O novo acordo, que ainda não está firmado mas que conta já com uma proposta do município, será debatido na reunião do executivo camarário, na segunda-feira, com a autarquia a querer que este novo contrato lhe devolva outra capacidade de atuação sobre aquele equipamento desportivo que é sua propriedade, nomeadamente a realização de grandes eventos e a sua cedência gratuita a outros clubes do concelho.
No sábado, em comunicado enviado à agência Lusa, a Académica disse que "continua empenhada em conseguir chegar a um consenso" com a Câmara de Coimbra, comprometendo-se a apresentar um programa de desenvolvimento desportivo para garantir que parte das receitas das rendas dos espaços do Estádio Cidade de Coimbra fique na esfera do clube, para apoio à formação e ao futebol feminino.
Para além de assumir esse compromisso, a Briosa afirmou que irá convocar uma assembleia-geral extraordinária, "depois de estabilizado o respetivo contrato, para que os sócios se pronunciem sobre o mesmo".
O grande ponto de discórdia entre município e clube de futebol (que milita na Liga 3) está relacionado com o destino a dar às receitas das rendas dos espaços do Estádio Cidade de Coimbra (na época 2022/2023 a Académica arrecadou 356 mil euros de receitas a partir dessa exploração).
A Câmara de Coimbra entendeu, numa fase inicial de negociação, que as receitas decorrentes dessa exploração deveriam destinar-se "única e exclusivamente" a comparticipar os encargos e custos com a manutenção e conservação do próprio estádio, não devendo financiar quaisquer custos associados com a atividade desportiva do clube de futebol, referiu o município, numa nota de imprensa, na sexta-feira.
No entanto, a Académica apresentou a possibilidade de afetar parte das receitas das rendas a atividades não profissionais, nomeadamente no apoio aos escalões de formação e ao futebol feminino.
Nesse sentido, a Câmara de Coimbra, admitindo alguma abertura negocial, pediu à AAC-OAF um programa de desenvolvimento desportivo detalhado, referindo, na sexta-feira, que o mesmo ainda não tinha sido entregue.
No comunicado da Briosa de sábado, o clube afirma que a autarquia só na sexta-feira é que pediu um programa de desenvolvimento desportivo, mas um documento dos serviços municipais que está associado ao processo e que a agência Lusa consultou afirma que o município pediu "por diversas vezes" esse mesmo documento.
"Até ao momento, a AAC-OAF limitou-se a enviar mapas de despesa referentes à sua atividade desportiva não profissional", nota esse mesmo documento da autarquia.
A Briosa criticou também a versão inicial da proposta do município, considerando que, com essa primeira versão de acordo, o clube tornar-se-ia num "mero departamento de manutenção e conservação do município de Coimbra".
No comunicado, a Académica defendeu que o clube também deveria poder organizar, em parceria com o município, grandes eventos culturais no Estádio Cidade de Coimbra, quando a proposta do município é para que essa responsabilidade passe por completo para a esfera da autarquia.
Recordar que, apesar de a Câmara de Coimbra ter pagado à Everything is New 400 mil euros para que os concertos dos Coldplay em 2023 fossem na cidade, a Académica arrecadou 300 mil euros por parte da promotora pela cedência do espaço, face às condições do acordo atual de gestão do Estádio, que cessa no final deste mês, após a autarquia o ter denunciado em 2023.
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