A comitiva espanhola voou hoje de Berlim, onde venceu o Campeonato da Europa de futebol de 2024 numa final frente à Inglaterra (2-1), para Madrid, onde aterrou ao início da tarde, pouco depois das 15:00 locais (14:00 em Lisboa).
Depois de uma passagem por um hotel de Madrid, os jogadores irão ao Palácio da Zarzuela, para serem recebidos pelo chefe de Estado de Espanha, o Rei Felipe VI.
Segue-se um encontro ao final da tarde com o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, no Palácio da Moncloa, antes de um percurso num autocarro aberto por ruas centrais de Madrid, até à festa final na emblemática praça de Cibeles, em frente do edifício da câmara municipal e cenário habitual de grandes celebrações de futebol.
A equipa só deverá chegar a Cibeles depois das 21:00 locais e o trânsito será cortado nas imediações e outras ruas centrais da cidade a partir do final da tarde.
Apesar de as autoridades estarem a pedir à população para se dirigir àquele que vai ser o epicentro da festa só depois das 20:00, várias dezenas de pessoas estão desde manhã na praça de Cibeles, onde estão instalados ecrãs gigantes e um palco.
A previsão é que milhares de pessoas saiam à rua hoje em Madrid para saudar a seleção. No domingo à noite, na capital e noutras cidades, milhares de pessoas seguiram já nas ruas, através de ecrãs instalados ao ar livre, a final do Euro2024, em que Espanha derrotou a Inglaterra por 2-1.
Espanha tornou-se no domingo campeã da Europa de futebol pela quarta vez, um recorde na história da competição.
Esta vitória surge num país com uma história recente marcada por divisões internas e movimentos separatistas, que vive um momento político muito crispado e em que tem ganhado protagonismo a extrema-direita, com um discurso anti-imigração e considerado com frequência racista e xenófobo.
Neste contexto, a pluralidade, a multirracialidade e o espírito de equipa e de união da seleção que no domingo conquistou o Euro2024 estão a ser especialmente celebrados e destacados, tanto nos meios de comunicação social como nas ruas.
Especial protagonismo - pelo desempenho em campo e pelas histórias pessoais - estão a ter os jogadores Nico Williams, de 22 anos, filho de imigrantes do Gana que atravessaram o deserto do Saara a pé até entrarem em Espanha, e Lamine Yamal, de 17 anos, nascido nos subúrbios de Barcelona, com pai de Marrocos e mãe da Guiné Equatorial.
"Ambos permitiram (...) dar visibilidade às contradições dos partidos de extrema-direita no debate sobre a imigração e o racismo cada vez mais espalhado na Europa. Espanha não teria sido a mesma sem eles", escreve o jornal El Pais no editorial de hoje.
O jornal acrescenta que "a integração impôs-se ao sectarismo também no modelo de jogo", sem egos ou "ataques de estilo" e com "sentido de equipa", numa seleção "plurinacional" e "afastada da influência habitual do Real Madrid e do Barcelona".
Também o El Mundo destaca hoje no seu editorial que a seleção espanhola "simboliza o potencial de um país diverso, preparado e cheio de talento que quando trabalha unido é capaz de alcançar os objetivos mais ambiciosos".
Na Catalunha, região marcada pelo separatismo nos últimos 15 anos, o El Periódico considera que "uma Espanha jovem, descarada e renovada converteu-se no espelho de um país que mudou, multirracial, diverso".
"A geração Lamine Yamal pede para lhe darem passo não apenas no desporto, mas também no seu envolvimento social. O êxito futebolístico é também uma vitória contra o racismo e a xenofobia, contra as injustiças com os imigrantes", escreve o El Periódico.
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