Pedro Pablo Pichardo alcançou, esta sexta-feira, a medalha de prata nos Jogos Olímpicos Paris'2024, aumentando para três as medalhas já conquistadas por Portugal nesta prova, mas admitiu retirar-se no triplo salto nos próximos tempos.
"Tenho perdido aquela emoção, aquela felicidade que tinha pelo desporto e tenho vindo a pensar em aposentar-me a partir de hoje. Mas o que está na minha cabeça é ficar aqui já. Parar por aqui. Hoje, já foi a minha última competição. A minha família ainda continua a falar comigo para ver se continuo mais tempo, a saúde está boa, ainda tenho 31 anos, não sei. Vou pensar a ver se continuo", afirmou.
"Há anos tinha prometido a minha mãe que ia acabar nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Os últimos anos têm sido complicados, [com] problemas no clube também. Infelizmente, lá em Portugal, não temos apoio das instituições. O Governo também só olha para o futebol. Nós somos atletas que temos que estar aqui, mas não temos apoio nenhum", criticou.
"A única coisa que eu vou pedir ao Governo, ao ministro, ao Presidente é que apoiem-nos também a nós. Eu sei que aqui, em Portugal, é só futebol, mas somos também atletas, precisamos também de um bocadinho. Não estamos a pedir muito, mas um bocadinho. Daquilo que vocês dão ao futebol, acho que um bocadinho para nós é suficiente", frisou ainda o atleta de 31 anos.
"Eu sempre digo: já estou velho, já tenho três filhas, tenho uma família, tenho 31 anos, já não sou aquele jovem que vai treinar com a mesma emoção do começo. Eu preciso ir treinar com uma boa estrutura. Eu acho que tenho chegado até aqui, tenho conquistado resultados para ter uma estrutura hoje e, infelizmente, em Portugal está difícil. Eu agradeço o apoio da Câmara de Setúbal, também da Federação. Infelizmente, as coisas não têm corrido bem", lamentou.
Pichardo conquistou a segunda medalha olímpica com as cores nacionais© Getty Images
Pichardo admitiu a possibilidade de continuar a representar o Benfica, mas quer uma melhoria das condições que tem atualmente no clube da Luz e com o qual tem um diferendo há alguns meses.
"Já não tenho o apoio que tinha no início. Tenho uma parceira que me ajuda, a Puma, mas é complicado. Eu tenho 31 anos, tenho três filhos, já não estou para isso. Quero também agradecer o apoio da Câmara de Setúbal. As coisas não têm corrido muito bem. Falta apoio para os atletas. Em Portugal é só futebol. Espero reunir-me com o Presidente do Benfica, Rui Costa, para encontrar soluções, e espero que a diretora do clube me deixe em paz, Ana Oliveira", garantiu o luso-cubano.
O atleta diz também que não ter boas condições de treino atualmente, mas que realça que quer ficar no Benfica.
"Eu quero ficar no Benfica, mas com melhores condições e que a diretora me deixe em paz. Vou treinar, vou competir pelo clube, mas não quero ter contactos com a diretora. Eu enviei mensagens ao presidente, que me disse que nos íamos reunir depois dos Jogos Olímpicos", ressaltou, acrescentando: "A Câmara de Setúbal liga para o clube para pedir apoio para andar a emendar os buraquinhos. A tábua não está boa, a caixa de areia não está boa, o ginásio não está... é complicado também. De segunda a sábado, todos os dias aquele treino, com falta de apoio, com falta de condições, também não é fácil."
"Quando fui campeão olímpico em Tóquio, o estádio estava vazio. Hoje aqui foi incrível. Muita diferença e é muito bom estar assim com esse ambiente. Eu não estava à espera de ver tantos adeptos portugueses a apoiar-me. Para mim é muito, muito bom. Não nasci em Portugal, mas sinto-me só português de coração. Vir aqui numa competição deste nível e ter o apoio dos portugueses, só posso estar muito grato, muito grato, eternamente grato", finalizou Pedro Pablo Pichardo.
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