Jorge Silva concedeu, esta sexta-feira, uma extensa entrevista ao jornal O Jogo, na qual, entre outros temas, passou em revista os tempos que viveu na formação do Benfica. O agora jogador do Tirsense recordou que foi obrigado a sair do clube da Luz.
E tudo aconteceu por causa do irmão. Fábio Silva, agora no Las Palmas, decidiu deixar o Benfica para voltar ao FC Porto. Jorge confessa que o regresso do irmão aos azuis e brancos acelerou o processo de saída dos encarnados.
"Tomei algumas decisões erradas ao não optar por um ou outro clube. Como tinha estado num nível muito alto na Lazio, preferi esperar e acabei por ficar algum tempo parado. Nessa fase, não apareceram projetos à medida do que eu ambicionava e, tanto no ano passado como neste, quis integrar um projeto em que me sentisse valorizado. No Tirsense, percebi que iam olhar para mim como alguém experiente. Sinto-me bem e estou a recuperar esse gostinho que tinha perdido por decisões que tomei, mas também por questões extrafutebol. Fui quase obrigado a sair da formação do Benfica", afirmou Jorge Silva, que recordou a saída dos encarnados.
"Eu e o meu irmão [Fábio Silva] fomos do FC Porto para o Benfica, mas ele nunca escondeu que o clube do coração é o FC Porto. Quis regressar. Eu estava no segundo ano de júnior no Benfica e tinha sido nomeado capitão. O Fábio decidiu voltar e o Benfica castigou-me por isso. Houve pessoas que me disseram: 'Não conseguimos fazer o teu irmão mudar de ideias, mas vamos castigar-te para chegar ao coração dele'. O Fábio, ao saber disso, quis voltar atrás. Disse-lhe para ir, que eu aguentava. Chamaram o João Tralhão, que era treinador dos juniores, e disseram-lhe que, a partir daquele momento, eu só ia correr à volta do campo. Sabia que a Lazio tinha interesse e foi esse o caminho que segui. O Benfica foi um clube que me recebeu muito bem e onde não me faltou nada. Não queria sair, mas fui obrigado. Foi injusto e sinto que fui prejudicado, porque o meu irmão tinha o direito de sair sem que me prejudicassem. A história poderia ter sido outra, mas já passou. Ainda vou muito a tempo", prosseguiu o futebolista, que também passou pelo Boavista.
"Eu queria criar nome em Itália, mas apareceu o Boavista. Como cheguei no último dia de mercado, disseram-me que ia começar nos sub-23 só para ganhar ritmo, mas acabei por ficar lá a época toda. O meu pai tinha colocado o Boavista em tribunal e como alguns diretores ainda eram desse tempo, não cumpriram o prometido. Voltei com a condição de ir para a equipa principal de um clube do qual sempre gostei e onde o meu pai foi campeão. Só que algumas pessoas lá dentro quiseram fazer-me a vida negra e criaram uma imagem minha que não corresponde ao que sou. Uma imagem de ovelha negra, que fez com que treinadores como Vasco Seabra e Jesualdo Ferreira nunca contassem comigo para a equipa principal. É preciso sorte até nesse aspeto", finalizou.
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