Aos 25 anos, Nuno Reis abraçou uma nova aventura na sua carreira. Depois de ter saído do Sporting sem vestir a camisola da equipa principal, e depois de ter representado o Metz, o central está agora ao serviço do Panathinaikos, da Grécia.
Agora, aos 26, o português formado em Alcochete não tem sido primeira opção na formação grega, mas está confiante em recuperar a titularidade que já foi dele.
Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Nuno Reis contou como é a vida no país helénico e da paixão com que se vive o futebol, além de recordar ainda os anos em que esteve ao serviço dos leões.
Foste para o Sporting muito novo e fizeste lá a tua formação. Não tens pena de ter saído sem ter vestido a camisola da equipa principal?
Isso é sempre uma mágoa que qualquer jogador formado naquele clube tem. Sabemos à priori que nem todos os jogadores conseguem chegar lá, mas cabe-nos a nós dar o nosso melhor. Se somos escolhidos ou não, isso cabe à estrutura do clube. Sempre dei o meu máximo, mas claro que tenho essa mágoa de nunca ter jogado pela primeira equipa. No entanto, não deixei nada por fazer. A vida continua e temos de abraçar outros projetos.
A minha porta para o Sporting está sempre abertaCertamente, depois de tantos anos, tens algumas memórias que guardas com mais carinho. Queres partilhar alguma connosco?
Tenho várias conquistas… títulos nacionais… devido aos bons profissionais com que pude contactar durante a minha formação no clube, que também me ajudaram a ir às seleções. Ter a melhor pontuação da da história na equipa B do Sporting... Foram momentos muito bonitos que agora são só recordações.
Gostavas de um dia poder voltar a Alvalade para envergar as cores do clube que te formou?
Claro, a minha porta para o Sporting está sempre aberta. Se um dia surgir essa oportunidade, não hesitarei em voltar.
Foste finalista no Mundial sub-20 por Portugal. Se olharmos para as duas seleções vemos várias diferenças, como os clubes pelos quais jogam os jogadores de ambas as seleções… Achas que isso tem que ver com a pouca aposta que foi feita nos jovens portugueses naqueles anos?
Acho que um ponto é esse: a fraca aposta na juventude. Os clubes tinham mais capacidade financeira e optavam sempre por jogadores experientes e de seleções. Mas é como digo, se tivéssemos ganho o Mundial as coisas teriam sido diferentes. Se formos perguntar a alguém sobre quem foi o vice-campeão do mundo nesse ano, se calhar já ninguém se lembra. Acho que os jogadores brasileiros têm grande qualidade e com a conquista do título mundial conseguiram promover-se ainda mais.
Achas que a aposta nos jovens, particularmente falando nos ditos três ‘grandes’, está melhor, em relação a 2011?
Acho que nem preciso dizer nada. Isso está à vista de toda a gente.
Saíste definitivamente do Sporting rumo a França e agora estás no Panathinaikos, aos 26 anos. Achas que a tua carreira podia ter sido diferente, caso tivessem apostado em ti mais cedo?
Não sei... São decisões que tomamos no momento. Estava a terminar contrato com o Sporting e eles queriam renovar comigo, mas achei que não era o melhor para mim porque iria continuar na equipa B. Então, decidi ir para o Metz abraçar outro desafio, até porque estava lá um diretor desportivo bem conhecido, o Carlos Freitas. Ele apresentou-me o projeto para subirmos à Primeira Liga e conseguimos isso. A partir daí fiquei valorizado e foi depois que vim para a Grécia.
Nuno Reis no treino do Panathinaikos
Como é a vida na Grécia?
A comida, o ambiente e o tempo são parecidos ao de Portugal. Estamos a 20 minutos de Atenas, portanto, estamos perto do centro. Estamos também perto da praia. Temos tudo aqui: escolas para os miúdos, ginásio para a minha esposa… Temos tudo. É claro que se estiveres contente, como nós estamos aqui, e se fores jogando, é muito difícil um jogador querer ir embora da Grécia.
Não é qualquer jogador que se adapta bem ao futebol gregoEsta temporada tem sido difícil para ti ser o titular. Achas que isso poderá mudar em breve?
Cabe-me trabalhar no dia a dia. Não estou contente com a minha utilização. Qualquer jogador que é ambicioso quer sempre jogar mais, mas, mesmo não gostando, temos de aceitar as decisões. Eu e a minha família estamos muito contentes aqui.
Mas o que mudou de uma temporada para a outra?
Temos muitos jogadores novos que vieram para ser aposta imediata. Se repararmos na época passada, só três ou quatro jogadores é que estão a jogar neste momento. Uns estão no banco, outros já foram vendidos, também devido aos problemas financeiros pelos quais estamos a passar neste momento.
Estão em 7.º lugar com apenas cinco pontos de distância para o líder. Achas que é possível chegarem ao título?
É sempre complicado pela hegemonia que o nosso rival tem tido nos últimos anos. Mas estamos a cinco pontos de diferença e tudo é possível, mesmo tendo sido alvo de castigo no início do campeonato, perdendo dois pontos, por decisões federativas... Mas isso é passado. Temos de ir vencendo jogo a jogo.
Que diferenças encontras no futebol grego quando comparado português?
O futebol português é muito mais rápido, muito mais técnico. Aqui não é qualquer jogador que se adapta bem ao futebol grego. É um futebol muito mais físico e de contacto. Não temos jogadores de tanta qualidade como no futebol português, mas são jogadores que se esforçam desde o primeiro ao último minuto. É um futebol muito exigente para a capacidade física dos jogadores.
E os adeptos… Como é o ambiente aí na Grécia?
Isso é o bom de jogar na Grécia. No Panathinaikos são eles que nos dão motivação. Podiam deixar-nos à deriva, devido às dificuldades financeiras que estamos a passar, mas não. São os primeiros a apoiar. O estádio tem estado quase sempre cheio e o ambiente é fantástico. Deixa os adversários com algum medo. A polícia não controla tanto as claques e, por isso, os adeptos excedem-se um bocado. Mas estou a falar em excederem-se num bom sentido. Nunca tive receio, mas, aqui, para evitar confusões, os adeptos adversários estão proibidos de visitar a casa do Olympiacos, do AEK e do PAOK.
Tens dupla nacionalidade (portuguesa/suíça). Se as duas seleções estiverem interessadas em chamar-te, por qual preferes jogar?
Por Portugal, com certeza. Nasci na Suíça e vivi lá pouco tempo. Portugal é o meu país e tive sempre nas seleções jovens de Portugal. Foi lá que tive alegrias. Não hesitaria e escolheria a seleção portuguesa.
E se só tivesses a Suíça como opção?
Eu gosto muito do meu país. Não sei se era capaz… Nunca podemos dizer nunca, mas era uma coisa que me levaria a pensar bastante.