No próximo dia 28 de novembro, a tragédia ocorrida com o voo 2933, da LaMia, completará um ano. O acidente,que teve lugar na Colômbia, provocou a morte a 71 pessoas, entre elas o médio Cléber Santana, jogador mais experiente do conjunto brasileiro.
O atleta pernambucano, que foi revelado pelo Sport Recife, mas que passou por equipas como Santos, São Paulo, Atlético de Madrid, Mallorca e Flamengo, tinha 36 anos e já planeava arrumar as chuteiras quando ocorreu o acidente.
Mas como reagiram os filhos e a mulher de Cléber Santana nestes quase 12 meses após a tragédia? A viúva do jogador, Rosângela Loureiro Santana, conversou em exclusivo com Esporte ao Minuto, em colaboração com o Notícias ao Minuto, dando conta de como está a passar por este período com os dois filhos do casal: Aroldo, de 12 anos, e Clebinho, 15.
“Na verdade, estamos a tentar seguir a nossa vida, porque ela tem de seguir. O Aroldo e o Clebinho estão na escolinha do Sport, onde o pai começou (a carreira)”, contou Rosângela, que disse não ter sido procurada, nem ajudada, pelo Leão da Ilha.
“Fui eu que procurei (o Sport). Não fui falar com ninguém do clube. Pus os meninos na escolinha como se faz com qualquer outra criança. Até porque o que eles tiverem de conquistar, terá de ser por eles, e não pelo pai”, acrescentou a mãe, garantindo que o herdeiro mais novo de Cléber Santana tem um futuro promissor no futebol.
“O Aroldinho está a jogar muito. Achava que não ia dar nada. O Cléber dizia sempre que o craque era o Clebinho quando eu os ouvia falar. Mas não entendo nada de futebol. Sei que as pessoas ficam doidas quando veem o Aroldinho a jogar. Ele diz que vai ser o orgulho do pai. É um menino que tem muita força de vontade”, revelou Rosângela.
E como estão os meninos em relação às saudades do pai?
"Estão bem. Mas no Dia da Criança (12 de outubro, no Brasil) o Aroldinho chorou muito. Viu publicações dos pais (na internet)... . Geralmente as datas comemorativas são as piores. Eles sentem. No dia a dia normal, fica tudo bem, graças a Deus. Mas há dias em que fica mais difícil, tanto para eles quanto para mim".
Passaram algumas dificuldades?
"Graças a Deus não. O Cléber era muito focado. Quando começámos (a namorar), desde meninos, ele já pensava em poupar para o futuro. Aconteceu isto (a tragédia), mas ele deixou-nos bem estabilizados. Não precisei de mudar a rotina dos meus filhos. Como ele já estava no final de carreira, deixou a minha e a família da mãe dele tranquilas. Não foi assim com os (jogadores) que estavam começando. Há pessoas que estão a passar necessidades. Graças a Deus, a gente está bem".
E a Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense?
"A associação está a ajudar com algumas coisas, como a pagar a escola das crianças. Eles pagam um valor de 600 reais [157 euros] por criança. Querendo ou não, já ajuda".
Como ficou a relação com o clube?
“Dispenso falar do clube porque não acrescentou nada à minha vida. Quando aconteceu a tragédia, prometeram coisas que não cumpriram, como já referi antes. Estou atrás dos meus direitos, assim como as outras esposas. Inclusivamente, ainda não abri qualquer processo na Justiça (contra a Chapecoense)".
Mas pondera processar o clube, certo?
"Com certeza absoluta. É impossível não entrar com uma ação."
Algum jogador vos procurou a oferecer algum tipo de ajuda após a tragédia?
"Ninguém veio ter connosco. Houve uma pessoa que nos ajudou muito, o Fabiano Porto, um amigo meu e do Cléber, advogado em Chapecó. Ajudou e não cobrou nada. Ajudou outras esposas também, sem custo nenhum. Considero-o como um pai."
Então se o Cléber não tivesse sido vítima da tragédia, deixaria a Chapecoense?
"Ele não ficaria. Não iria aguentar ver as coisas que aconteceram".