinha quebrado recordes ao serviço do FC Porto na edição 2022/23 da Liga dos Campeões, quando travou três castigos máximos em dois jogos seguidos e até contabilizou uma assistência para golo, numa carreira que já conseguiu deter 12 penáltis.
"Com certeza, ele tinha indicações [sobre o lado preferencial de cada jogador esloveno], mas não o vimos muito a procurar isso. Eu estava no estádio, olhei para ele e não o vi a tentar ver que adversário vinha [a caminho da marca dos 11 metros], algo que vemos muitas vezes outros guarda-redes a fazer. Ele diz que a intuição o levou àquelas defesas todas e, por mais que se treine, essa vertente é importante e decisiva", reiterou.
A 26.ª internacionalização do 'guardião' do FC Porto começou a ser abrilhantada a cinco minutos do final do prolongamento, ao travar com o pé esquerdo, em jeito de 'espargata', um remate frontal de Benjamin Sesko, que se tinha isolado a caminho da baliza nacional.
"Geralmente, um guarda-redes é melhor numa característica do que noutra, mas o Diogo Costa reúne tudo. É muito difícil ser tão bom no jogo aéreo, posicional e com os pés ou a fechar a baliza, tal como fez naquela jogada no prolongamento, em que impediu um golo que poderia ser decisivo. Ele possui qualidades determinantes para ser um guarda-redes de elite e fá-lo com esta idade, tão novo, e sem apresentar nenhuma fraqueza nas várias funções. A capacidade que mostra nesta idade é impressionante", analisou José Peseiro.
Vencedor dos Europeus de sub-17 (2016) e sub-19 (2018) e vice-campeão continental de sub-21 (2021) pelas seleções jovens de Portugal, Diogo Costa estreou-se pelos 'AA' em outubro de 2021 e tornou-se indiscutível cinco meses depois, aquando dos triunfos sobre Turquia (3-1) e Macedónia do Norte (2-0) no play-off europeu de acesso ao Mundial2022.
"Há declarações do Iker Casillas [campeão mundial e bicampeão europeu por Espanha e antigo 'guardião' no FC Porto, de 2015 a 2020], que, em algum momento, lhe perspetivou uma grande carreira. O Diogo Costa jogou no último Mundial e até conquistou o lugar na baliza ao Rui Patrício, que foi decisivo no título de campeão europeu [em 2016]. Ter feito isso na seleção e ser titular indiscutível no clube diz bem da sua qualidade", reconheceu.
Portugal e França lutam pelo acesso às meias-finais da 17.ª edição do Europeu na sexta-feira, a partir das 21:00 locais (20:00 em Lisboa), no Volksparkstadion, em Hamburgo, na Alemanha, oito anos depois do triunfo luso sobre os 'bleus' (1-0, após prolongamento) na decisão de 2016, no Stade de France, em Saint-Denis, graças ao tento do suplente Éder.
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