Tony Adams, histórico jogador do Arsenal, concedeu, esta segunda-feira, uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, na qual abriu o livro sobre os problemas de dependência com álcool e drogas que o acompanharam ao longo da carreira de futebolista.
"Já não tenho a angústia do passado. Estou há 28 anos sem beber ou consumir drogas. Sinto-me confortável na minha própria pele pela primeira vez na minha vida. Cresci. Agora não há tentáculos do passado. Os apagões aconteciam cada vez mais”, diz Adams. Conheci a minha primeira mulher [Jane Shea] num apagão. Coloquei-a na reabilitação porque ela consumia crack e rodeei-me de pessoas doentes para me apoiar. Pensava que todos os meus problemas eram culpa dela. Eu tinha como objetivo ser capitão de Inglaterra. Mas era eu que me estava a desgastar. Eu é que estava a ser infiel", começou por dizer o antigo jogador, que recordou o trauma que viveu durante 1996 e o Europeu desse mesmo ano.
"Em 1996, eu tinha 29 anos e não queria estar no planeta. Foi um período muito negro da minha vida. Quando não jogava futebol, não queria viver. Não conseguia viver. Sabia que estava completamente encurralado e esse foi o pior sítio em que alguma vez estive. Em fevereiro desse ano, lesionei-me. Em março, os meus filhos foram-me retirados. Não bebia ao pé deles, mas desmaiei num domingo à noite. Bebi sete garrafas de Chablis. A sogra ficou com os miúdos", prosseguiu.
A propósito deste tema, Tony Adams recordou a recente morte de James W., diretor da Sporting Chance, instituição de solidariedade do antigo jogador. O ex-futebolista destacou a sua importância para se afastar dos problemas de álcool e drogas.
"A Barbara, a minha sogra, deu-me o número do James W. Ela meteu-o no meu bolso. Ela salvou-me a vida. Depois tivemos o Euro, e eu consegui manter-me limpo e sóbrio usando o futebol. Mas assim que o Gareth [Southgate] falhou aquele penálti, a bebida estava outra vez na minha mão, uma bebedeira de 44 dias. No final da minha bebedeira, vi coisas a saírem do armário. Estava paranoico. Pensava que estava alguém em casa. Pensei que estava a matar pessoas. Quando cheguei, por volta de 16 de agosto de 1996, o James guiou-me e eu fui para os Alcoólicos Anónimos, passei pelos 12 passos com ele e isso mudou-me como ser humano", ressalvou.
"James W. foi herói, terapeuta, padrinho, mentor Estive com ele nos últimos seis meses, mas ele morreu de cancro do pulmão. Ele salvou a minha vida e limpou centenas de outras pessoas. Estou totalmente recuperado, mas continuo a frequentar as reuniões e vou a três ou quatro prisões por ano, transmitindo mensagens de ajuda", finalizou.
Leia Também: Rússia desiste de organizar Jogos da Amizade, concorrentes de Paris'2024