"Se Pedro Proença perder as eleições comigo, não terá condições políticas para se manter à frente da LPFP. E eu próprio, enquanto presidente da FPF, vou ter essa leitura política, pública. Quem é derrotado na urna não pode, não tem o conforto político institucional para se manter numa instituição da qual foge para vir para outra e, depois se perder, não pode voltar atrás, para a outra. Portanto, estou plenamente de convicto de que, depois do dia 18, dia da tomada de posse, Pedro Proença já não estará em nenhuma estrutura do futebol português. Nem na LPFP, nem na FPF", afirmou Nuno Lobo.
Em entrevista à agência Lusa, na véspera da eleição do sucessor na FPF de Fernando Gomes, que liderou o organismo nos últimos 13 anos, Nuno Lobo disse que pretende ter com o futuro presidente da LPFP "uma relação de diálogo que, efetivamente e infelizmente, não houve nos últimos tempos do futebol português".
"Eu não quero dizer aqui, nem me cabe a mim avaliar, de quem é a culpa nesta má relação. Porventura, é dos dois. Quando um par dança mal, a culpa não pode ser só de um elemento, tem de ser dos dois. A LPFP estar de costas voltadas para a FPF é algo que o futebol português não pode comportar mais. E, portanto, quero ter uma outra relação, uma relação institucional e pessoal com o próximo presidente da LPFP", vincou.
Entre os "dossiês fundamentais", Nuno Lobo identifica a centralização dos direitos audiovisuais e a redistribuição dos valores provenientes das apostas desportivas.
"A centralização dos direitos televisivos é uma mão cheia da nada, um conjunto de estudos pagos a peso de ouro a consultoras, mas nenhum presidente de nenhuma sociedade desportivas pode dizer quanto vai receber no próximo contrato de direitos televisivos", lamentou, prometendo apresentar aos clubes, caso vença as eleições, em seis meses, um projeto sobre esta matéria.
Além desta negociação, atualmente sob a égide da LPFP, mas da qual Nuno Lobo não quer que a FPF se demita sobre "a sua responsabilidade no futebol profissional", preconiza ainda um novo modelo de redistribuição das receitas das apostas.
"A FPF distribui 25% aos clubes profissionais, quando são eles que dão 90% dos 42 milhões de euros de receita. A minha proposta é aumentar para 50% dessa receita aos clubes profissionais, dar 25% às associações distritais e regionais para fomentarem a prática desportiva amadora e os restantes 25% para a própria FPF", explicou.
No entanto, caso seja eleito, Nuno Lobo pretende, logo na quarta-feira, um dia depois da posse dos novos órgãos sociais federativos, iniciar o trabalho para os próximos quatro anos.
"A primeira coisa que eu gostaria de fazer era, no dia 19, reunir com a equipa de profissionais que a FPF tem para, não só haver a sessão de cumprimentos e de apresentação, mas começarmos, desde já, a planear aquilo que serão os nossos próximos quatro anos, que espero que sejam de grande desenvolvimento do futebol português", frisou.
Após três mandatos na Associação de Futebol de Lisboa (AFL), Lobo assume-se preparado para liderar a FPF, porque "um presidente de uma associação distrital ou regional está preparadíssimo para ser presidente da FPF, porque conhece o tecido associativo melhor do que ninguém, tendo todas as modalidades e as vertentes, sendo destas estruturas que tudo nasce".
"Digo muitas vezes, a brincar, mas também a sério, que devia ser um requisito de elegibilidade de um presidente da FPF, ter sido presidente de uma associação distrital ou regional, porque nós conhecemos a realidade do futebol e fazemos algo muito difícil, que é, com muito pouco, fazemos muito", realçou.
Em 2023/24, a FPF apresentou rendimentos de 122,4 ME em 2023/24, valores substancialmente superiores aos movimentados pelas associações.
As eleições para o quadriénio 2024-2028 estão marcadas para sexta-feira, entre as 13:00 e as 19:00, na Cidade do Futebol, em Oeiras, tendo o antigo árbitro e presidente da LPFP, Pedro Proença, e Nuno Lobo, ainda presidente da AFL, como candidatos à sucessão de Fernando Gomes, que lidera o organismo desde 17 de dezembro de 2011 e termina o terceiro e último mandato.