Amorim despede-se emocionado do Sporting: "Vou tão mais descansado..."
A reação do treinador ao triunfo sobre o Sporting de Braga, na zona de entrevistas rápidas da Sport TV.
Notícias ao Minuto | 21:22 - 10/11/2024© Getty Images
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Rúben Amorim protagonizou, este domingo, uma emocionada e derradeira conferência de imprensa, depois de ter conquistado uma dramática vitória sobre o Sporting de Braga, por 2-4, naquele que foi o último encontro enquanto treinador do Sporting.
O antigo internacional português 'abriu o livro' a propósito dos quase cinco anos passados ao leme do conjunto azul e branco, assumiu algumas "teimosias", e aproveitou, ainda, para pedir "desculpa" aos adeptos, pelo facto de partir rumo ao Manchester United a meio de uma temporada que podia revelar-se história.
O novo timoneiro dos red devils recusou, ainda, confirmar que João Pereira, da equipa B, será o seu sucessor. Ainda assim, disse total confiança de que, venha quem vier, irá conseguir manter a equipa estável rumo às vitórias.
Fez um grande trabalho. Tenho de falar com ele, amanhã. Depois, explicarei tudo. Sou muito claro e vou dizer-vos como é. Vamos esperar. Não vamos falar, ainda. Vamos esperar pelas próximas semanas.
Sei como vou jogar, no início, porque temos começar com uma estrutura que conhecemos, e, depois adaptar-nos aos jogadores que temos, às lesões... Não teremos muito tempo para treinar, por isso, terei de pegar em algo que conheço muito bem. Pode levar o que quiser dessa pergunta.
Eu queria muito que a equipa ganhasse, era muito importante ser prático, por tudo o que está a acontecer, no campeonato, por esta semana, pelo que se tornou... Um grande golo de um grande jogador, que chegou ao Sporting e, passado um ano, é capitão. Ao intervalo, quando fui falar com os adjuntos, ouvi-o a gritar no balneário. O Conrad [Harder] tem algumas dificuldades, por ser nórdico, por querer as coisas à maneira dele, por marcar, ir para o banco e não perceber... Fica frustrado, mas, quando é preciso, está lá em todos os momentos. Vai aprender a lidar com isso, porque tem um fenómeno à frente dele. Tem de aprender a lidar com isso, porque vai longe.
É difícil dizer alguma coisa, agora. Fiquei muito orgulhoso, porque é mais do que resultados. Houve treinadores a ganhar mais do que eu, mas eu criei uma ligação diferente com as pessoas. A grande vantagem é que já vivi isto como jogador. Quando acabei a carreira, tinha a minha mulher, os meus filhos e alguns amigos. As coisas desaparecem, literalmente. Ficou tão marcado porque sei o que é importante. A ligação com as pessoas vai ficar mais marcado do que qualquer resultado.
Olhando para o 3x4x3, se tivesse de resumir, a mobilidade dos centrais é completamente diferente do que era no início, e isso melhorámos muito. A construção da equipa melhorou porque os centrais melhoraram na forma de saber ler o jogo. Não éramos muito específicos no que os médios-centro tinham de fazer e dividíamos mais o jogo. Lembro o João Mário, que trocava de lado, o Palhinha que ia muito à frente... Fomos muito mais ao pormenor, especialmente, ofensivamente. Começámos a ter diretrizes para o ataque, com mais dicas, e ficou mais completo. A teimosia do avançado que vem buscar a bola e são os alas que dão profundidade... Agora, é o avançado que dá profundidade e temos jogadores entre-linhas que o podem fazer, o que ajudou bastante. A entrada em quatro também melhorou muito a equipa. O segredo disto tudo foi arranjar melhores jogadores. Os treinadores podem fazer tudo muito bonito. O segredo está na qualidade dos jogadores. Também melhorámos porque melhorámos a qualidade dos jogadores, numa estabilidade diferente, que tornou a equipa melhor.
É difícil... Alex Ferguson foi muito especial, está acima de todos, mas seria difícil escolher alguém. Vou procurar estar com todos eles e ficar com uma imagem mais completa do que é o Manchester United.
Às vezes, trocamos mensagens. Trocávamos mais quando eu vinha cá buscar jogadores e ele dizia 'Estás a lixar-me'. Sempre nos demos bem, devo-lhe muito, foi ele que me ajudou. Nesta fase, não falei com ele, pessoalmente.
