A prestigiada revista alemã Kicker lançou, na segunda-feira, uma grande reportagem sobre a polémica que envolve Cardoso Varela, jovem do FC Porto que 'fugiu' para a Croácia por forma a comprometer-se com o Dinamo Odranski Obrez, da quarta divisão croata, depois de falhadas as negociações para a renovação de contrato com os azuis e brancos. A ação dos portistas junto da FIFA impediu esta estratégia.
Segundo a referida publicação, a ideia dos agentes Faustino Gomes e Wilson Sardinha seria levar o jovem luso-angolano para o clube crota, que serviria de ponte para ingressar num clube alemão, quando completasse 16 anos, a 29 de outubro. A Kicker teve, inclusive, acesso à carta que o Dinamo Odranski Obrez enviou Federação croata e ao pai - sem referir o seu nome - e à Federação Portuguesa de Futebol.
"Os pais avisaram-nos que o FC Porto iria causar problemas de inscrição, mas nunca esperávamos que um clube tão grande como o FC Porto pudesse causar tais problemas, pressionar e manchar o nome de uma família, especialmente de um menor", refere a carta de Martin Prsir, presidente do clube croata, datada de 10 de julho.
Na mesma reportagem, o alegado pai de Cardoso Varela fala do facto de Cardoso Varela ser vítima de um "clima de terror".
"Ainda me lembro que, no final de dezembro de 2023, dois estranhos fizeram-me uma emboscada e disseram: 'Se o teu filho não assinar um novo contrato com o FC Porto, vais desaparecer para algum lugar e vamos matar-te'. [...] Estou preocupado com os outros jogadores que ainda estão no FC Porto, o meu filho não é a única vítima do terror e da intimidação", garantiu, ele que diz que o jovem está a receber apoio psicológico.
André Villas-Boas, presidente dos dragões, falou do tema à revista germânica, negando as acusações que são feitas aos portistas.
"Mesmo que o Cardoso não volte para o FC Porto, é algo que tem de parar no futebol. Pessoas com más intenções obtêm benefícios pessoais ao transportarem crianças que não têm controlo do seu próprio destino. Estou contra quem está envolvido nestes acontecimentos. Não só para defender os interesses do FC Porto, mas também como cidadão e desportista que luta contra os atos ilícitos no futebol. O senhor Sardinha e o senhor Gomes levaram Cardoso Varela para a Croácia juntamente com o pai, embora o menino nunca nos tenha mencionado que não se sentia confortável no FC Porto. Expressou vontade de continuar, mas tinha medo do 'tio', o senhor Sardinha", vincou.
Villas-Boas afirma que "o pai do menino nunca demonstrou interesse pela carreira do menino, sempre se afastou dele e só reapareceu recentemente".
"Tal como o pai, a mãe já manifestou várias vezes o desejo de que o menino ficasse no FC Porto e está grata pelo que fizemos por ele até agora. Ele não vê a mãe há muitos anos. Infelizmente, parece que ela tem medo de falar com bom senso ao menino e ao Sr. Sardinha", destacou Villas-Boas, que acredita que o jovem "foi oferecido a muitos clubes europeus": "Acreditamos que um grande clube possa estar por trás disso, esperando o aniversário dos 16 anos do Cardoso e depois dando-lhe um contrato profissional. Isto foi-me confirmado em conversas telefónicas com vários diretores-gerais de clubes alemães e diretores desportivos de clubes espanhóis."
Na revista surge também uma suposta mensagem enviada por Wilson Sardinha a Faustino Gomes, agente FIFA. "Irmão Faustino, desculpa, não posso aceitar esta oferta porque não me vai ajudar em nada. Se eles nos derem três milhões de euros, podemos assinar sem problemas. Sofri muito nesta vida", terá escrito Sardinha.
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