Foi na sede do COP, em Lisboa, que o ainda presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) - a posse do seu sucessor Pedro Proença foi adiada para segunda-feira - se dirigiu aos apoiantes presentes, entre os quais vários líderes federativos, antigos atletas, empresários e ex-dirigentes.
"É uma honra enorme dirigir-me a vós neste espaço tão emblemático do nosso olimpismo, e de tudo o que os portugueses têm conseguido alcançar no desporto. Agradeço a presença de todos. A vossa dedicação e compromisso com o movimento olímpico são a motivação para esta candidatura e a base sobre a qual construiremos um futuro promissor para o desporto português", começou por dizer o gestor, de 72 anos.
Fernando Gomes concorre frente a Laurentino Dias e Alexandre Mestre, ambos antigos secretários de Estado do Desporto, pelas escolhas, nas eleições marcadas para 19 de março, dos 35 membros ordinários - 34 federações olímpicas, com quatro votos, e a Comissão de Atletas Olímpicos, com dois, - e dos 49 membros extraordinários - um voto cada.
"Agradeço igualmente a todos aqueles que me incentivaram, desde setembro de 2024, a avançar com esta candidatura. Com especial menção às quatro federações que, mesmo antes de isso acontecer, me manifestaram publicamente o seu apoio. O vosso encorajamento foi decisivo", referiu Gomes, aludindo às federações de basquetebol, canoagem, râguebi e ténis, que, em dezembro último, tornaram público este desafio, lançando a sua candidatura.
O candidato justificou o 'timing' com o processo eleitoral na FPF, para respeitar "ambas as instituições, o desporto e os portugueses", apostando em "transformar o COP num exemplo global de excelência, sempre com o atleta no centro de tudo".
Entre estas propostas consta "a criação de sistemas de apoio personalizados" e a agilização do "sistema das bolsas desportivas": "Para garantir que os nossos futuros talentos, muitos dos quais ainda nem nasceram, terão todas as condições para atingir o seu máximo potencial e assim, potencialmente, serem campeões e medalhados".
Fernando Gomes quer apoiar 34 esperanças olímpicas, aumentar em 30% o número de atletas apoiados na transição profissional e reforçar os meios do gabinete de apoio, alargando-o às modalidades não olímpicas, propondo ainda fazer do COP um espaço "de partilha de boas práticas e inovadoras soluções para os desafios do desporto nacional", melhorando a "comunicação entre COP, federações, Confederação do Desporto, Comité Paralímpico, entidades governamentais, instituições de ensino e rede autárquica".
"Iremos trabalhar para construir a Casa das Federações, uma nova infraestrutura que permitirá dar centralidade a todo o movimento olímpico e beneficiar, sobretudo, as federações mais pequenas com serviços partilhados", referiu, ainda, prometendo "reconhecer e valorizar o trabalho de dirigente desportivo voluntário, cujo papel é essencial para a estruturação e crescimento das modalidades".
Sem que tenha mencionado na apresentação, Fernando Gomes refere no seu programa que pretende "estudar a possibilidade de Portugal receber a organização de um grande evento multidesportivo durante os próximos três ciclos olímpicos", tendo, no seu discurso, assumido o compromisso de "aumentar a influência de Portugal nos organismos globais", mas também diversificar as formas de financiamento do organismo.
"A prioridade é o desenvolvimento de parcerias estratégicas com o setor privado, e agradeço desde já aos seus representantes aqui presentes, de modo a aumentar o financiamento privado para o COP, logo para as federações, em pelo menos 15% até 2028. Iremos fazer gestão consciente e responsável do financiamento proveniente das apostas desportivas, uma fonte de receita relevante que importa preservar", vincou.
O candidato apresentou-se para fazer do COP "referência em integridade, inovação, sustentabilidade e inclusão, um verdadeiro motor do desenvolvimento humano e desportivo", traçando um paralelismo entre dois momentos gloriosos nacionais ocorridos na sede dos últimos Jogos Olímpicos e do Euro2016.
"A cidade foi a mesma, Paris, e os portugueses vibraram tanto com o golo do Éder em 2016 como com o sprint final com que o Iúri Leitão garantiu o ouro olímpico em 2024. Quando se trata de Portugal e de desporto, a paixão é a mesma, o orgulho nacional é o mesmo, e as emoções desses momentos perduram de igual modo no tempo", sublinhou.
Elogiando a mandatária Ana Figueiredo, presidente executiva da Altice, e a antiga nadadora Diana Gomes, atual presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), e 'candidata' a secretária-geral, caso seja eleito, Gomes assumiu o orgulho por poder contribuir para a causa olímpica.
"Vivo e sinto as emoções do desporto e do olimpismo desde os anos em que fui praticante de basquetebol. Para alguém que gosta de fazer e transformar, é muito gratificante poder contribuir para o engrandecimento do olimpismo, e continuar a elevar o desporto português ao mais alto nível, nacional e internacional, como tenho feito ao longo da minha vida", concluiu.
As eleições de 19 de março vão eleger o sucessor de Artur Lopes, que assumiu a presidência do COP após a morte de José Manuel Constantino em agosto passado. A posse dos novos órgãos sociais ocorre oito dias depois, em 27 de março.
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