"Neste momento não há crise nenhuma. O Benfica faz esquecer tudo, a crise e os problemas", disse à Lusa o apresentador da televisão angolana Pedro N'zagi, que foi o animador de serviço da festa na conhecida "Casa 70", local de concentração dos benfiquistas em Luanda.
Ao ritmo do kuduro e regada com muita Cuca, a cerveja angolana, a festa foi animada ainda pelos cânticos de apoio ao Benfica, repetidos a uma só voz por angolanos e portugueses.
"Uma das coisas mais impressionantes é estar fora do país, fora de Portugal, fora da sede do clube e esta família estar aqui como se fosse ao estádio. Essa é a força do Benfica", rematava Pedro N'Zagi, enquanto já lançava ao microfone da "Casa 70" o desafio: "Benfica dá-me o 36".
Em pleno coração do bairro Vila Alice, aquele espaço foi pequeno para receber os adeptos benfiquistas, angolanos e portugueses, que pretendiam assistir, pela transmissão televisiva, ao decisivo jogo no estádio da Luz, praticamente todos equipados a rigor, de todas as idades, formando uma espécie de estádio em miniatura em que nem os constantes cânticos faltavam.
Em maio de 2015 a Lusa encontrou neste casa emblemática de Luanda Luís Ramos, 33 anos, e Joana Sampaio, de 27, dois portugueses que acabavam de chegar a Angola e que comemoravam então o primeiro título fora de casa.
O piloto e a relações públicas repetiram hoje a presença na "Casa 70", depois de um ano de dificuldades: "Na altura estava a chegar e agora estou de partida. Foi o meu primeiro 'tri' e logo aqui em Angola. Aliás, festejei dois campeonatos neste sítio, o que foi muito bom", disse à Lusa Luís Ramos.
Ao fim de um ano e meio, o piloto português deixa Angola já em junho, mas ainda não sabe onde poderá comemorar um próximo título benfiquista: "Infelizmente estou de saída, mas foi uma excelente experiência e levo grandes recordações. Vamos ver se é em Portugal ou noutro sítio do mundo que volto a comemorar".
Então com poucos dias de Angola, Joana Sampaio regressou à mesma casa onde festejou o seu primeiro campeonato fora de Portugal quando ainda dava os primeiros passos no país. Hoje a emoção foi a mesma.
"Seja em Lisboa ou em Luanda a sensação de felicidade é a mesma. E isto, para quem está fora, é uma forma de aproximação às nossas raízes, num ambiente de festa, que depois também nos dá alguma saudade, de querer estar lá", disse.
Enquanto já ensaiava uns passos de kuduro, Joana não deixa de se mostrar agradada com a experiência de um ano em Angola.
"Está a ser uma grande experiência a título pessoal e profissional, apesar das dificuldades que o país está a atravessar. Mas com vontade e determinação conseguimos", concluiu.
Numa ronda pela cidade de Luanda, em vários outros restaurantes era possível ver a festa de angolanos e portugueses, sobretudo no exterior, com todos equipados a rigor e entoando o cântico "Benfica campeão".