Em novembro de 2018, Sporting de Braga, CF Fão e Câmara Municipal de Esposende chegaram a anunciar a formalização da compra do complexo desportivo de Fão pelo clube bracarense, que passou a utilizá-lo com várias equipas, com destaque para a equipa B, que milita na Liga 3, que fez dele sua 'casa'.
O clube liderado por António Salvador anunciou, na segunda-feira, a desistência do projeto, acusando o CF Fão de incumprimento do acordado, nomeadamente pelo não licenciamento de utilização do complexo.
Hoje, em comunicado, o CF Fão diz que "não incorreu em qualquer incumprimento do contrato-promessa" com o Sporting de Braga.
À Lusa, o presidente do CF Fão, Paulo Campos, lembrou que o complexo desportivo estava à venda em processo judicial interposto pelos credores do clube, que faliu pelas dívidas contraídas aquando da sua construção, e foi agora adquirido pela SAD do Leixões, por essa via, por cerca de 1,5 milhões de euros (ME).
O dirigente critica a postura do Sporting de Braga no processo, lembrando que o contrato-promessa, em 2018, estabeleceu em cerca de dois ME o preço do complexo e que, depois do "sinal" avançado, nunca concluiu a compra.
No comunicado, o CF Fão nota que a SAD liderada por António Salvador já sabia à data da celebração do acordo que "não existia a licença de utilização relativa" ao complexo desportivo de Fão e que isso não impediu o Sporting de Braga de ter tentado comprar o complexo apresentando uma proposta na execução judicial "por apenas um milhão de euros, ou seja, por um preço muito inferior àquele que contratualmente se tinha obrigado", os tais cerca de 2 milhões de euros.
À Lusa, Paulo Campos acrescenta ainda que o valor mínimo imposto pelo tribunal era de 1,3 ME.
Além disso, frisa o clube do concelho de Esposende, ainda em comunicado, que, "apesar da inexistência de tal licença, o Sporting de Braga não deixou de fazer uso e utilização intensiva do completo, nele tendo realizado, inclusivamente, todos os jogos oficiais da Liga 3 na qualidade de visitado, nem impediu o Sporting de Braga de alugar o espaço a outros clubes e de retirar disso dividendos".
Já a autarquia de Esposende aponta o dedo ao clube de Fão, notando, igualmente em comunicado, que "a responsabilidade pela legalização do complexo desportivo de Fão cabia exclusivamente ao CF Fão, não sendo possível à câmara agir em seu nome ou substituí-lo nesse processo".
A câmara de Esposende diz ainda que, "no decurso do processo de licenciamento do complexo desportivo, constatou-se que o CF de Fão adotou uma agenda própria e, a partir desse momento, deixou de cumprir os compromissos assumidos, o que impediu a legalização do complexo desportivo de Fão em tempo útil. Como consequência dessa demora e na sequência do processo de execução movido contra o CF de Fão, o complexo desportivo foi vendido judicialmente, sem que a câmara municipal se pudesse opor", pode ler-se.
A câmara municipal lamenta a queda da parceria com o Sporting de Braga considerando que "assim se perde uma oportunidade única e irrepetível para o engrandecimento da Vila de Fão e do município".
Ainda assim, sobre a compra da infraestrutura pelo Leixões, nota que a câmara municipal "conseguiu, mesmo assim, assegurar a manutenção da cláusula de reversão, protegendo os interesses da comunidade de Fão e de Esposende".
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