Vencedora já de um recorde de seis jogos, a 'Roja' chega à capital alemã como a equipa que 'transporta' o futebol bonito, a estética, e tem provado, jogo a jogo, que é possível ganhar pela positiva, sendo considerada favorita a inédito quarto título, apesar de do outro lado estarem Bellingham, Kane, Foden ou Saka.
Precisamente na casa da outra tricampeã continental, a Espanha pode fazer história e tornar-se a primeira a chegar ao 'tetra', repetindo 1964, 2008 e 2012, sendo Jesús Navas, agora como então suplente, o único sobrevivente de há 12 anos.
Se triunfar, ganhará a equipa que, desde o dia 1, encantou, pela qualidade do seu futebol, manifestada em todos os jogos, mesmo quando Luis de la Fuente mudou toda a equipa no fecho da fase de grupos (1-0 à Albânia, após 3-0 à Croácia e 1-0 à Itália).
A Espanha não teve, porém, vida fácil, sobretudo a eliminar, sendo que esteve a perder com a Geórgia (4-1), nos 'oitavos', só se desembaraçou da Alemanha (2-1) aos 119 minutos, nos 'quartos', e, nas 'meias', voltou a estar em desvantagem, com a França (2-1).
Mas, nos seis jogos, os espanhóis nunca perderam a 'compostura', nunca duvidaram, nunca abdicaram de uma certa maneira de jogar que apaixonou, culpa também dos 'miúdos' Lamine Yamal, que cumpre no sábado 17 anos, e Nico Williams, de 21.
Depois, há também Rodri, Fabián Ruiz, Dani Olmo, que, na peugada de Busquets, Xavi e Iniesta, não deixam a Espanha jogar mal, numa equipa que, na máxima força, também poderia ter na final Rodri e Gavi, ambos lesionados, o primeiro nos 'quartos'.
Atrás, o guarda-redes Unai Simón, mesmo não escapando a alguns lapsos, também dá garantias, enquanto Carvajal, Le Normand, Nacho, Laporte e Cucurella conferem experiência.
O 'capitão' é Álvaro Morata, um ponta de lança que é sempre um perigo e ainda há Merino, o do grande golo à Alemanha, Oyarzabal, Grimaldo ou Ferran Torres, todos sempre prontos a conferir qualidade ao jogo espanhol.
Ainda falta, porém, uma última batalha, frente a uma Inglaterra que terá sido uma das equipas mais criticadas durante a competição, face a um futebol que adormeceu mais do que encantou em muitos momentos.
Os ingleses começaram com um triunfo (1-0 à Sérvia) e prosseguiram com duas igualdades (1-1 com a Dinamarca e 0-0 com a Eslovénia), que fizeram 'disparar os alarmes'.
A formação dos 'três leões' entrou para o 'mata mata' repleta de pontos de interrogação e confirmou-os nos 'oitavos', em que, perante a Eslováquia, esteve em desvantagem desde os 25 minutos e até quase ao final dos descontos.
Quando o 'adeus' parecia certo, uma 'bicicleta' de Jude Bellingham, aos 90+5 minutos, num dos momentos mais belos do Euro2024, a par do golo de Yamal à França, salvou o conjunto de Gareth Southgate, depois apurado com um tento de Harry Kane (91).
Também num jogo em que esteve a perder, a Inglaterra precisou dos penáltis para afastar a Suíça (5-3, após 1-1), na redenção de Saka, nos 'quartos', e, nas 'meias', bateu os Países Baixos (2-1) com nova reviravolta, concretizada nos descontos, pelo suplente Ollie Watkins.
Foi complicado, sofrido, o futebol chegou a ser 'sonolento', mas a Inglaterra está de novo a um triunfo do segundo grande título, para juntar ao Mundial de 1966, arrebatado em casa.
Três anos depois, Pickford, Walker, Stones, Trippier, Shaw, Rice, Saka, e Kane podem repetir a presença na final, sendo que, para o 'capitão' Kane, é mais uma oportunidade para, aos 30 anos, conquistar, finalmente, o primeiro título coletivo da carreira.
Espanha e Inglaterra disputam no domingo, pelas 21:00 locais (20:00 em Lisboa), a final Euro2024, em Berlim, com arbitragem do francês François Letexier, de 35 anos, o mais jovem árbitro a ajuizar o jogo decisivo da prova.