"Longe vão os tempos da ideia romântica de que os clubes são dos adeptos"

Artigo de opinião da autoria de Daniel Sá, diretor executivo do IPAM e autor do livro 'Marketing Desportivo - Mais do que um jogo'.

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© Reprodução Daniel Sá

Notícias ao Minuto
27/02/2025 10:10 ‧ 27/02/2025 por Notícias ao Minuto

Desporto

Artigo de opinião

"O desporto nas últimas duas décadas transformou-se numa indústria de milhões, extraordinariamente rentável. Este fenómeno despertou muita atenção nos especialistas em maximizar dinheiro: os fundos de investimento que passaram a investir de forma intensiva nesta indústria.

 

Já vão longe os tempos desde a ideia romântica de que os clubes são dos adeptos e dos sócios. Este modelo centenário, muito europeu, vai pouco a pouco desaparecendo nas equipas profissionais de topo. Nos últimos anos, este conceito norte-americano de franquia desportiva foi ganhando muita expressão na Europa onde os clubes ingleses foram os primeiros a aderir.

O capital privado através de fundos de investimento, ou private equity, têm assumido um papel cada vez mais ativo no desporto, ao longo dos últimos anos, com empresas a criar fundos e novas entidades para investir exclusivamente no desporto. Estes fundos estão a comprar ações de sociedades desportivas, clubes, ligas e também direitos de transmissão. 

Estes movimentos capitalistas destes fundos têm originado uma enorme resistência ao longo dos anos. Todos nos recordamos de várias manifestações de adeptos, particularmente os ingleses, contra estas vendas, mas ao mesmo tempo que isso sucede, outros adeptos festejam a passagem para as mãos de donos endinheirados que permitem a esses clubes aumentar a sua competitividade desportiva.

Os adeptos podem temer que os investidores possam colocar os interesses financeiros acima dos interesses desportivos e os próprios atletas podem também perguntar-se se os investidores pensam nos seus melhores interesses. 

Em termos de oportunidades, todas estas movimentações financeiras podem resultar em mais atenção dada às áreas de apoio à indústria desportiva como experiências digitais, desempenho dos atletas, dados e análises e apostas desportivas. Espera-se também, nos próximos anos, haver uma variedade cada vez maior de investidores institucionais envolvidos no desporto, incluindo fundos soberanos, como os da Arábia Saudita.

Neste mundo do desporto tão empresarial ficamos, por vezes, com saudades do romantismo de antigamente. Nas míticas maratonas de futebol de rua, alguma entrada mais dura, dúvida na contagem do resultado ou decisão sobre algum lance mais acutilante, podia originar algumas discussões ou amuos entre os participantes. O amuo, no seu caso mais extremo, podia originar o abandono do campo de alguns futebolistas dando origem ao famoso “assim não brinco”, verdadeira expressão do sentimento de injustiça.

Já lá vão vários anos desde que Chelsea, Liverpool, PSG e Manchester City, entre muitos outros, vão despejando centenas de milhões de euros para comprar os melhores jogadores do mundo em busca dos respetivos títulos nacionais e, principalmente, da mítica Liga dos Campeões. O fair play financeiro, de fair play nada tem como todos sabemos. Vai-se empurrando com a barriga para a frente a convivência com este estado de coisas sem querer saber do sentimento que isto gera em todos os adeptos que amam futebol. 

Apesar de, ainda hoje a grande maioria dos clubes europeus ser detida pelos próprios sócios e adeptos, a verdade é que, nos últimos anos, vários foram comprados por bilionários ou por grandes grupos financeiros.

Quando cruzamos o atlântico e olhamos para a realidade dos Estados Unidos verificamos um cenário extremo onde todas as equipas profissionais das ligas de basquetebol, basebol, futebol americano e hóquei no gelo são também detidas por grandes empresas ou por bilionários.

A indústria do desporto é cada vez mais poderosa e atrativa para investimentos deste género. É capaz de gerar receitas astronómicas para além de gerar um nível de visibilidade que nenhuma outra indústria consegue dar. Bilionários e grande grupos económicos foram, por isso, comprando clubes por todo o mundo. Alguns com objetivos de retorno financeiro, outros para ganhos de protagonismo e visibilidade ou outros por pura diversão.

Recordemos, por exemplo, Silvio Berlusconi, magnata dos media que comprou o Milan em 1986, Florentino Perez, empresário da construção eleito Presidente do Real Madrid em 2000 ou Mark Cuban, profissional da área da tecnologia que comprou os Dallas Mavericks também em 2000. Cada um deles marcou uma época, tal como Mourinho o tinha feito, ao trazerem novas abordagens para a indústria do desporto. Berslusconi fez a ligação do futebol com a televisão, Perez inaugurou a era dos galácticos e Cuban trouxe a liderança disruptiva das empresas tecnológicas para a NBA."

Leia Também: Francisco Neto após triunfo de Portugal: "Podíamos ter feito mais golos"

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