Estou tão tranquilo que acho que vai acrescentar coisas novas. Nenhum treinador pode ir em piloto automático, porque a essência de cada um é meter o seu dedo. Não digo que tem de mudar tudo, mas tem de ser inteligente na abordagem. O treinador vende uma ideia, não a ideia do outro. Estou tão confiante no próximo treinador que estou tranquilo. Podem não ter tanta sorte, mas têm competência, vai dar um cunho e novas visões aos jogadores. Só tem de ser o que é, olhar para a equipa. É muito inteligente e vai ver o que pode e não fazer.
Tudo se pode melhorar. Se olharmos para os golos... Temos de olhar para cada jogo e as oportunidades que houve. Hoje, não deixámos o Sporting de Braga criar muitas oportunidades. Considero que os dois golos podiam ter sido evitados pelas jogadores e pela quantidade de perigo. Se olharmos para o jogo do Manchester City, graças a Deus, estava lá o Franco [Israel], porque deveríamos ter sofrido mais golos, na primeira parte. Com o Estrela da Amadora, sofremos muito na profundidade, o Ousmane [Diomande] tem de melhorar muito e temos tido pouco treino. Às vezes, há fases em que sofremos mais golos, outras menos.
Estou muito feliz. Foi uma noite incrível. Sinto-me preparado para o novo desafio. Não sou ingénuo, sei que vai ser muito diferente, mas sinto que estou preparado. Estou em paz, agora. Posso focar-me no novo trabalho. Estou ansioso por começar, amanhã.
Não podemos ir para um sítio e tentar replicar o que se passou aqui. Os campeonatos são diferentes, ainda não sei quais são as carências da equipa. Não sei o que vai acontecer. O Viktor [Gyokeres] é um jogador especial, o Conrad [Harder] vai ficar com o lugar dele, não sei quando. Feliz o clube que tem dois avançados e um plantel tão valorizado para fazer aquilo que tem de fazer.
Sou um produto do futebol português e tenho muito orgulho. O facto de um benfiquista ter este significado para um clube como o Sporting e lidar com isso de forma saudável... Só consigo lidar com isso de forma saudável porque os adeptos do Sporting conseguiram lidar com isso, tirando o primeiro impacto. Depois, também cometi alguns erros, quando comecei, porque estava algo ansioso e refilava com os árbitros. Tive esses problemas. Vocês trataram-me sempre com respeito. Protegi-me muitas vezes. Nas fases más, não podemos ler nada. É um exemplo para os treinadores, especialmente, os mais novos, que estão sempre agarrados às redes sociais. Tive muito orgulho de pertencer ao futebol português. Adoro o meu país. Algo que me deixava muito frustrado era ter de vender jogadores, porque queríamos dar passos em frente, e, em Portugal, temos essa limitação. É fácil estar a falar, porque vou embora, mas os orçamentos das equipas pequenas e grandes começa a fazer diferença no campeonato. É preciso, principalmente, os grandes olharem para isso. Se não nos desenvolvermos todos, vamos ficar ainda pior. O exemplo é de alguém que gostou muito do trabalho, focou-se no que tinha de fazer e acabou por ter sorte. Não sei se fica mais pobre, mas tentei levar isto da melhor maneira e divertir-me.
Houve as festas, mas este é um dos momentos mais marcantes, se não o mais marcante, também porque é a despedida. Contámos a história de todos nós em 90 minutos, e acabou por correr bem. Não esperávamos dois extremos a jogar ao mesmo tempo. A frescura fez diferença, estivemos quase sempre por cima. O Sporting de Braga fechou bem os espaços. O Sporting de Braga esperou por nós. Ainda que não tenhamos sofrido tantas transições defensivas, podíamos ter evitado os dois golos. Faltou alguma velocidade. Houve esperteza do Sporting de Braga, a saber onde tapar e a sair bem para o contra-ataque. Olhando para o resto do jogo, fomos justos vencedores.
