Tiago Pinto e os empréstimos de jovens: "Em vez de se formar, destrói-se"

Tiago Pinto revela-se contra os empréstimos dos clubes grandes de jogadores jovens formados em 'casa'. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o lateral-esquerdo acredita que a qualidade deverá ser o principal fator decisão.

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Francisco Amaral Santos c/ Carlos Pereira Fernandes
18/08/2017 08:30 ‧ 18/08/2017 por Francisco Amaral Santos c/ Carlos Pereira Fernandes

Desporto

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Tiago Pinto esteve nove anos na formação do Sporting onde garante ter aprendido muito mais do que ser futebolista. O jogador português de 29 anos está agora no Osmanlispor, equipa que alinha no principal escalão do futebol turco, mas não esquece o tempo que passou em Portugal.

Na segunda parte da entrevista ao Desporto ao Minuto, Tiago Pinto faz uma comparação à aposta que hoje em dia se faz nas camadas jovens e à forma como, na sua geração, as coisas eram diferentes, recordando os casos de alguns colegas que acabaram por não singrar. 

Leia aqui a primeira parte da entrevista.

Antes de chegar à Turquia, passou por Espanha. A adaptação foi mais simples?

Estive em dois clubes diferentes e em duas cidades distintas. No Deportivo, as coisas desportivamente não correram bem. Apesar de eu gostar de estar lá, era uma cidade muito boa para viver. Além disso, estava a duas horas e meia de distância do Porto. O choque cultural é quase nenhum, principalmente naquela zona da Galiza, as pessoas têm os mesmos hábitos dos portugueses. Depois fui para Santander, gostei muito de lá estar. Culturalmente era parecido com Portugal. Mas não têm nada a ver com a Turquia. Foi um choque cultural muito grande… Sei que a minha família sentiu esse choque, mas o sacrifício que fizemos no início foi compensado no resto destes dois anos. Estamos bem, temos a nossa vida bem projetada e orientada. Era isso o que eu procurava.

E mesmo à distância, continua a acompanhar o futebol português?

Sim claro, sempre que posso, tento acompanhar. Mas sinceramente, eu não sou um tipo de jogador que fora do trabalho que veja muitos jogos de futebol. Nunca fui assim, mas claro que sempre que posso acompanho os jogos em Portugal.

Passou por Sporting de Braga, Rio Ave, Sporting… Algum dos clubes deixou uma marca especial?

Guardo memórias especiais de todos os clubes que passei. O Rio Ave foi o clube no qual passei mais tempo - tirando o Sporting, que foi o clube que me formou como jogador e também como homem, apesar de ter saído muito jovem depois de estar nove anos ligados ao clube - e onde fiz muitos amigos e ainda hoje mantenho contacto com as pessoas do clube. É um clube que sigo bem de perto e continuo a torcer muito por eles.  

Faz parte de uma geração que se viu obrigada a sair dos seus clubes para poder jogar com regularidade. Hoje em dia o paradigma é diferente e há uma maior aposta nos jovens. Como é que vê essa alteração?

Sinceramente, e falando dos meus anos de transição de júnior para sénior, havia uma política de que os jogadores deveriam rodar noutros clubes e noutras divisões para ganhar experiência. Eu discordo complemente. Se o jogador tiver qualidade - e hoje em dia ainda fazem muito isso [colocarem jovens a rodar] - não tem de haver nenhum ano de adaptação. Se tiver qualidade, e se for logo integrado no plantel principal, os frutos que o clube vai colher serão melhores do que aqueles da minha altura. Mesmos os jogadores que estão agora no Sporting, como o Adrien e o William Carvalho, que atualmente são dois dos jogadores mais importantes do clube, tiveram que rodar e não são melhores jogadores agora por terem passado por clubes mais fracos. Se tiverem qualidade, devem ficar logo no plantel.

Temos também o exemplo do Benfica, que vendeu jogadores por milhões a grandes clubes europeus e nem sequer cimentaram a sua posição no clube. Talvez se o clube não os tivesse vendido, hoje teriam jogadores de grande qualidade. Quando há qualidade nos jogadores jovens, não há que perder dois anos a rodar, porque os jogadores podem-se perder devido à mentalidade dos clubes pequenos em Portugal que é totalmente diferente. Em alguns casos, em vez de se estar a formar o jogador, está-se a destruir. Não estou a dizer que é o meu caso, porque acho que fiz uma boa carreira, apesar de não ter ficado no Sporting. Mas acho que há jogadores que se perderam, que hoje em dia estão em divisões inferiores, e que na altura tinham qualidade para ficar em qualquer plantel dos três grandes.

Mas há uma evolução nessa aposta?

Lá está. Eu acho que faz mais sentido a criação das equipas B porque o acompanhamento do clube é mais próximo e mais direto. As equipas B têm ainda a vantagem de não ter tanta preocupação com os pontos, o principal objetivo passa sim por formar os jogadores e não tanto em procurar resultados imediatos para o clube.

É filho de João Pinto, um jogador que marcou uma geração no futebol português. Como é que um 'miúdo' que está a tentar cumprir o sonho de ser futebolista lida com essa pressão?

Sempre convivi com isso desde miúdo. Não foi uma coisa chocante, nunca senti essa comparação porque os tempos eram diferentes, a posição que ocupava dentro de campo era diferente, e por isso na minha cabeça nunca fez qualquer confusão. Sempre olhei para isso como um facto neutro da minha vida. Claro que, talvez por ter acompanhado de perto o meu pai, fiquei com este gosto pelo futebol e hoje em dia sou jogador profissional. De resto, não mudou muita coisa na minha vida.

Tem 29 anos. Fazendo um balanço de carreira e olhando para o futuro, o que lhe falta conquistar e quais as metas futuras?

Acho que ainda tenho capacidade para chegar a um clube maior, pelo menos procuro sempre dar o meu máximo para ver se aparece algo melhor. Sou um jogador ambicioso, continuo a sê-lo, e gostava de um dia de chegar a um clube grande. Agora quantos anos vou jogar… Nem quero pensar nisso, sei que o fim está próximo apesar de ter alguns anos pela frente. Mas de ano para ano tenho novos objeitvos e ambições, tento sempre manter a motivação para estar ao melhor nível e é mesmo nesse seguimento que sempre levei a minha carreira.

E relativamente aos objetivos do Osmanlispor?

Os objetivos continuam os mesmos. Assegurar um bom lugar no campeonato de forma a garantir entrada nas competições europeias. Temos um bom plantel, que não mudou muito nestes três anos, e que se conhece bem. Temos qualidade para voltar às competições europeias.

O ano passado fez 42 jogos. Esta época continuará a ser o dono da lateral esquerda?

Eu espero que sim! (risos) Como disse, as coisas tem corrido bem aqui estes dois anos. No futebol não há estatutos mas ganhei respeito por parte dos meus colegas de equipa e por toda a comunidade futebolística da Turquia. Sou ambicioso e nunca me irei encostar ao que fiz anteriormente.

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