Não. Vou torcer. Há um treinador, uma estrutura, e eu vou ter o meu trabalho e os meus jogadores. A verdade é que, a partir de amanhã, vou vestir outra camisola, e serei esta pessoa com outro grupo de jogadores. Vou tentar conhecê-los, estar focado no meu trabalho, e não distrair-me com outras coisas. Simplesmente, vou torcer. Este clube está muito bem orientado, não precisa da minha ajuda. Sou mais um a torcer para que se chegue ao Marquês, porque também ganho o campeonato.
Levou uma pancada, que ficou feio. Não vai ser nada de mais, mas não quis arriscar. O Pote sentiu outra vez... Sentimos, nesta sequência de jogos, que houve alguma sobrecarga. Zero risco. Tínhamos o plantel composto. Na próxima jornada, o Marcus estará.
O sucessor, iremos saber. Não trouxe tudo, deixei lá alguma coisa, que, depois, será entregue. Tenho confiança porque acredito muito nos jogadores e no treinador. Disse aos jogadores que há coisinhas que vão ser diferentes, porque todas as pessoas são diferentes, mas a pessoa que estará no meu lugar tem a mesma essência. Foi uma preocupação grande de toda a gente. Estava planeado, só foi mais cedo. Os jogadores vão ter de continuar a ser muito humildes, porque vão passar por muitas dificuldades. Jogadores como o Quaresma, que, às vezes, não treina tão bem, mas já o conheço e consigo dizer coisas para que não se perca. O Geny... Quem lá está também sabe. Partilhámos informação com toda a gente, é isso que me dá confiança. Se o grupo se mantiver assim, o treinador que vem tem todas as caraterísticas para levar a equipa até ao Marquês.
Sem dúvida, estava muito difícil. Sentia que, se marcássemos, a nossa equipa estava mais fresca. A diferença de tempo entre jogos fez diferença. Eu sabia que, assim que marcássemos um golo, poderíamos dar a reviravolta, mas, até lá, senti que estávamos muito estagnados, com falta de paixão, porque foram semanas complicadas. Os jogadores deram muito, na terça-feira, mas, assim que marcámos, acreditei que conseguiríamos dar a volta. Foi aqui que me apresentei, não sabia bem o que dizer, onde pôr as mãos. O Carlos Carvalhal foi meu treinador, foi muito importante. Queria agradecer, desde já, ao presidente António Salvador, que fez uma aposta muito arriscada, mas senti que confiava muito em mim, ao Hugo Vieira, que trabalhou na formação e sei que fez muita força para eu ser o substituto do mister Sá Pinto. Dava um filme, porque correu tudo bem, é normal. É a sorte que tenho. Tinha de ser assim. Vou muito feliz.
Há coisas que não se explicam. Se calhar, entrou em campo o Vitorino, o Coates, o Neto... Todos esses jogadores entraram, na segunda parte, e foi especial. Foi muito melhor do que na terça-feira, muito mais importante. Toda a gente que passou por aqui, nestes últimos quatro anos, entrou em campo. Não havia maneira de perdermos este jogo. Foi o melhor momento. Já fui campeão pelo clube do meu coração, que era o meu sonho, mas este momento foi inacreditável. O terceiro e o quarto golo tiveram um significado muito importante para mim. Entraram todos em campo e ganhámos todos juntos, na minha despedida. Tinha de ser assim.
É difícil resumir isso... Agradeço as palavras. Foi uma aventura incrível. Sempre pareci ter as certezas todas, mas tive dúvidas. Tive muita gente que me ajudou. Vivi um contexto especial, muito difícil, mas especial. Sei que o que tenho aqui é difícil de reproduzir noutro sítio, mas faz parte da vida. Eu é que digo 'obrigado'. Foi uma aventura fantástica. Cometi alguns erros e teimosias, mas sempre a pensar na equipa. Posso dizer, de consciência tranquila, que a equipa esteve sempre em primeiro lugar. Tirando o erro que cometi no final da época passada, esta foi a única vez em que pensei em mim, mais do que na equipa, porque, se pensasse na equipa, nunca poderia fazer isto. Obrigado. Desculpem esta decisão, mas senti que era a minha hora e o meu caminho. Tenho de estar de corpo e alma. Agradeço todo o apoio. Há que continuar. Estamos na 11.ª jornada. Na próxima, podemos bater o recorde de melhor arranque de sempre. Há muito a fazer.
Não perca a primeira reação do (ainda) treinador leonino ao triunfo sobre o Sporting de Braga, por 2-4.
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